Natalia Mota é psiquiatra e neurocientista e desenvolve sua pesquisa como pós-doutoranda do ICe/UFRN – Foto: José de Paiva Rebouças
A neurocientista Natalia Mota, membro do laboratório Sono, sonhos e memória, do Instituto do Cérebro da UFRN, foi a primeira brasileira e a única sul-americana indicada para concorrer ao prêmio Nature Research Award de 2019, na categoria Ciência Inspiradora. A iniciativa tem como objetivo homenagear mulheres cientistas excepcionais, a fim de incentivar e inspirar a próxima geração.
Ela e outras nove mulheres de todo o mundo foram escolhidas entre 150 submissões das diversas áreas da ciência e agora concorrem ao prêmio de 20 mil dólares e outros benefícios. A seleção, que está em sua segunda edição, foi realizada por especialistas independentes, membros da Estée Lauder Companies, funcionários e corpo editorial da Nature Research, incluindo a editora-chefe Magdalena Skipper.
Por estar na lista final das concorrentes, Natalia terá acesso a uma rede privada e espaço on-line de mentoria para interagir com as outras indicadas deste e do ano passado, trocar experiência com os jurados, editores da Nature e funcionários da Estée Lauder Companies. Além disso, participará de atividades a fim de conhecer mais a participação de mulheres em profissões para incentivar meninas a buscar carreiras nesses campos.
Para Natalia, a indicação é um incentivo e uma inspiração para continuar fazendo ciência em um momento tão complexo. “A gente trabalha em uma perspectiva difícil, com falta de recursos, lutando por bolsas, por financiamento e enfrentando muita dificuldade. Saber que lá fora tem gente que reconhece o nosso esforço, não só para mim, mas para as mulheres da ciência no nosso país, em especial no nosso Nordeste, nos dá nova energia e gás para continuar trabalhando”, disse.
Pela mulher na ciência
Grupo Sci-Girls se reúne para discutir o lugar da mulher na Ciência – Foto: José de Paiva Rebouças
Natalia Mota é uma cientista com experiência e em evidência. Sua seleção foi motivada não apenas por isso, mas também pelo incentivo e troca de experiências com outras mulheres que fazem ciência aqui no Rio Grande do Norte. Ela coordena um grupo de cientistas no Instituto do Cérebro da UFRN chamado Sci-Girls que se reúnem, com frequência, para trabalharem juntas e discutirem o papel da mulher no campo da pesquisa. Pelo menos dez meninas, experientes e iniciantes, compõem esta iniciativa atualmente.
Uma delas é Fernanda Palhano, que tem se destacado pelos estudos sobre o uso da ayahuasca no controle da depressão severa. Para ela, neste momento pelo qual passa o Brasil, é importante se cercar de pessoas que querem construir alguma coisa e têm motivação para isso. “Esse grupo é muito importante porque conseguimos nos apoiar mutuamente. Importante ainda a indicação de Natalia, representante do ICe e da UFRN, porque quando temos pessoas próximas com este destaque internacional, nos motivamos a acreditar naquilo que estamos fazendo. Sempre bom ter exemplos próximos de pessoas que passam pelas mesmas dificuldades que a gente”, depõe.
Juliana Alves Brandão estuda o comportamento social dos filhotes de modelos animais com autismo e acabou de chegar ao Sci-Girls. Ela destaca a semelhança com Natalia, pois, além de pesquisadoras, as duas também são mães. “É muito significativo a gente ver que conseguimos alcançar nossos objetivos mesmo tendo outras atividades e demandas em paralelo. Ficamos muito orgulhosas quando vemos uma mulher chegar lá no alto representando todas nós depois de termos acompanhado todo o seu esforço”, diz.
A estudante de doutorado em neurociências, Priscila Kelly da Silva Barros Nunes, integra o grupo coordenado e terá acesso aos temas debatidos na mentoria do prêmio por intermédio de Natalia. Para ela, essa é uma oportunidade para compartilhar as dificuldades de se trabalhar no Brasil sendo cientista. “Natalia representa bem estas dificuldades e ela mostra, a partir de sua experiência, como enfrentar essas dificuldades”, completa.
Para Natalia, o prêmio da Nature serve para quebrar o viés de sempre associar figuras masculinas com os avanças científicos. Neste sentido, ele incentiva iniciativas como as desenvolvidas no Instituto do Cérebro, que se esforçam para divulgar avanços científicos de ponta feitos ou liderados por mulheres. “Hoje as mulheres têm de mostrar duas, três vezes mais produção para conseguir o mesmo espaço que os homens e isso precisa mudar. Temos de incentivar que a mulher seja destaque em todas as áreas e profissões e continue contribuindo com o desenvolvimento da ciência”, reforça.
Análises computacionais
Foto: José de Paiva Rebouças
Médica psiquiatra, Natalia Mota tem se dedicado à neurociência, área em que estuda o comportamento humano por meio de estratégias computacionais de linguagem, desde o desenvolvimento típico em crianças, até o declínio cognitivo em pessoas com esquizofrenia. Nos últimos dois anos, uma série de estudos seus, que permitiu o desenvolvimento de um método diagnóstico para esquizofrenia a partir de sistema que utiliza grafos matemáticos, vem se destacando dentro e fora do Brasil.
Mediante esta pesquisa, ela e seus orientadores desenvolveram um sistema que auxilia profissionais da psiquiatria a identificar estes quadros pelo menos seis meses antes do habitual. O melhor de tudo é que o SpeechGraphs, nome dado à ferramenta, está disponível gratuitamente no site da instituição.
Por sua inovação, este trabalho venceu, em dezembro de 2017, a 16ª edição do Prêmio de Incentivo em Ciência, Tecnologia e Inovação, do Sistema Único de Saúde (SUS), na categoria “Trabalho Científico Publicado” e, um ano depois, o Prêmio Abril & DASA de Inovação Médica.
Com informações da UFRN
Parabéns Natália e sua equipe. Foi gratificante saber não só dos prêmios já ganhos e também por você ser nossa ex-aluna por sinal brilhante e inteligente, pela UF RN e por representar uma vitória da mulher no campo da ciência. Viva, avante e fico aguardando outras vitórias.
PARABÉNS UFRN
PARABÉNS EDUCAÇÃO
PARABÉNS CIÊNCIA
PARABÉNS AOS QUE, APESAR DOS CONSTANTES ATAQUES, CONTINUAM ACREDITANDO NA CIENCIA, NA EDUCAÇÃO E NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS.
E ainda falam que na UFRN só tem maconheiro.
Já já aparece um minion criticando a Ufrn.
Méritos da moça à parte, o custo-benefício das UFs é o pior possível. Se fosse bom estaríamos cheios de encubadorad co-patrocionadas pela iniciativa privada, de clusters de tecnologiaa e afins. Agora pesquisa cara e inútil sobre banheiro trans e teses na linha rouba-pq-é -pobre são o pau que mais tem.