Nem só de ONGs é feito o descalabro do Ministério do Trabalho. Há também sindicatos-fantasmas.
Carlos Lupi autorizou a criação de sete inusitados sindicatos patronais no Amapá. As entidades têm duas coisas em comum:
1. Representam setores industriais que o próprio governo amapaense declara inexistentes no Estado.
2. Os pedidos de registro foram liberados por Lupi a pedido de um deputado federal do PDT, partido do ministro.
O nome do parlamentar não poderia ser mais adequado: Bala Rocha (PDT-AP).
Na semana passada, Lupi dissera que só deixaria a Esplanada se fosse “abatido a bala”. Dilma Rousseff, segundo ele, não o substituiria nem na reforma ministerial.
Deve-se o novo disparo contra Lupi aos repórteres Andreza Matais e Jose Ernesto Credencio.
A dupla informa que as arapucas sindicais ganharam vida entre os meses de abril e agosto de 2009.
Antes, em fevereiro do mesmo ano, a Federação das Indústrias do Amapá informara ao ministério, por escrito, sobre a fraude.
Em resposta, a pasta de Lupi alegara: “Não cabe ao ministério apurar se os integrantes da entidade possuem indústria no ramo ao qual pretendem representar.”
Os certificados de criação dos sindicatos de fancaria carregam duas assinaturas: a de Lupi e a do então secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antonio Medeiros.
Ao lado do jamegão do ministro, uma inscrição: “certifico e dou fé.” Certificou sindicatos que, por inexistentes, não mereciam a minima fé.
Um deles diz representar, por exemplo, indústrias de Construção Naval. O Amapá não fabrica um mísero navio.
Os outros alegam defender os interesses dos setores de: Papel e Celulose, Material Plástico, Bebidas não Alcoólicas, Joalheria e Ourivesaria, Mármores e Pesca.
Pela lei, os presidentes de sindicatos patronais precisam ser donos de indústrias. Os pseudo-empresários do Amapá são, em sua maioria, motoristas.
Servem a uma cooperativa de automóveis controlada por político do PTB, aliado no Amapá ao PDT do deputado Bala e do ministro Lupi.
Esconde-se sob a tramóia a disputa por uma arca de mais de R$ 10 milhões. Verbas do ‘Sistema S’, geridas pela Federação das Indústrias do Amapá.
Cabe aos sindicatos patronais eleger os dirigentes da federação, hoje sob jugo do PR. Graças à autorização de Lupi, os sem-indústria do PDT ganharam direito a voto.
O ministério diz que procedeu conforme a lei. O deputado Bala confirma que patrocinou os pedidos.
Instado a comentar o fato de os sindicatos representarem indústrias inexistentes, Bala disparou: “A organização sindical é livre.”
A bandalheira sindical, como se vê, também é livre. Lupi certifica e dá fé. Dilma, por ora, finge-se de morta. Até quando?
Josias de Souza
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