Imagem: Reprodução Instagram/The vulva Gallery
Vaginas podem ter os mais diversos formatos, ter particularidades na cor e na textura da pele, ter diferenças no tamanho e volume dos lábios, mas muitas mulheres parecem não estar convencidas disso. Em 2016, 25 mil brasileiras entraram na faca para corrigir suas “imperfeições” vaginais – o dobro do ano anterior, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps, na sigla em inglês). Os números crescentes alçaram o país ao posto de recordista mundial das cirurgias íntimas. E, segundo especialistas no procedimento, a motivação estética supera a funcional, que é quando a anatomia dos lábios provoca alguma, por exemplo.
No consultório especializado em cirurgias íntimas do cirurgião plástico Ricardo Kruse, que há cinco anos atende a essa demanda em Fortaleza e em parceria com alguns colegas de profissão em São Paulo, o desconforto exclusivamente relacionado ao aspecto visual da vulva parte de 90% das pacientes que o procuram. Ambos notam um aumento cada vez maior da procura pela técnica.
O cirurgião plástico Rodrigo Itocazo Rocha, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e regente do Capítulo de Cirurgia Genitália e Intersexo da SBCP, diz que 37% das procuras em seu consultório são estritamente estética, contra 32% das indicações de cunho funcional. Já 31% das cirurgias íntimas são realizadas para suprir ambos os objetivos. “A mulher acaba olhando mais para sua região íntima e definindo seu objetivo de genitália. Assim é criada toda uma expectativa de um padrão de beleza”, explica o médico.
Cirurgia vem antes da primeira vez no sexo
A estudante cearense Helena* tem 21 anos e, há dois meses, entrou para as estatísticas das mulheres que se submeteram à ninfoplastia ou labioplastia, técnicas de redução dos pequenos lábios vaginais. Ela não estava satisfeita com a aparência da região. O desejo foi despertado há dois anos, depois de ver uma reportagem sobre o assunto ser transmitida na TV. “Fiquei curiosa e fui pesquisar sobre a anatomia da vagina”, conta. “Descobri que cada mulher tem a sua particularidade, mas também me deparei, em livros e na internet, com um número muito maior de imagens de vulvas de lábios menores, mais lisinhas. Elas eram as mais bonitas.”
Depois de reunir informações sobre a cirurgia, a jovem decidiu procurar um especialista e se submeter ao procedimento. Só a mãe sabia de sua decisão. “Foi a melhor coisa que fiz. Me sinto muito mais mulher e confiante para me relacionar. Parece que nasci de novo”, diz Helena, que realizou a cirurgia antes mesmo de ter tido sua primeira relação sexual.
O padrão de beleza chegou à vagina?
A depilação total, as modelagens cada vez menores dos biquínis, o movimento de envio de nudes e a pornografia são importantes motivadores da busca pela vagina “mais bonita”. Para a psicóloga Rachel Moreno, especialista em pesquisa de opinião e autora do livro “A Beleza Impossível – Mídia, Mulher e Consumo” (Editora Ágora), o cenário é preocupante. “Se submeter a padrões estéticos tão invasivos é completamente distante da diversidade que compreende a beleza das mulheres em geral”, diz. “Esse movimento acarreta um sério efeito colateral, como o rebaixamento da autoestima de mulheres. Elas acabam então se submetendo a qualquer sacrifício para chegar o mais próximo da beleza idealizada. Precisamos nos libertar.”
Neste sentido, artistas têm usado as redes sociais para falar sobre autoaceitação e combater inseguranças que possam estar de alguma maneira aprisionando muitas mulheres que recorrem à cirurgia. Esse é o caso do coletivo “Lambe Buceta”, criado pelas designers Karen e Kelly. Por meio de lambe-lambes, elas espalham seu lema pelas ruas de São Paulo: “Sua xoxota é linda”.
Faz coro a esse movimento a artista holandesa Hilde Atalanta, que criou no Instagram a “The Vulva Gallery”. A conta é alimentada diariamente com ilustrações de vulva – já passam de 300 – em seus mais distintos formatos e texturas para celebrar a diversidade da região íntima feminina.
Ainda assim, esse esforço ainda não tem sido suficiente para brecar os altos números da cirurgia íntima.
O interesse de meninas jovens, aliás, tem esquentado o debate sobre o assunto no mundo todo. Um levantamento recente feito pela Sociedade de Cirurgia Plástica Estética dos EUA apontou que, em 2016, 560 menores de idade se submeteram à labioplastia no país. No Reino Unido, segundo o National Health Service, entre 2015 e 2016, mais de 200 meninas passaram pelo procedimento, sendo que 150 delas tinham menos de 15 anos.
Elas não gostam do lábios assimétricos
A recomendação dos especialistas brasileiros é que a cirurgia seja feita somente na idade adulta – a partir dos 18 anos -, depois que o corpo já estiver formado. “A maioria das minhas pacientes tem entre 25 e 35 anos, quando já atingiram uma certa maturidade em relação ao seu próprio corpo e sexualidade”, explica Kruse.
A queixa estética mais comum que chega aos consultórios é com relação ao tamanho e assimetria dos pequenos lábios. Em menor proporção, entram na lista de insatisfações o volume dos grandes lábios e o acúmulo de gordura na região pubiana. Quando a motivação é funcional, o cirurgião destaca relatos de desconforto com roupas justas, incômodo ao praticar exercícios e dor durante a relação sexual provocados pelo excesso de pele na região.
Assim como a idade, os perfis, segundo Kruse, são também bastante variados.“Tem meninas virgens que sentem vergonha da vagina, mulheres que vão reiniciar a vida sexual e outras que não só se incomodam com a estética, mas também se queixam de algum desconforto durante o sexo por conta da anatomia”, conta. “Em geral, elas apresentam uma insatisfação bem particular. Muitas nem chegam a contar ao marido sobre a cirurgia.”
A estudante paulista Aline*, 23, fez a sua em janeiro, mas o descontentamento vinha de longa data. Desde os 14 anos ela não gostava do que via no espelho. Optou, então, por deixar os pequenos lábios simétricos, tirou um cisto sebáceo dos grandes lábios e reduziu o volume do monte de vênus – acima do púbis. “Foi bem simples e tirou esse incômodo da minha cabeça”, conta. “A estética nunca interferiu na intimidade, mas hoje me sinto bem mais à vontade quando estou nua e mais segura do ponto se vista sexual. Foi libertador.”
Como é feita a cirurgia íntima?
Na prática, o procedimento dura entre 30 minutos a duas horas, dependendo do tipo de alteração – diminuição dos pequenos lábios, preenchimento dos grandes lábios, redução do monte de vênus -, e deve ser realizado em um hospital, por um cirurgião plástico ou ginecologista especializado em cirurgias íntimas.
Apesar de simples, a ninfoplastia exige cuidados. “Os pequenos lábios têm como função afunilar o jato urinário e proteger a vagina – região interna da vulva – de infecções. Por isso, é desaconselhado e arriscado retirá-los por completo”, alerta Rocha.
Se o objetivo é ganhar volume na região, um preenchimento é feito com gordura retirada principalmente do abdômen ou com ácido hialurônico. Todas as intervenções geram, claro, cicatrizes. Mas, no geral, elas são sempre posicionadas em locais de dobra para que fiquem imperceptíveis.
A cirurgia é feita sob o efeito de anestesia local e sedação. Dependendo do grau de refinamento da técnica e para garantir uma retirada mais precisa dos tecidos, é permitido recorrer a uma anestesia raquidiana, peridural ou geral.
Quando o assunto é perda da sensibilidade, ambos os especialistas são unânimes ao dizer que não deve haver nenhuma mudança neste sentido – já que a região clitoriana é totalmente preservada no procedimento. Além disso, a melhoria no prazer relatada por algumas pacientes tem fundo psicológico que se dá à medida que elas vão adquirindo autoconfiança após o resultado.
A promessa é de um pós-operatório indolor e tranquilo. A orientação geral é para evitar a atividade sexual por quatro semanas e afastamento de três dias do trabalho. É aconselhado ainda evitar as roupas justas, que possam provocar atrito na região íntima, como o jeans. Todo o processo de cicatrização, porém, leva seis meses. E o resultado final pode ser conferido após um ano. Em média, o valor do procedimento varia entre 3.000 e 15.000 reais, a depender do profissional, hospital e anestesia escolhida.
Os tratamentos estéticos também chegaram lá
Nas clínicas de estética, a procura por lasers e peelings íntimos, tecnicamente conhecidos como Fotona e Exilis, promove o que os especialistas chamam de rejuvenescimento íntimo. “Existe uma procura por padrões de juventude também na região vaginal”, diz a ginecologista e obstetra Carolina Mocarzel, da Clínica Dermais.
Em seu consultório, uma em cada dez consultas tem como principal motivo o interesse estético relacionado à região íntima. A procura, segundo ela, parte mais de mulheres com mais de 35 anos. “A mulher tem rejeitado alguns sinais de envelhecimento da região, que provoca perda de tônus, redução do volume e escurecimento da pele”. Por isso, entra em cena o laser, que é responsável por reverter o quadro de flacidez dos lábios vaginais, que se dá tanto com a passagem do tempo – principalmente, na menopausa -, quanto após o parto normal. Já o peeling recupera a textura lisinha e clareia a região, garantindo a coloração rosada tão desejada. O resultado das técnicas não é imediato. Normalmente, a paciente nota uma melhora depois de três sessões. O pacote custa em torno de 3.000 reais.
Segundo a especialista, tanto ginecologistas, quanto dermatologistas estão autorizados a realizar o procedimento. “Depende só do quanto o profissional se sente à vontade em manejar as particularidades ginecológicas.”
*Os nomes foram trocados para preservar a identidade do entrevistado.
UOL
Hummm cada vez mais gostoso aproveite.
( ͡° ͜ʖ ͡°)
Blup blup blup blup…
Se botarem perfume artificial nelas, acabou-se . Ninguém vai conseguir fazer mais nada na vida, além de Funfar.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ai era demais também!
E tem que ser perfume Frances. KKKKKKKKKKKKKKKK.