O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, informou hoje (15) que não recebeu autorização do governo norte-americano para para prestar esclarecimentos ao Senado sobre as denúncias de espionagem de agências norte-americanas a cidadãos e autoridades brasileiras. A justificativa para a recusa ao convite, encaminhado na semana passada, foi dada ao presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), em uma reunião no início da tarde de hoje (15), na Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília.
“Ele viu com simpatia o convite porque é uma oportunidade, mas, no momento, ele não pode atender”, disse Ferraço. Apesar da resposta negativa, o senador não descartou a audiência pública com o embaixador. “Acho que ele vem sim porque é uma oportunidade de dialogar visando aos esclarecimentos que a sociedade brasileira deseja em razão dos fatos que foram denunciados e que são da maior gravidade”, completou.
A assessoria da representação diplomática em Brasília confirmou que, até a próxima semana, um grupo de técnicos virá ao Brasil para explicar detalhes do programa americano ao governo brasileiro. No encontro de hoje (15), o embaixador reforçou que as agências americanas intensificaram as investigações desde o atentado ocorrido em 11 de setembro de 2001, mas que não existe violação de conteúdo de conversas. Segundo ele, as investigações limitam-se à identificação de hora, dia e pessoas envolvidas nas comunicações por telefone ou meios eletrônicos.
Amanhã (15), os senadores da CRE vão ouvir o jornalista Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian, que divulgou as informações repassadas pelo ex-técnico de uma empresa que prestava serviços para a agência de segurança americana (NSA) Edward Snowden sobre programas secretos americanos de interceptação de dados. “Vamos fazer muitas perguntas que possam nos mover das evidências para as constatações. Temos muitas perguntas com respostas ainda não suficientes”, disse Ferraço.
O presidente da comissão disse que pretende ouvir Snowden. Segundo ele, se o americano conseguir asilo na Venezuela, um grupo de senadores poderá ir até o país vizinho para levantar mais detalhes sobre as interceptações feitas pelo governo americano sobre o Brasil. “Queremos saber se há algum indício de que informações estratégicas relacionadas à concorrência do projeto FX2, de reaparelhamento dos caças brasileiros, vazou e se houve quebra de informação relacionadas ao pré-sal”, explicou.
Agência Brasil
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