Símbolo da The Walt Disney Company, Mickey Mouse acena na bolsa de Nova York – Drew Angerer/Gett Images/AFP
A compra da 21st Century Fox pela Walt Disney será aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nesta quarta-feira (27) com restrições.
Depois de semanas de negociações entre as empresas e o conselho, as partes aceitaram vender a Fox Sports para obter a aprovação do negócio.
Se a venda não sair no prazo, a Disney pagará uma multa milionária e a operação poderá ser revista pelo Cade.
Nos EUA, a operação movimentou US$ 71 bilhões (R$ 263 bilhões) e para ser concretizada depende do aval das agências reguladoras do Brasil e do México, onde haverá concentração no mercado de canais esportivos.
No Brasil, o Cade entendia que a junção dos dois gigantes americanos de mídia poderia reduzir a oferta de canais esportivos no Brasil, afetando outros mercados, como a compra de direitos de transmissão de eventos esportivos, particularmente no Campeonato Brasileiro de futebol.
Pessoas que participaram das negociações afirmam que a ideia foi garantir a competição. Para isso, a fórmula encontrada foi a venda da Fox Sports num prazo estabelecido, que é mantido sob sigilo.
Nesse período, a Disney não poderá competir com a Fox na negociação de direitos de transmissão de eventos esportivos, encerrar contratos, demitir funcionários ou causar qualquer tipo de dano à empresa, uma forma de proteger a Fox Sports de perder valor até que o canal seja vendido.
Procurada, a Fox não quis comentar. Disney e ESPN, canal esportivo pertencente ao grupo, também foram procuradas e disseram que não iriam se pronunciar.
A Fox Sports estreou no Brasil em fevereiro de 2012 em meio a divergências com as principais operadoras de TV por assinatura do país, Net e Sky. Assim, sua primeira transmissão não atingiu nem 10% dos assinantes de TV paga no território nacional.
A chegada do canal incomodou a Globosat, setor de TV por assinatura do Grupo Globo, que havia perdido para o concorrente os direitos de transmissão para o Brasil de torneios da Conmebol, como a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana.
A Globo via o seu domínio no mercado de transmissões de eventos esportivos no Brasil ameaçado por um forte grupo de mídia estrangeiro.
O acerto da Fox Sports com as operadoras de TV por assinatura só chegou a uma conclusão no fim de março de 2012, quando o canal passou a ser disponibilizado nas grades de programação como uma nova opção de canal esportivo em pacotes premium, junto a ESPN e Bandsports.
Em seu primeiro ano com a transmissão exclusiva da Copa Libertadores para a TV paga, a Fox Sports exibiu o primeiro título do Corinthians na competição continental.
A partir de 2013, também passou a transmitir outros torneios, como a Copa do Brasil, e detinha os direitos dos campeonatos Italiano, Inglês e Argentino, além da Nascar. Também exibiu a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
Em 2018, o canal fechou com a Globo parceria para a transmissão da Copa do Mundo da Rússia na TV por assinatura.
Já a ESPN chegou ao Brasil em 1995, substituindo o antigo Canal +, que retransmitia a ESPN americana.
Por quase 20 anos, a ESPN deteve os direitos de transmissão da Champions League para o mercado brasileiro. Esses direitos foram perdidos em 2014 para o Esporte Interativo, do Grupo Turner.
Ao longo de sua história no Brasil, a ESPN também transmitiu Jogos Olímpicos, Copas do Mundo, Eurocopas, Copas Américas e Jogos Pan-Americanos. Atualmente, a emissora detém os direitos de transmissão dos campeonatos Inglês, Alemão, Holandês e Espanhol, entre outros.
Folha de São Paulo
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