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O governo alemão liberou nesta quarta-feira (6) que a Bundesliga seja retomada ainda neste mês, em data a ser definida pela própria liga de futebol da Alemanha (DFL) e com portões fechados. O aval veio após um encontro da chanceler Angela Merkel com os líderes dos 16 estados.
A bola deverá voltar a rolar nos dias 15 ou 22 de maio —as rodadas de fim de semana costumam começar às sextas-feiras no país.
O Campeonato Alemão será o primeiro dos grandes centros europeus a retomar suas partidas após a paralisação causada pela pandemia de Covid-19. O último jogo, pela 25ª rodada, foi disputado no dia 8 de março.
A nove rodadas do fim da competição, o Bayern de Munique lidera a competição com 55 pontos, 4 à frente do Borussia Dortmund. Em seguida na classificação vêm RB Leipzig (com 50 pontos), Borussia Mönchengladbach (49) e Bayer Leverkusen (47).
Para que o retorno fosse aprovado pelas autoridades, a liga criou um protocolo com uma série de medidas com o objetivo de reduzir o risco de disseminação do coronavírus.
A DFL prevê testes de Covid-19 permanentes em jogadores e comissões técnicas. Segundo cálculos da entidade, seriam necessários 22 mil exames até o fim da temporada. No caso de algum atleta estar infectado, o restante do time não seria necessariamente isolado.
Para a realização desses testes, a liga já anunciou acordo com associações laboratoriais da Alemanha, que ajudarão no monitoramento.
Uma primeira bateria de exames, que teve seu resultado divulgado na segunda (4), apontou 10 casos positivos num total de 1.724 amostras de jogadores, técnicos e funcionários dos clubes das duas principais divisões.
Os infectados foram isolados, mas não houve recuou na intenção de retomar o torneio.
A proposta alemã também prevê que o número de profissionais que trabalham em dias de jogos seja de no máximo de 322 pessoas para a primeira divisão. Dependendo do tamanho do estádio, o número cairia para 213.
Os jogadores já estão treinando no país desde o início de abril. As atividades foram retomadas de forma gradual, aumentando aos poucos o número de participantes dos treinamentos.
Ouvido pela Folha, o lateral esquerdo brasileiro Wendell, do Bayer Leverkusen contou que no início dos trabalhos os vestiários do clube ficavam fechados, e cada atleta levava a roupa que usou do treino para casa.
Tomar banho após os treinamentos, almoçar ao lado de colegas de equipe no refeitório do clube e qualquer tipo de contato físico entre jogadores ainda estão vetados, de acordo com seu relato.
“Os cuidados são constantes e enormes. Fizemos testes e, inicialmente, treinamos em poucos grupos e horários diferentes. A entrada nos vestiários é restrita a um número de pessoas e funcionários”, afirmou o atacante Matheus Cunha, recém-chegado ao Hertha Berlim.
Repercutiu negativamente no país um vídeo feito por seu companheiro de time, o atacante Salomon Kalou, que se filmou cumprimentando com apertos de mão seus colegas de equipe, descumprindo assim as regras de distanciamento social que haviam sido determinadas. Na segunda (4), ele foi suspenso pelo clube e pediu desculpas pela atitude.
Um dos fatores que pesaram para o retorno do campeonato foi a situação financeira de alguns clubes, que dependem da sua conclusão para receber a totalidade das verbas referentes aos contratos de TV e não correrem risco de falência.
“Jogos sem torcedores não são a solução ideal, mas para alguns clubes essa é a única opção de sobreviver nessa crise e manter a liga em sua forma atual”, afirmou Christian Seifert, presidente da DFL.
Folha de São Paulo
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