Diversos

Brasileiros nascem mais entre março e maio, aponta estudo; razão intriga cientistas

Foto: Pixabay

Há uma questão científica ainda sem resposta nas estatísticas de nascimento do Brasil. Os brasileiros nascem mais entre março e maio, nove meses após o inverno. E nascem menos em novembro e dezembro – os filhos dos meses de Carnaval. Por que isso acontece ainda não é sabido.

A diferença é significativa. Entre 1997 a 2017, houve 17% mais nascimentos em março do que em dezembro – os meses com os maiores e menores números de bebês nascidos nesse período. Em números absolutos, são 840 mil brasileiros a mais.

A diferença também é consistente ao longo dos anos. Desde o início da série histórica de nascimentos no Brasil, nos anos 90, há uma alta a partir de março, e uma queda a partir de novembro. Assim, o gráfico de nascidos mês a mês lembra uma frequência cardíaca, com um padrão que se repete.

Os dados foram levantados pela BBC News Brasil com base no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, que é notificado sobre todos os nascimentos no país. Outras fontes de dados, como as estatísticas do Registro Civil do IBGE e do Seade, mostram o mesmo padrão ao longo do ano.

Quando a bióloga e matemática americana Micaela Elvira Martinez, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Columbia, olhou os dados brasileiros pela primeira vez, ficou perplexa: “Eu fiquei extremamente surpresa: ‘uau, eles (brasileiros) têm uma sazonalidade de nascimentos muito forte”.

A “sazonalidade” citada por Martinez se refere ao comportamento “sazonal” dos nascimentos por apresentam meses de pico e de baixa que se repetem ano após ano da mesma maneira.

É um fenômeno observado na maioria dos países do mundo. O que muda são os meses em que ocorre a alta e a baixa, bem como a diferença entre o número de nascimentos nesses dois pontos.

“Se não houvesse sazonalidade, todo mês nasceria uma quantidade equivalente de pessoas”, explica Morvan de Mello Moreira, da Fundação Joaquim Nabuco, um dos únicos pesquisadores brasileiros que se debruçou sobre esse tema.

A particularidade do Brasil – que deixou Martinez surpresa – é que o país é um dos casos com maior sazonalidade de nascimentos conhecida.

“Na maioria dos Estados americanos, nós vemos uma diferença de 6% a 8% entre o mês de pico (com maior número de nascimentos) e o mês de vale (com menor número), comparado com os cerca de 20% que vocês têm”, diz a professora de Columbia, que já analisou dados de mais de uma centena de países.

Mas a ciência ainda não sabe por que isso acontece – nem no Brasil, nem nos outros países. “Até hoje a gente não tem muita certeza, não podemos afirmar com segurança qual é a causa”, diz Moreira.

“Essa é uma grande pergunta em aberto”, acrescenta Martinez, PhD em Biologia Evolutiva e Ecologia. “(A sazonalidade dos nascimentos) é um fenômeno conhecido há muito tempo, há relatos com mais de um século. Então, é surpreendente que nós ainda não tenhamos a resposta definitiva para uma pergunta tão fundamental para nossa espécie.”

Uma das hipóteses é que o ciclo de nascimentos é provocado por mudanças no comportamento sexual ao longo do ano. Entram aí, por exemplo, um possível aumento da frequência de relações sexuais no inverno ou a abstinência por motivos religiosos no período da quaresma.

Outra hipótese é que a fertilidade humana pode aumentar ou diminuir de acordo com as mudanças nas condições ambientais ao longo do ano – principalmente, a quantidade de luz natural e a temperatura.

Porém, ressalta Martinez, é preciso muito mais estudos para testar essas e outras hipóteses. “Essa é realmente uma questão em aberto”.

Região Norte é exceção

A alta de nascimentos em março e queda em novembro ocorre em todo o Brasil, exceto na região Norte.

Nos Estados da Amazônia, os nascimentos são mais distribuídos ao longo do ano, com dois picos pouco acentuados: o principal em setembro e outro mais leve em março. Dessa forma, nas últimas duas décadas, a diferença entre o número de nascidos em março e dezembro foi de apenas 5% na região – bem abaixo da média nacional, de 17%.

No outro extremo, estão Nordeste e Sudeste, com as maiores sazonalidades do país. Nessas regiões, a diferença entre o número de nascimentos em março e dezembro alcançou 20%, no mesmo período.

“Eu nunca tinha ouvido falar disso, mas faz sentido. No começo do ano, tem muita gente grávida. Só no meu trabalho e na igreja tem umas quatro meninas para ganhar neném”, diz Karine Fernanda de Almeida, de Brasilândia, zona norte de São Paulo, grávida de sete meses de Pedro. O parto está previsto para abril – o meio do período de pico.

“Tem lógica (que nasçam mais pessoas nessa época), porque no inverno rola mais clima (de namoro). No verão, com esse calor, ninguém quer ficar junto”, brinca Karine.

O Estado onde a sazonalidade é mais forte é a Bahia, com 26% mais nascimentos em março que em dezembro.

Na principal maternidade de Salvador, a Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Netto, a alta de partos entre março e maio chamou tanto a atenção dos profissionais de saúde da instituição que chegou-se a considerar que esse quadro poderia ser fruto de um aumento nas concepções durante as festas juninas – associação posteriormente descartada por falta de evidências científicas.

Em alguns pontos do Brasil, o fenômeno é ainda mais forte, como na pequena Feira da Mata, cidade baiana de 6 mil habitantes, a cerca de 800 quilômetros de Salvador. Nos últimos anos, Feira da Mata teve mais que o dobro de nascimentos em março em relação a dezembro.

A diferença fica visível no negócio de Madson Ravany, sócio da Mundo Encantado Festas, que aluga materiais para festas de aniversário na cidade. Segundo ele, o movimento entre os meses de março a maio é três vezes maior que o visto no final do ano.

Outro reflexo se dá na única escola estadual da cidade, o Colégio Filomena Pereira Rodrigues. Entre os alunos, há um número muito maior de aniversários de março a maio do que de outubro a dezembro.

“Talvez seja porque aqui é muito calor e o pessoal espera ficar mais fresco para namorar. E no Carnaval o pessoal usa muito preservativo”, aposta, em tom de brincadeira, Davi Dias Rocha, vice-diretor do colégio. Ele levantou os dados dos aniversários na escola a pedido da BBC. “Eu nunca tinha imaginado que era assim”.

Hipóteses ainda não confirmadas

Mudanças na atividade sexual ao longo do ano são, de fato, uma das hipóteses para explicar a sazonalidade dos nascimentos, diz Martinez, da Universidade de Columbia. Outra hipótese importante são mudanças na fertilidade.

“Esses são os dois principais fatores. É possível que, ao longo do ano, a quantidade de atos sexuais desprotegidos varie. E também é possível que homens e mulheres apresentem mudanças sazonais na fertilidade, que nós não percebemos”, explica.

A combinação desses dois fatores explica por que a sazonalidade de nascimentos é bastante comum entre espécies de animais, segundo Martinez. “Muitos animais só se reproduzem e são férteis ao longo de uma pequena janela de tempo no ano.”

Dessa forma, os filhotes acabam nascendo em períodos específicos – que podem ser estações com mais comida, clima mais favorável à sobrevivência, menor incidência de doenças ou de predadores.

Assim, é possível que, há milhares ou milhões de anos, questões como essas também tenham sido importantes para a espécie humana. O resultado pode ter sido alteração na fertilidade e nos hábitos sexuais nas diferentes estações do ano.

“Então, a ideia é que, talvez, os humanos não sejam tão diferentes dos animais. Apesar das mulheres ovularem todos os meses e serem capazes de engravidar em qualquer momento do ano, e os homens produzirem espermatozoides continuamente, pode haver diferenças na fertilidade ao longo do ano. E isso é algo que nós ainda não sabemos”, completa a bióloga e matemática.

Relação entre latitude e mês com mais nascimentos

Em um estudo publicado em 2014 no periódico científico Proceedings of the Royal Society, Martinez e outros pesquisadores organizaram uma base de dados com milhões de nascimentos ocorridos no hemisfério Norte nas últimas décadas.

Ao analisar essas informações, os cientistas identificaram uma correlação entre latitude e mês do ano em que nascem mais pessoas. Quanto mais ao norte, mais os picos de nascimentos tendiam a ocorrer no começo do ano.

A maioria dos países europeus, por exemplo, têm um maior número de nascimentos em maio. Já nos Estados Unidos, localizado ao sul da Europa, o pico de nascimentos é um pouco mais tarde, entre julho e setembro – um estudo de um professor de Harvard identificou que 16 de setembro era o dia de aniversário mais comum entre os americanos.

Mas como a mudança de latitude poderia interferir nos nascimentos?

A duração do dia e da noite varia de acordo com a latitude. Regiões em latitudes distantes do Equador têm noites mais longas e dias mais curtos – e vice-versa, dependendo da estação do ano. Já em locais próximos do Equador, a duração do dia e da noite muda muito pouco ao longo do ano.

Dessa forma, a latitude interfere na quantidade de luz natural disponível. Além disso, a latitude também influencia na temperatura. A hipótese, então, é que mudanças nessas condições poderiam alterar a fertilidade humana – mas, novamente, nada disso foi provado.

O estudo da equipe de Martinez não analisou dados do hemisfério Sul. Mas, desde o ano passado, a pesquisadora passou a trabalhar com dados brasileiros. Assim, espera entender se a correlação entre latitude e mês de pico de nascimento também se repete por aqui.

“Esse é um dos motivos que me fizeram ficar surpresa com os dados sobre os Estados da Amazônia no Brasil. Nessa região, os dias são muito constantes, cerca de 12 horas de dia e 12 horas de noite, ao longo de todo ano. E nessa região os nascimentos são menos sazonais”, diz a pesquisadora.

Influência da escolaridade da mãe

Mas como explicar que a maior parte do Brasil tenha o mesmo calendário de nascimentos, sendo que as regiões são tão diferentes entre si? Para Moreira, da Fundação Joaquim Nabuco, isso é um enigma.

“O Brasil tem dimensões continentais, variabilidade de clima, uma população volumosa e muito diferenciada. As sociedades do Sul e do Centro-Oeste são muito diferentes. O clima das duas regiões também. Mesmo assim, elas guardam essa similaridade nos nascimentos. Não conseguimos ter uma explicação para isso”, diz.

O pesquisador analisou os dados brasileiros em detalhes. Além da região Norte, encontrou apenas uma segunda variável que modifica significativamente o padrão dos nascimentos no Brasil: a escolaridade da mãe.

Entre 1997 e 2017, filhos de mães sem nenhuma instrução nasceram 30% mais em março do que em dezembro. Já no caso de mães com nível superior, a diferença no número de nascimentos nesses dois meses foi de apenas 10%.

Para Martinez, da Universidade de Columbia, isso pode estar relacionado ao planejamento familiar – mulheres com maior escolaridade usam mais métodos contraceptivos. Uma forma de testar essa hipótese seria verificar como eram os nascimentos no Brasil antes da existência de anticoncepcionais. Porém, faltam dados antigos – as primeiras informações são da década de 1990.

Em países que têm estatísticas anteriores, como os Estados Unidos, os pesquisadores verificaram que, no passado, a variação dos nascimentos ao longo do ano era ainda maior. “Nos anos mais recentes, a sazonalidade dos nascimentos está diminuindo e ficando cada vez mais fraca. E isso pode ser uma consequência de haver cada vez mais planejamento familiar”, diz a bióloga americana.

Pela falta de estatísticas do século passado, não sabemos se isso também está ocorrendo no Brasil. Se estiver, então é possível que, um dia no futuro, os bebês concebidos no inverno brasileiro deixem de ser a maioria.

G1, com BBC

Opinião dos leitores

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Polícia

Presidente do INSS é afastado após operação sobre fraude de R$ 6,3 bilhões

Foto: Reprodução

O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, foi afastado da sua função nesta quarta-feira (23) no âmbito da operação da Controladoria-Geral da União (CGU) e Polícia Federal (PF) que investiga fraudes na entidade.

Além do presidente, outros cinco servidores do órgão foram afastados por determinação judicial.

Segundo a PF, entidades que representavam aposentados e pensionistas descontaram irregularmente parte de mensalidades associativas aplicadas sobre benefícios previdenciários.

As entidades cobraram de aposentados e pensionistas o valor estimado de R$ 6,3 bilhões, no período entre 2019 e 2024, pelos cálculos dos investigadores.

Operação

A Controladoria-Geral da União e Polícia Federal deflagraram nesta quarta-feira (23) uma operação contra um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.

Cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU cumprem 211 mandados de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e em 13 estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

Segundo a PF, as investigações identificaram a existência de irregularidades relacionadas aos descontos de mensalidades associativas aplicados sobre os benefícios previdenciários, principalmente aposentadorias e pensões, concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

CNN

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Cidades

DNIT promete concluir obra e liberar Ponte de Igapó até o final de maio

Foto: Alex Régis

Com serviços iniciados há 19 meses, as obras de reestruturação do Complexo Viário da Ponte Presidente Costa e Silva (Ponte de Igapó), sobre o Rio Potengi, na zona Norte de Natal ainda vão demorar cerca de 40 dias, com previsão de liberação total para o tráfego em maio de 2025, conforme o Departamento Nacional de Infraestrura e Transportes (DNIT) informou à TRIBUNA DO NORTE. O cronograma está dentro do previsto e o orçamento, antes em R$ 20 milhões, chegará a R$ 30 milhões, segundo o órgão.

“O DNIT informa que que a execução da obra está dentro do previsto. A expectativa é de que até o final de maio/2025 o tráfego seja liberado na sua totalidade, ou seja com 100% da obra concluída. A autarquia salienta que está sendo devidamente cumprido o cronograma de pagamento das medições previsto em contrato firmado com a empresa executora. Ao todo estão sendo investidos aproximadamente R$ 30 milhões na obra”, diz nota enviada à TRIBUNA DO NORTE.

Com intuito de recuperar a ponte, que interliga bairros da zona Leste à zona mais populosa de Natal, a Norte, os serviços de recuperação na base da Ponte Presidente Costa e Silva, popularmente conhecida como Ponte de Igapó, estão acontecendo desde 12 de setembro de 2023 e tiveram orçamento inicial de cerca de R$ 20,8 milhões. Com previsão inicial de conclusão para janeiro de 2025, o projetosofreu alterações e a perspectiva do DNIT é de que a travessia seja totalmente liberada em maio de 2025, atingindo uma duração de 20 meses.

As intervenções fazem parte do projeto de execução das obras de reabilitação da Obra de Arte Especial (OAE), no âmbito do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (PROARTE), viabilizadas com Orçamento Geral da União. Todo o complexo está sendo restaurado, abrangendo desde as fundações até a superestrutura que é composta por faixas de rolamento, passeios de pedestres, juntas de dilatação, entre outros.

O projeto inclui a restauração e o reforço de estacas, blocos e pilares; demolição de estruturas deterioradas; substituição asfáltica e de aparelhos de apoio; reforço de vigas, recuperação de barreiras de refúgio da ponte ferroviária e da passagem dos pedestres e guarda-corpos, dentre outros. A Ponte de Igapó, com 600 metros de extensão, nunca havia passado por uma reparação desde a construção de suas duas partes – uma em 1970 e outra em 1985.

Na reestruturação está sendo implantada também uma estrutura cicloviária, em conformidade com a legislação vigente, garantindo maior acessibilidade e segurança aos ciclistas. De acordo com o DNIT, essas intervenções são essenciais para a revitalização de um dos principais eixos de mobilidade da cidade, que atende um volume de tráfego de aproximadamente 70 mil veículos diariamente, e é fundamental para a integração viária da região metropolitana de Natal.

O Departamento diz que as ações para recuperar a travessia sobre o rio Potengi estão em andamento desde o dia 1 de setembro de 2021. Na data foi homologada a licitação para contratação dos projetos básico e executivo desta reabilitação. Na ocasião, foram obedecidos todos os trâmites administrativos e legais. Desde então, segundo o órgão, técnicos da autarquia desenvolveram na primeira etapa os projetos de engenharia necessários para dar início à reabilitação completa da travessia.

Com os serviços, apenas um lado da ponte está liberado ao tráfego, gerando transtornos para motoristas e para o transporte público de Natal. Além dos quase 20 meses de obras nas imediações da ponte, os natalenses que atravessam o espaço diariamente já conviveram com obras por vários meses para as obras da Avenida Felizardo Moura e no entorno do Viaduto da Urbana, que dá acesso à zona Norte e aos bairros Quintas e Nordeste, ambos da zona Leste.

Tribuna do Norte

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social

Lei 12.129 reconhece o Ribeira Boêmia como Patrimônio Cultural Imaterial do RN

Fotos: Divulgação

O projeto cultural Ribeira Boêmia, referência na valorização do samba no Rio Grande do Norte, foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado. A Lei nº 12.129, de autoria do presidente da Assembleia Legislativa do RN, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB), foi sancionada pelo Governo do Estado e publicada na edição do Diário Oficial do dia 16 de abril de 2025.

O Ribeira Boêmia é um projeto cultural sem fins lucrativos que, desde 2012, valoriza e difunde o samba no Rio Grande do Norte. Com rodas de samba, festivais e eventos icônicos, tornou-se referência no cenário musical e cultural, promovendo intercâmbio entre artistas locais e nacionais. Além da música, o Ribeira Boêmia tem forte compromisso social e ambiental, arrecadando alimentos para comunidades vulneráveis e promovendo ações sustentáveis em seus eventos. O projeto não apenas celebra o samba, mas também fortalece a economia criativa e preserva tradições.

“Ao reconhecer o Ribeira Boêmia como patrimônio cultural, o Estado reafirma a importância de preservar nossas raízes e valorizar projetos que promovem arte, inclusão e identidade cultural”, destacou o deputado Ezequiel Ferreira.

O reconhecimento como patrimônio cultural imaterial chega como coroação de uma trajetória marcada por resistência, alegria e pertencimento.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Polícia

PF prende na BR-101 foragido da Justiça condenado a mais de 10 anos de prisão

Foto: Divulgação 

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Rio Grande do Norte (FICCO/RN), com apoio da FICCO/PB, prendeu na tarde desta terça-feira (22/04), um homem foragido da Justiça. O preso havia sido condenado a 10 anos e 6 meses de prisão, com sentença já transitada em julgado.

A prisão ocorreu em via pública, na BR-101, no município de João Pessoa (PB), e foi realizada em cumprimento a um mandado expedido pela 1ª Vara da Comarca de São Gonçalo do Amarante (RN).

De acordo com a PF, no momento da abordagem, com ele foram encontrados diversos documentos em nome de terceiros. A partir do material apreendido, será iniciada uma nova investigação para apurar as condutas de falsificação de documentos públicos e também lavagem de ativos, que é o processo de ocultar ou disfarçar a origem de recursos financeiros obtidos ilegalmente.

O preso figura ainda como réu em uma ação penal que transcorre na Comarca de São José do Mipibu/RN, onde o processo está suspenso em razão da sua não localização para citação.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Lula entrega a PEC da Segurança Pública ao Congresso

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, faz uma cerimônia no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 23, para oficializar a entrega da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública ao Congresso Nacional.

A cerimônia de entrega da PEC da Segurança Pública ocorre às 17h, com a presença das seguintes autoridades:

  • Davi Alcolumbre – presidente do Senado Federal;
  • Hugo Motta – presidente da Câmara dos Deputados;
  • Ricardo Lewandowski – ministro da Justiça e Segurança Pública;
  • Gleise Hoffmann – ministra da Secretaria de Relações Institucionais;
  • Randolfe Rodrigues – senador e líder do governo no Congresso;
  • Jaques Wagner – senador e líder do governo na Casa Alta;
  • José Guimarães – deputado e líder do governo na Casa Baixa.

No início deste mês, o ministro Lewandowski já havia apresentado o novo texto da PEC para o Congresso Nacional. Agora, será oficializada a entrega da proposta, que deve ter sua tramitação iniciada na Câmara dos Deputados.

PEC da Segurança Pública vai “condenar” as polícias

Durante a audiência da Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado Federal em 9 de abril, Lewandowski disse que a proposta da equipe petista vai “coordenar” as forças policiais do país.

Para justificar essa suposta coordenação das forças de segurança pública, Lewandowski falou que “cada uma dessas forças de segurança não conversam entre si e, literalmente, atiram cada uma para um lado diferente”.

“Essa proposta que nós estamos apresentando ao Congresso Nacional tem o primeiro objetivo de coordenar essas forças, ter um banco único de informações e termos uma fotografia real da realidade do crime no Brasil”, argumentou.

Ainda sobre a “coordenação” das forças policiais, Lewandowski argumentou que a União já conta com as polícias Federal, Rodoviária Penal, Penal, Civil, Científica, Militar, além da Força Nacional. Ele sinalizou que as guardas civis municipais podem ser integradas a este quadro.

“Quando a população, com justa razão, diz que o grande problema que aflige hoje é a criminalidade e a culpa é do governo, ela não faz distinção entre governo municipal, estadual e federal”, argumentou.

Sobre as críticas da oposição de que o texto do governo Lula interfere na autonomia dos Entes Federativos, Lewandowski negou: “O governo federal não quer intervir na autonomia dos estados no que diz respeito à segurança pública”.

“A PEC é apenas uma tentativa de organizar o jogo, para então depois nós darmos uma nova partida”, declarou. “Infelizmente não existe uma bala de prata para enfrentar a criminalidade, enfrentar as organizações criminosas”.

Revista Oeste

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

Gargalos portuários causam prejuízo de R$ 8,9 mi na exportação de café

Foto: Reprodução/Unsplash

Os exportadores de café brasileiro deixaram de enviar 638 mil sacas de café para o mercado externo em março de 2025 em razão do esgotamento da infraestrutura portuária no país. O cenário, que resulta em gastos que não estavam no planejamento das empresas, causou um prejuízo de R$ 8,901 milhões para as companhias.

A estimativa consta no Boletim DTZ (Detention Zero), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). De acordo com o levantamento, de 325 embarcações, 179 tiveram atrasos ou alterações de escala. Desde junho de 2024, quando o monitoramento começou, as companhias associadas ao conselho relataram prejuízos de R$ 66,576 milhões.

O levantamento também mostrou que o não embarque desse volume de café fez com que o Brasil deixasse de receber US$ 262,8 milhões (R$ 1,510 bilhão) como receita cambial das transações comerciais no mês passado. A estimativa considera o preço médio FOB (free on board) de exportação de US$ 336,33 por saca (café verde) e um dólar de R$ 5,7462 na média de março.

Segundo o conselho, as causas do prejuízo do Brasil no período foram:

  • armazenagem adicional: quando o tempo de permanência gratuita do contêiner no porto acaba e a empresa precisa pagar pelo período extra que a carga fica a mais no terminal antes de ser embarcada ou retirada. A taxa é diária;
  • período em detentions: os contêineres de carga são alugados para a exportação. A empresa de transporte marítimo estipula um prazo para devolução de um contêiner. Detentions são como uma multa que a empresa precisa pagar pelo atraso na devolução das estruturas;
  • pré-stacking: os portos organizam os contêineres para facilitar os embarques nos navios. Atrasos nos embarques atrapalham o fluxo nos terminais e a organização antecipada. As empresas podem ser multadas por atraso na retirada de contêineres do pré-stacking;
  • antecipação de gates: os portos permitem que algumas cargas cheguem mais cedo aos terminais. Isso evita filas nas estradas de acesso aos portos. Mas, quando há antecipação da chegada dos contêineres aos terminais e atraso de embarque, além de atrapalhar o fluxo nos terminais, pode aumentar o custo aos donos da carga por causa do armazenamento adicional e do período de detentions.

O Porto de Santos, movimentou 78,5% dos embarques de café no 1º trimestre de 2025, com 63% de atraso ou alteração de escalas de navios. O tempo mais longo de espera no mês passado foi de 42 dias no embarcadouro santista.

Já o complexo portuário do Rio de Janeiro, 2º maior exportador dos cafés do Brasil, com 17,2% de participação nos embarques de janeiro a março deste ano, teve taxa de atraso de 59% no mês passado. O maior intervalo foi de 15 dias do 1º ao último dia de prazo.

GARGALOS NA INFRAESTRUTURA

O Cecafé afirmou que os investimentos que as autoridades públicas têm feito no setor são importantes, mas que ainda precisam de mais urgência na resolução das demandas.

“Os investimentos anunciados são muito importantes, como o leilão do TECON10 em Santos, a concessão do canal de entrada marítima ao porto, o túnel de ligação Santos-Guarujá e a terceira via de descida da Rodovia Anchieta para a baixada santista, porém a entrega demorará cerca de cinco anos e o segmento exportador nacional demanda de soluções urgentes, pois os prejuízos são gritantes”, afirmou o diretor-técnico do Cecafé, Eduardo Heron.

Segundo ele, a infraestrutura dos portos não acompanhou a evolução do agro brasileiro e, apesar de observarem recordes de movimentações, o cenário é “muito ruim” para as empresas que atuam no comércio exterior.

Em nota, o Ministério de Portos e Aeroportos informou que o governo federal estima a realização de 60 leilões até 2026 para ampliação da capacidade portuária do Brasil e já trabalha para acelerar a movimentação de cargas nos terminais.

“Foi criado o Programa Navegue e Simples, com o objetivo de aumentar a celeridade na movimentação de cargas, inclusive as conteinerizadas, desburocratizando os processos para novas outorgas, tanto nas concessões quanto nos leilões públicos. Nesse primeiro momento, o objetivo é reduzir o tempo de autorização de Terminais de Uso Privado (TUPs) e, em uma segunda etapa, diminuir o tempo dos arrendamentos de terminais portuários”.

Poder 360

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Geopolítica não pode ser feita de “ocasiões”, diz Lula, em reunião com líder chileno

Foto: PR/Divulgação

O presidente Lula da Silva disse nesta terça-feira, 22, que a geopolítica não pode ser feita de “ocasiões”. A declaração do petista ocorreu depois de uma reunião bilateral com o presidente do Chile, Gabriel Boric, no Palácio do Planalto.

“Quando a gente preside um país a gente não preside de forma ideológica. A geopolítica do mundo não é feita de ocasiões, ela tem que ser perene”, afirmou Lula. Em seu discurso, o petista repetiu principalmente que é preciso reforçar a integração e as intituições multilaterais regionais.

Lula: “ninguém precisa gostar de ninguém”

Para ele, é importante que, independente do governo de ocasião, as relações entre os países da América do Sul sigam fortes. Lula acrescentou que sempre teve boa relação com os chefes de Estado do continente, seja qual fosse a ideologia política. Defendeu do mesmo modo que ninguém precisa “gostar” de ninguém porque não se trata de um “casamento”, mas que se deve ter um bom diálogo com todos que representam as nações.

“Ou nós aprendemos isso, ou continuaremos pobres. Eu não quero guerra fria. Eu não quero escolher a China ou os Estados Unidos”, afirmou. Conforme a declaração do brasileiro, o continente sul-americano ficou centenas de anos tratando seus vizinhos como inimigos e apenas “bajulando” países ricos como os Estados Unidos.

Revista Oeste

Opinião dos leitores

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Bolsonaro diz em live que pode ter alta na próxima 2ª feira

Foto: Redes sociais/Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta 3ª feira (22.abr.2025) que deve ter alta na próxima 2ª feira (28.abr). Contudo, não deixou claro se ele se referiu à internação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ou no hospital. Ele está internado na UTI do DF Star, em Brasília, desde 13 de abril, depois de realizar a 7ª cirurgia relacionada à facada que sofreu em 2018.

A declaração foi feita durante uma transmissão ao vivo em seu canal no YouTube, quando participava do sorteio de um capacete da sua marca, “Bravo Grafeno”, para os compradores da pré-venda receberem o artigo pelas mãos do ex-presidente.

“Recebi uma boa notícia hoje, talvez daqui a 2 dias eu fique livre da sonda nasogástrica e já começa a melhorar mais as coisas por aqui. Acredito que 2ª feira esteja de alta e quando a gente comece a voltar à normalidade”, declarou.

Bolsonaro se recupera de uma cirurgia realizada em 13 de abril para desobstruir o intestino e reconstruir a parede abdominal. O boletim médico divulgado nesta 3ª feira (22.abr) informou que ele tem “boa evolução clínica” e apresenta “sinais efetivos de movimentação intestinal”.

SAÚDE DE BOLSONARO

Bolsonaro deu entrada em hospital de Natal (RN) em 11 de abril, depois de sentir fortes dores abdominais durante um evento com apoiadores na cidade de Tangará. Foi transferido para Brasília no dia seguinte.

A cirurgia foi realizada em 13 de abril. Foi a 7ª cirurgia relacionada à facada que sofreu em 2018, durante a campanha presidencial. Em 17 de abril, Bolsonaro iniciou fisioterapia para se recuperar da operação.

No sábado (19.abr), o ex-presidente recebeu os filhos Flávio (PL-RJ), que é senador, e Carlos Bolsonaro (PL), vereador do Rio, durante sua estada no hospital. Também é acompanhado da mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

No mesmo dia, o ex-presidente publicou um vídeo de agradecimento a Michelle pelo suporte no período de recuperação. “Por todo apoio e energia que tem depositado neste momento”, escreveu Bolsonaro.

Poder 360

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mundo

Papa Francisco escreveu sobre a morte antes da última internação; veja o que o texto diz

Foto: Filippo MONTEFORTE / AFP

Pouco antes de sua última internação, em fevereiro, o papa Francisco escreveu um texto que será publicado como prefácio do livro À espera de um novo começo – Reflexões sobre a velhice, do cardeal italiano Angelo Scola, arcebispo emérito de Milão. Nesse texto, o papa discorreu justamente sobre a morte, e afirmou que não se trata do fim, mas de “um novo começo”.

“A morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo. É um novo começo, como o título (do livro de Scola) sabiamente destaca, porque a vida eterna, que aqueles que amam já começam a experimentar na Terra, nas tarefas cotidianas da vida, é o começo de algo que nunca terminará. E é justamente por isso que se trata de um ‘novo” começo, porque viveremos algo que nunca vivemos plenamente antes: a eternidade”, escreveu Francisco.

No texto, o papa também se refere à velhice, defendendo que o uso da expressão “velho” não deve ter tom pejorativo. “Dizer ‘velho’ não significa ‘ser descartado’, como uma cultura degradada de desperdício às vezes nos leva a pensar. Dizer ‘velho’ significa, em vez disso, dizer experiência, sabedoria, conhecimento, discernimento, reflexão, escuta, lentidão. Valores dos quais tanto necessitamos!”, escreveu.

“Não devemos ter medo da velhice, não devemos temer abraçar a velhice, porque a vida é vida, e adoçar a realidade significa trair a verdade das coisas. Restaurar o orgulho de um termo muitas vezes considerado doentio é um gesto pelo qual devemos ser gratos ao cardeal Scola”, continua o papa. “É verdade, envelhecemos, mas este não é o problema: o problema é como envelhecemos. Se vivermos esta fase da vida como uma graça, e não com ressentimento; se aceitarmos o tempo (mesmo longo) em que experimentamos a diminuição das forças, o aumento da fadiga do corpo, os reflexos já não sendo os mesmos da juventude — com um sentimento de gratidão e agradecimento —, bem, então, também a velhice se torna uma idade da vida que, como nos ensinou Romano Guardini, é verdadeiramente fecunda e capaz de irradiar bondade”, completa.

Em outro trecho do texto, o papa ressalta a importância dos avós: “Angelo Scola destaca o valor humano e social dos avós. Tenho frequentemente enfatizado a importância fundamental do papel dos avós para o desenvolvimento equilibrado dos jovens e, em última análise, para uma sociedade mais pacífica. Porque o seu exemplo, as suas palavras e a sua sabedoria podem incutir nos jovens uma visão de longo prazo, a memória do passado e a ancoragem em valores que perduram. No frenesi das nossas sociedades, muitas vezes entregues ao efêmero e ao gosto doentio pelas aparências, a sabedoria dos avós torna-se um farol luminoso, que ilumina a incerteza e orienta os netos, que podem tirar da sua experiência algo de ‘mais’ para o seu cotidiano”.

O papa foi convidado por Scola a escrever o prefácio e aceitou. O livro será lançado nesta quinta-feira na Itália.

Confira o conteúdo completo do texto que Francisco escreveu:

Li com emoção estas páginas que nasceram do pensamento e do afeto de Angelo Scola, querido irmão no episcopado e pessoa que desempenhou funções delicadas na Igreja, como a de reitor da Pontifícia Universidade Lateranense, depois patriarca de Veneza e arcebispo de Milão.

Em primeiro lugar, quero expressar minha profunda gratidão a ele por esta reflexão que combina experiência pessoal e sensibilidade cultural de uma forma que raramente encontrei. Uma — experiência — ilumina a outra — cultura; a segunda dá substância à primeira. Nesse entrelaçamento feliz, vida e cultura florescem com beleza.

Que a forma abreviada deste livro não seja enganosa: são páginas muito densas, para ler e reler. Das reflexões de Angelo Scola, extraio alguns pontos particularmente ressonantes com o que minha própria experiência me ensinou. Angelo Scola nos fala da velhice, da sua velhice, sobre a qual escreve com um toque de intimidade desarmante: “ela me atingiu com uma aceleração repentina e, em muitos aspectos, inesperadamente”.

Já na escolha da palavra com a qual se define como “velho”, encontro uma ressonância com o autor. Sim, não devemos ter medo da velhice, não devemos temer abraçar a velhice, porque a vida é vida, e adoçar a realidade significa trair a verdade das coisas. Restaurar o orgulho a um termo muitas vezes considerado doentio é um gesto pelo qual devemos ser gratos ao Cardeal Scola.

Porque dizer “velho” não significa “ser descartado”, como uma cultura degradada de desperdício às vezes nos leva a pensar. Dizer “velho” significa, em vez disso, dizer experiência, sabedoria, conhecimento, discernimento, reflexão, escuta, lentidão. Valores dos quais tanto necessitamos!

É verdade, envelhecemos, mas este não é o problema: o problema é como envelhecemos. Se vivermos esta fase da vida como uma graça, e não com ressentimento; se aceitarmos o tempo (mesmo longo) em que experimentamos a diminuição das forças, o aumento da fadiga do corpo, os reflexos já não sendo os mesmos da juventude — com um sentimento de gratidão e agradecimento —, bem, então, também a velhice se torna uma idade da vida que, como nos ensinou Romano Guardini, é verdadeiramente fecunda e capaz de irradiar bondade.

Angelo Scola destaca o valor humano e social dos avós. Tenho frequentemente enfatizado a importância fundamental do papel dos avós para o desenvolvimento equilibrado dos jovens e, em última análise, para uma sociedade mais pacífica. Porque o seu exemplo, as suas palavras e a sua sabedoria podem incutir nos jovens uma visão de longo prazo, a memória do passado e a ancoragem em valores que perduram.

No frenesi das nossas sociedades, muitas vezes entregues ao efêmero e ao gosto doentio pelas aparências, a sabedoria dos avós torna-se um farol luminoso, que ilumina a incerteza e orienta os netos, que podem tirar da sua experiência algo de “mais” para o seu cotidiano.

As palavras que Angelo Scola dedica ao tema do sofrimento, que muitas vezes se instala no envelhecimento e, consequentemente, na morte, são joias preciosas de fé e esperança. Nas reflexões deste irmão bispo, ouço ecos da teologia de Hans Urs von Balthasar e Joseph Ratzinger — uma teologia “feita de joelhos”, imersa na oração e no diálogo com o Senhor.

É por isso que eu disse antes que estas são páginas que nasceram “do pensamento e do afeto” do Cardeal Scola: não só do pensamento, mas também da dimensão afetiva, que é aquela para a qual aponta a fé cristã, pois o cristianismo não é tanto um ato intelectual ou uma escolha moral, mas sim o afeto por uma pessoa — aquele Cristo que veio ao nosso encontro e decidiu nos chamar de amigos.

É justamente a conclusão destas páginas de Angelo Scola, uma confissão sincera de como ele se prepara para o encontro final com Jesus, que nos dá uma certeza consoladora: a morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo. É um novo começo, como o título sabiamente destaca, porque a vida eterna, que aqueles que amam já começam a experimentar na Terra, nas tarefas cotidianas da vida, é o começo de algo que nunca terminará.

E é justamente por isso que se trata de um “novo” começo, porque viveremos algo que nunca vivemos plenamente antes: a eternidade.

Com estas páginas em mãos, gostaria idealmente de repetir o mesmo gesto que fiz logo após vestir a túnica branca do papado na Capela Sistina: abraçar com grande estima e carinho meu irmão Angelo — agora, ambos mais velhos do que éramos naquele dia de março de 2013. Mas ainda unidos pela gratidão a este Deus amoroso que nos oferece vida e esperança em todas as idades de nossa vida.

Estadão

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Ex-diretor da Petrobras é condenado a 29 anos por esquema da Lava Jato

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O empresário e ex-diretor da Petrobras Renato Duque foi condenado a 29 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A decisão foi tomada na última segunda-feira (14) e ainda cabe recurso.

Duque geriu a Petrobras entre 2003 e 2012 e foi acusado de receber mais de R$ 5,6 milhões em propina da Multitek Engenharia por meio do empresário Luís Alfeu Alves, ex-diretor e sócio da companhia, entre 2011 e 2012. A condenação surgiu a partir das investigações da Operação Lava Jato.

O antigo gestor de serviços da estatal acumula denúncias no âmbito da operação e teve sua prisão decretada em julho ano passado.

Além da pena — que deve ser cumprida inicialmente em regime fechado, de acordo com a decisão assinada pelo juiz federal Guilherme Roman Borges, da 13ª Vara Federal de Curitiba —, há ainda o pagamento de uma multa diária por 875 dias calculada a partir do salário mínimo da época, cerca de R$ 622.

A denúncia, oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) há cinco anos, defende que a propina era paga para garantir a obtenção de contratos públicos de grande valor na Petrobras por meio de fraude em licitações — processos em que o governo compra bens e serviços de instituições privadas.

“Os valores ilícitos obtidos foram destinados não apenas aos empregados do alto escalão da PETROBRAS que participavam diretamente do esquema criminoso, como também aos partidos políticos e aos parlamentares responsáveis pela manutenção desses funcionários nos cargos”, é o que disse a denúncia do Ministério Público Federal, em julho de 2020.

Os cerca de R$ 5,6 milhões pagos ao ex-diretor da petroleira seriam para o favorecimento de três contratos firmados em 2011, que somam R$ 525,7 milhões:

  • Serviços: construção civil dos arruamentos, iluminação viária, estacionamentos, redes de águas pluviais e de esgoto do Complexo de Energias Boaventura (Comperj): R$ 306,5 milhões
  • Serviços:construção e montagem do laboratório de fluidos no parque de tubos, em Macaé/RJ: R$ 125,2 milhões
  • Serviços: Unidade Industrial U8221 e Subestação Auxiliar SE8221: R$ 93,9 milhões

Além da Multitek e da Petrobras, havia lavagem de dinheiro junto à Jamp, companhia que atua também no ramo de engenharia. As três instituições teriam sido responsáveis pela falsificação de seis notas fiscais com a justificativa da prestação de serviços de consultoria dos contratos especificados acima.

As transferências das notas totalizaram o pagamento de R$ 1,7 milhão a Jamp, operada pelos irmãos Milton Pascowicht e José Adolfo Pascowicht.

Luís Alfeu foi condenado a onze anos, seis meses e 22 dias de prisão por lavagem de dinheiro, além do pagamento de multa.

CNN

Opinião dos leitores

  1. QUE PRESIDENTE DA REPUBLICA SEGUERIA EM DIANTE, JÁ COM ESSAS CORRUPÇÕES NA PETROBRAS?

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *