Agência Estado
Os brasileiros estão ficando mais pendurados no cheque especial. Nos últimos meses, enquanto a crise econômica dava sinais cada vez piores, aumentou o número de clientes que permanece com a conta corrente no vermelho. Em julho, 4,9% dos clientes estavam usando o limite da conta em período entre 15 e 90 dias. Esse grupo de brasileiros tinha, somado, R$ 984,8 milhões negativos em conta. A cifra cresceu rapidamente nos últimos dois meses e o movimento pode ter sido gerado exatamente por clientes que usaram o limite da conta para pagar o maior pagamento mínimo no cartão que entrou em vigor em junho.
Em maio, 3,5% das contas correntes estavam no vermelho entre duas semanas e três meses. Após meses seguidos de redução do uso do limite do cheque especial, aquele mês atingiu a menor utilização desde setembro de 2008, exatamente quando a crise começou. Ou seja, após meses seguidos de certa desorganização do orçamento familiar, muitos clientes vinham conseguindo quitar as dívidas e, paulatinamente, deixavam o cheque especial.
Mas os ares mudaram completamente em junho, quando o porcentual das contas penduradas por esse período aumentou para 4,4%. A reviravolta coincide com a entrada em vigor da primeira fase do esforço do governo em elevar o pagamento mínimo no cartão de crédito. Desde 1.º de junho, toda conta de cartão que chega à casa do cliente deve, obrigatoriamente, ser paga em pelo menos 15%. Até 31 de maio, o pagamento mínimo era de 10%.
Em julho, a trajetória continuou e o índice se aproximou de 5%. Com essa guinada, o universo das contas correntes que permanece entre duas semanas e 90 dias com saldo negativo aumentou R$ 271,2 milhões.
“Os números mostram que o Banco Central conseguiu fazer com que fosse revertido um movimento perigoso que estávamos vendo. Finalmente, o brasileiro começou a trocar a dívida do cartão pelo cheque especial”, diz o professor de finanças do Insper, Ricardo José de Almeida.
Os dados foram comemorados pelo especialista porque a troca significa economia para os clientes: enquanto o juro do cartão de crédito chega a 240% ao ano, o cheque está em 188%. Rocha reconhece que nenhuma das duas linhas é barata. “Mas, pelo menos, há migração para uma opção menos cara”.
Comente aqui