Ricardo Nunes (MDB) e Bruno Covas (PSDB) durante a posse na cidade de São Paulo em janeiro de 2021. — Foto: Divulgação/Rede Câmara
O prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nesta terça-feira (4) e aguarda a liberação de leito na unidade sem-intensiva do Hospital Sírio-Libanês, no centro da capital paulista, onde está internado desde o último domingo (2).
A informação foi divulgada pela equipe médica que acompanha o prefeito em coletiva de imprensa no início da tarde.
Covas foi extubado no fim da tarde desta segunda-feira (3), após o sangramento que teve no estômago ser estancado.
Segundo o infectologista David Uip, um dos responsáveis pelo tratamento do prefeito, Covas dormiu a noite toda, passa bem mas não há “qualquer previsão de alta”.
Ainda de acordo com o especialista, a equipe médica considera o sangramento como um evento pontual que já foi combatido.
“Entendemos o sangramento como evento pontual. Faz parte do acompanhamento de doentes crônicos que tenham eventos pontuais. No caso, foi um sangramento gástrico, mas poderia ter sido uma infecção ou qualquer outra contingência. Como tal, este procedimento foi enfrentado. Foi enfrentado o sangramento, foi estancado o sangramento, o paciente foi para uma unidade de terapia intensiva e acaba de ter alta”, afirmou Uip.
Na manhã desta segunda, o prefeito havia sido transferido para a UTI e intubado depois que um exame de endoscopia encontrou um sangramento causado por uma úlcera em cima do tumor original, na cárdia, a passagem do esôfago para o estômago.
Jogo do Santos
Durante a coletiva, os médicos afirmaram que Covas está disposto, fazendo piadas e manifestou preocupação em conseguir acompanhar a partida entre seu time, Santos, e o The Strongest, da Bolívia, pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Libertadores da América.
“Neste momento a nossa grande preocupação é superar a intercorrência e a grande preocupação do Bruno é com relação ao jogo do Santos hoje na Libertadores. Essa foi a grande angústia que ele teve. Ficou muito feliz que ia sair da UTI”, disse o médico Artur Katz.
“Esta animado, revigorado, fazendo piadas. Mesmo diante das dificuldades, procura descontrair”, completou Tulio Pfiffer.
Quimioterapia
Por conta do sangramento, as sessões de quimioterapia e imunoterapia que o prefeito faria na segunda (3) foram suspensas e seguem sem previsão de serem retomadas.
“Aquilo que estava previsto que era a segunda sessão de quimioterapia obviamente foi adiada e vai depender de outros fatores, inclusive a recuperação do sangramento. Além do estancamento do sangue, ele teve que receber unidades de sangue. Foi um sangramento agudo. O prefeito neste momento está normal, sentado em uma cadeira, conversando habitualmente”, afirmou Katz.
Entretanto, o oncologista Tulio Eduardo Flesch Pfiffer afirmou que a interrupção temporária não implicará em prejuízos para o tratamento contra o câncer.
“Sempre que tem intercorrência pontual, faz a pausa do tratamento oncológico, espera recuperar e restabelecer, e depois retoma com calma o tratamento oncológico. A pausa se fez necessária, mas não traz prejuízo em médio ou longo prazo em relação ao tratamento”, afirmou Pfiffer.
Bruno Covas foi internado no domingo para realizar exames de sangue, de imagens e endoscópico, com o objetivo de prosseguir o tratamento quimioterápico e imunoterápico. A endoscopia demonstrou sangramento no local do tumor inicial, que foi controlado com medidas de hemostasia local.
Os médicos também afirmaram que a intubação foi feita para proteger as vias aéreas do prefeito e evitar alguma laceração no momento da endoscopia.
“O evento foi controlado com sucesso. A intubação foi estratégia para evitar que os coágulos fossem aspirados e contaminassem a via aérea. Foi uma intubação para proteger a via aérea durante o evento. É diferente da intubação de quem tem insuficiência respiratória por Covid ou alguma coisa assim. Não houve alteração da função respiratória”, afirmou Artur Katz.
Internação
Por causa dos efeitos colaterais do tratamento contra o câncer, Bruno Covas anunciou um pedido de afastamento do cargo por 30 dias.
A licença foi divulgada em comunicado publicado nas redes sociais no domingo (2) e publicada no Diário Oficial do município nesta terça (4), após a Câmara receber o ofício.
Com a decisão, o vice-prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), assumiu a gestão da cidade.
Tratamento
Bruno Covas foi internado em 15 de abril para a realização de exames de controle, que descobriram novos focos de tumor nos ossos e no fígado. Durante a internação, ele apresentou uma piora no quadro de saúde e foi diagnosticado com líquido no abdômen e nas pleuras, tecidos que revestem os pulmões.
Drenos foram colocados para a retirada do líquido, uma suplementação nutricional também foi iniciada e Covas teve alta em 27 de abril.
‘Luta pela vida’
Em 26 de abril, Covas disse nas redes sociais que “continua a luta pela vida” e com “vontade gigante de vencer”.
Em uma postagem para homenagear o filho Tomás, de 15 anos, o prefeito escreveu que vai “enfrentar, combater e vencer” a doença.
Primeiro diagnóstico em 2019
O prefeito licenciado foi internado pela primeira vez em outubro de 2019, quando chegou ao hospital com erisipela (infecção), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos) na perna direita. Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia.
Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e nos linfonodos.
Covas passou por oito sessões de quimioterapia, que fizeram com que o tumor regredisse. Mas, segundo a equipe médica, não foram suficientes para vencer o câncer. Após novos exames, o prefeito iniciou o tratamento com imunoterapia.
Em janeiro de 2021, após ser reeleito nas eleições municipais e continuar no cargo, Covas anunciou uma nova fase de procedimentos no combate à doença.
Ele tirou uma licença de 10 dias, quando passou a ser submetido a sessões de radioterapia. Na época, estavam previstas 24 sessões de radioterapia complementares para o tratamento.
Em abril deste ano, exames apontaram novos pontos de câncer nos ossos e no fígado.
G1
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