O mais completo estudo da OMS já realizado sobre o assunto, do qual participou o psiquiatra brasileiro, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e consultor da OMS, José Manoel Bertolote, analisou o histórico de 15.629 suicídios em diversas partes do mundo.
De cada dez (10) casos analisados, nove (9) estavam relacionados a alguma patologia de ordem mental diagnosticável e tratável, como transtornos de humor (depressão), transtornos relacionados ao uso de substâncias, transtornos de personalidade, esquizofrenia etc. Ou seja, através desse levantamento, foi possível estabelecer “inequivocamente, um elo entre dois grupos de fenômenos: comportamento suicida e doença mental”.
Os números da Organização Mundial da Saúde são impressionantes:
a cada ano, aproximadamente 1 milhão de pessoas morrem em todo mundo por suicídios;
um crescimento de 60% nos últimos 45 anos;
para cada caso consumado de suicídio há 20 tentativas;
embora tradicionalmente o número de suicídios seja maior entre idosos, verifica-se o aumento da incidência de óbitos por esta causa entre os mais jovens;
no Brasil, 25 pessoas morrem vítimas de suicídio por dia e ao menos outras 50 tentam tirar a própria vida;
no mundo, uma pessoa se mata a cada 40 segundos;
segundo pesquisa da Unicamp, 17% dos brasileiros pensaram seriamente em cometer suicídio no decorrer de suas vidas;
de todos os casos, mais de 90% poderiam ser evitados;
quem tenta suicídio pede ajuda.
O entendimento dos especialistas é o de que a informação clara e objetiva pode salvar vidas, tal como já acontece em campanhas de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis, tabagismo, câncer, doenças do coração, dengue etc.
Graças a essa enorme desinformação de quem trabalha justamente com notícias, poucos de nós sabemos que o suicídio é caso de saúde pública no Brasil (segundo o Ministério da Saúde) e no mundo (de acordo com a própria OMS). Estima-se que no Brasil aproximadamente 26 óbitos por suicídio sejam registrados a cada dia.
O trabalho de valorização da vida e prevenção ao suicídio funciona 24 (vinte e quatro) horas diárias, inclusive aos sábados, domingos e feriados.
A cada 33 segundos uma vida é valorizada pelo CVV. A pessoa que procura o CVV tem assegurado o sigilo, a privacidade e o anonimato. Isso acontece num clima de profundo respeito e confiança.
Sua principal iniciativa é o Programa de Apoio Emocional realizado pelo telefone, chat, e-mail, VoIP, correspondência ou pessoalmente nos postos do CVV em todo o país. Trata-se de um serviço gratuito, oferecido por voluntários que se colocam disponíveis à outra pessoa em uma conversa de ajuda e preocupados com os sentimentos dessa pessoa.
“Os suicídios no país vêm aumentando de forma progressiva e constante: a década de 80 praticamente não teve crescimento (2,7%); na década de 90 o crescimento foi de 18,8% e daí até 2011 de 28,3%”, diz o coordenador do Mapa da Violência, um amplo levantamento das mortes por homicídio, acidentes de trânsito e suicídios no Brasil, professor Julio Jacobo Waiselfisz.
Por detrás das estatísticas oficiais, há o problema dos sub-registros – segundo o IBGE, 15,6% dos óbitos em geral não chegam a ser oficialmente registrados – e das subnotificações – de acordo com a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, o número correto de suicídios no Brasil pode ser até 30% maior em função do preenchimento impreciso dos atestados de óbitos. Em boa parte dos casos onde se lê “quedas”, “acidentes de trânsito” ou “acidentes com armas de fogo”, o que de fato aconteceu foi suicídio.
Em meio a tantas dificuldades para divulgar a urgência da prevenção do suicídio no Brasil, merece atenção o trabalho realizado há 51 anos pelo CVV.
Pela experiência dos voluntários, a escuta atenciosa já salvou muitas vidas. A experiência do CVV – elogiada por técnicos do Ministério da Saúde como a melhor iniciativa não governamental de prevenção ao suicídio no país – revela os efeitos colaterais de uma sociedade cada vez mais apressada e impaciente, onde a simples oferta de uma escuta amorosa, em boa parte dos casos, faz toda a diferença.
O CVV – Centro de Valorização da Vida em Natal faz, em média, 1.200 atendimentos telefônicos por mês através de dezenove (19) voluntários que dedicam seu tempo a ajudar o próximo, no atendimento 24h, ininterruptamente, pela escuta compreensiva e um diálogo de acolhimento visando à prevenção ao suicídio, no atendimento telefônico pelos números 141 ou 3221-4111.
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