Novo Jornal:
O ESCRITÓRIO ADVOGADOS & Associados, localizado na Avenida Miguel Castro, no bairro de Lagoa Nova, local onde o advogado e empresário Anderson Miguel da Silva foi executado a tiros no último dia 1º de junho, voltou a ser cenário de um crime. Na madrugada de ontem, por volta das 3h, três bandidos entraram no imóvel e levaram dois notebooks.
Não há informações da subtração de valores em dinheiro, ou seja, apenas os computadores foram roubados. Coincidência ou não, o fato aconteceu justamente três dias após o delegado aposentado Maurílio Pinto de Medeiros dar declarações ao NOVO JORNAL afirmando que o pistoleiro que matou Anderson foi contratado dentro da penitenciária de Alcaçuz.
Estranhamente, o roubo ao escritório que já pertenceu a Anderson Miguel não foi comunicado à Polícia Militar. Nenhuma viatura foi acionada e nenhuma ligação sobre o fato foi registrado pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública, o Ciosp. A queixa também não chegou à Delegacia Especializada em Furtos e Roubos, a Defur.
A confirmação do crime só vazou para a reportagem através de um funcionário do escritório, que não quis se identificar. “Foi por volta das 3h. Não sei como e nem por onde entraram, mas os três homens foram direto para a primeira sala, de onde eles pegaram dois notebooks”, revelou.
Toda a ação foi filmada pelo circuito interno de vigilância e as imagens foram entregues à Polícia Civil, por meio de um agente investigador. Ainda segundo o empregado, nas imagens captadas pelas câmeras de monitoramento – que na época do homicídio não gravavam nada – os criminosos estavam de cara limpa e acharam os computadores no escritório onde hoje trabalha o advogado Gilberto Pires, ex-sócio de Anderson Miguel.
Foi para Gilberto, inclusive, para quem Anderson transferiu a titularidade do imóvel, no início do ano, após receber aproximadamente R$ 400 mil. Em troca, já que o prédio vale mais de R$ 600 mil, Gilberto repassou um apartamento para Jane Alves, ex-mulher do assassinado, e uma Pajero de cor prata, que depois foi renegociada por outro veículo que hoje está em posse de Sebastiana Dantas, com quem o advogado morto manteve um relacionamento conjugal até ser executado misteriosamente.
A reportagem tentou contato com Gilberto Pires, dono do escritório Advogados & Associados para saber mais detalhes do ocorrido. O advogado, no entanto, não atendeu e nem retornou as ligações.
ALCAÇUZ
O delegado aposentado Maurílio Pinto de Medeiros continua sustentando a versão de que a morte do advogado Anderson Miguel, o homem-bomba da Operação Hígia, foi mesmo encomendada dentro do Presídio Estadual de Alcaçuz. Na manhã de ontem, o policial voltou a falar sobre o caso e também deu novos detalhes sobre uma investigação paralela, feita por ele próprio, logo após o assassinato.
Embora não revele o nome do provável mandante, nem tampouco a identidade de quem puxou o gatilho, justamente para não comprometer o inquérito, Maurílio Pinto disse não ter dúvidas de que Anderson Miguel foi mesmo executado em razão da Hígia – operação deflagrada pela Polícia Federal para investigar um poderoso esquema de corrupção ocorrido dentro da Secretaria de Saúde na gestão da então governadora Wilma de Faria. “Não estou dizendo que a morte de Anderson Miguel está diretamente ligada à Hígia ou que foi algum político ou algum denunciado que mandou matá-lo por causa das coisas que ele disse. Eu quero dizer é que a morte aconteceu porque, como ele era diretamente envolvido com o esquema, alguém se aproveitou da situação e mandou matá-lo”, esclareceu o ex-delegado. “Foi como se o mandante quisesse que todo mundo pensasse que Anderson morreu porque falou demais. Uma queima de arquivo, entendeu?”, reforçou.
Questionado como e por qual motivo ele resolveu investigar por conta própria a morte do homem-bomba, Maurílio respondeu que só o fez porque foi procurado por presos que estão encarcerados em Alcaçuz. “Uns dois ou três dias depois do assassinato, recebi um recado que estavam querendo falar comigo em Alcaçuz. Então mandei um agente meu até lá”, explicou.
Já o teor desta conversa entre o policial e os presos, Maurílio preferiu silenciar. “Sobre isso eu não posso falar. Só posso dizer que o pistoleiro foi contratado lá dentro”, confirmou.
Sobre o valor que foi pago pela cabeça de Anderson Miguel, o delegado também se negou a dar qualquer informação. “Estão falando em R$ 10 mil. Mas sobre este valor eu desconheço”, pontuou
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