Saúde

Clínicas privadas esperam ter uma vacina contra a covid-19 em julho

Foto: Vishal Bhatnagar/NurPhoto/Getty Images

Ainda não há uma data exata para que uma vacina contra a covid-19 chegue ao mercado privado no Brasil. Mas nas contas do presidente da Associação Brasileira de Clínicas de Vacina (ABCVAC), Geraldo Barbosa, o imunizante deve chegar no mês de julho. O cálculo é feito principalmente em razão de duas liberações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) feitas na semana passada.

A primeira delas foi o aval para a importação de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, do laboratório Bharat Biotech, compradas pelo Ministério da Saúde. O laboratório é o mesmo – e único até o momento – que negocia com o mercado privado a venda de 5 milhões de doses. A segunda foi a emissão do certificado de boas práticas do laboratório na Índia.

Apesar da primeira liberação não ser exatamente para o mercado privado, Barbosa diz que isso ajuda porque vai colocar no braço das pessoas um imunizante que logo depois será disponibilizado em clínicas de vacinas.

Antes de estar disponível, Geraldo Barbosa destaca que é necessário fazer alguns ajustes na lei que libera a compra de imunizantes pela iniciativa privada, desde que 50% sejam doados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Na avaliação do presidente da entidade que representa o setor, o problema é que a regra não diferencia uma empresa de uma clínica de vacina.

Há um outro projeto de lei em tramitação no Congresso que poderia resolver a questão. O texto, que foi aprovado pela Câmara em março e está atualmente parado no Senado, não equaciona a questão, mas Geraldo Barbosa conversa com parlamentares para faz alterações da redação.

“Se você fizer uma avaliação de quem poderia vender para o mercado privado, para as empresas, esse serviço seria oferecido pelas clínicas, e elas precisariam doar parte das vacinas. A lei diz que só as clínicas têm liberação específica para prestar serviço de vacinação. Então é um entendimento que precisa ser claro, mas na lei não ficou”, afirma.

Quando a discussão chegou ao Congresso, no começo do ano, a intenção do mercado privado era de participar da imunização contra a covid-19. Agora, a ideia é ser complementar, como já faz historicamente, aplicando 3% de todas as vacinas disponíveis no país anualmente.

Geraldo Barbosa conversou, com exclusividade com EXAME, e fala dos desafios para trazer um imunizante privado ao Brasil.

Como a liberação de importação da Covaxin e o certificado de boas práticas da fábrica na Índia emitidos pela Anvisa, avançam as negociações para ter uma vacina contra a covid-19 na rede privada?

As duas liberações são muito importantes. A de boas práticas faz parte do que estamos brigando, que é poder não só trabalhar com essa vacina mas também com outras que estão disponíveis vindas dessa fábrica. Essa liberação foi uma conquista importante e vale por dois anos, então estamos em um processo de ter várias vacinas. Agora, em um cenário mais real, vamos poder entrar com o pedido de uso de registro emergencial e o registro definitivo. Estamos esperando o Hospital Albert Einstein soltar os estudos da fase de estudo clínico para ter um processo de validação dessa vacina, que já é extremamente eficaz e segura.

Como estão os testes em seres humanos aqui no Brasil?

Até o final do mês devem sair os primeiros resultados. No primeiro dia em que o Einstein divulgou e liberou para fazer o cadastramento de voluntários, foi surpreendente o número de pessoas que demonstraram interesse. Está passando por um processo de validação, de escolher os 4.500 participantes. Este teste é uma continuidade do que foi feito com 26.000 pessoas na Índia. Todos os estudos que foram feitos na Índia estão sendo apresentados para a Anvisa no processo de submissão continuada.

O laboratório ainda não pediu o uso emergencial, eles deram alguma previsão de quando pretendem fazer isso?

Eles vão pedir o uso emergencial para poder aplicar as 20 milhões de doses do governo e já devem submeter nos próximos dias. A Bharat está entregando a documentação, tudo no padrão que a Anvisa exige. É um processo lento, mas é normal e que precisamos valorizar.

Quando vamos ter uma vacina no mercado privado?

O que está mais travando é o processo de registro na Anvisa. Esses documentos foram apresentados em março e a Anvisa não aceitou porque não estava no padrão. O que não foi aprovado em março foi aprovado agora dia 8 de junho. São os mesmos documentos. Perdemos um tempo muito grande por um rigor burocrático. É a mesma fábrica, é a mesma vacina. Até entendo, mas era o momento talvez que a Anvisa deveria flexibilizar. Se a vacina fosse liberada com condicionantes, como foi, por exemplo, já poderíamos ter usado. Eu acho que preferimos correr o risco com a doença do que o risco com a vacina, sendo que já tinha milhões de doses aplicadas na Índia. O nosso horizonte depende muito da Anvisa e da mudança da legislação, ou pelo menos a flexibilização, mas queremos em julho ter essa vacina no Brasil.

Tem a previsão do preço?

Ainda não porque o custo de seguro e o custo de logística não têm como calcular efetivamente. Qualquer coisa que eu fale agora é mera especulação. Mas o que mais vai impactar na vacina é o seguro porque ela é de um valor agregado muito alto.

A quantidade de doses permanece em 5 milhões de doses?

A negociação continua com cinco milhões de doses. A Bharat quer entrar no mercado privado brasileiro, então é uma definição estratégica da indústria. Agora, o que estamos dependendo é tirar uma barreira que o Legislativo colocou, com a lei 14.125. Estamos brigando em Brasília para que eles se conscientizem que o mercado privado regular não faz parte do mercado que eles consideram o privado. O mercado de indústria é diferente das clínicas privadas no Brasil, que já prestam o trabalho há muito tempo e é regulamentado pela Anvisa especificamente para isso.

Sobre a vacinação de crianças, esse público deve ser atendido apenas no final do ano ou em 2022? As clínicas privadas poderiam atender esse público?

Como só a Pfizer tem um estudo para aplicação em crianças a partir de 12 anos no Brasil e ela não abriu nenhuma negociação com o mercado privado, é difícil de fazermos essa projeção. Não há nada ainda que possamos criar uma expectativa para a imunização de pessoas entre 12 e 17 anos.

O projeto de lei que passou rápido pela Câmara e agora está parado no Senado. Você chegou a conversar com parlamentares sobre o projeto?

Tivemos uma reunião no começo da semana retrasada em Brasília justamente tratando sobre isso porque queremos que a Anvisa e o Ministério da Saúde se posicionem de forma concreta. Eles entendem o que é o mercado regulamentado de clínicas de vacinas. Se você fizer uma avaliação de quem poderia vender para o mercado privado, para as empresas, esse serviço seria oferecido pelas clínicas, e elas precisariam doar parte das vacinas. A lei diz que só as clínicas têm liberação específica para prestar serviço de vacinação. Então é um entendimento que precisa ser claro, mas na lei não ficou.

Como está a preparação das clínicas?

As clínicas estão prontas. Uma adaptação que talvez seja necessária é para usar o super freezer para trabalhar com a vacina da Pfizer, mas ainda não tem um horizonte mínimo para dizer que vamos vai ter essa vacina. Com essa guerra política, perdemos o foco do que realmente é importante. Vou te dar um exemplo, temos um mercado de 10% da vacina contra influenza. Se não fosse isso, 10% da população estaria sem tomar vacina.

Há risco de alguém tomar uma vacina no Sistema Único de Saúde e no mercado privado?

Nós temos acesso ao sistema do Programa Nacional de Imunizações para inserir os dados de quem se vacinar. Também temos acesso ao SI-PNI para saber qual vacina a pessoa já tomou, por exemplo. Mas para ter essa informação eu dependo que o local de aplicação já tenha registrado no sistema, e isso demora alguns dias para atualizar.

Há conversas com outros laboratórios, além do Bharat?

Nenhum laboratório no mundo abriu negociação com o mercado privado. Então, a única empresa que manteve a negociação que está tratando com o objetivo real de ter a vacina no mercado privado é a Bharat. A maioria dos produtos que ela vende é para o mercado privado, tanto na Índia, quanto nos Estados Unidos e outros países. Ela quer continuar fazendo o que faz, que é atender o mercado privado, que corresponde a 30% das vendas do laboratório.

Com a vacinação pública lenta, houve aumento do interesse das pessoas por uma vacina privada?

Como está demorando a vacinação do país, as pessoas estão tentando achar uma solução mais imediata. Ninguém aguenta mais essa situação e não se sabe quando vamos vacinar uma pessoa com 20 anos. E esta pessoa está na produção, no dia a dia, indo e voltando do trabalho. Nós temos a capacidade de aplicar 4 milhões de doses mais fácil.

Com uma vacina aprovada, em quanto tempo chegaria a uma clínica?

O processo de transporte de vacinas é muito rápido porque ele usa basicamente transporte aéreo. Liberou a vacina na Índia, no segundo dia ela já tá no Brasil. Aí passa por um processo acelerado de liberação, e no máximo em 7 dias todos os pontos que forem ter vacinas vão ter.

Quantas clínicas têm interesse em ter uma vacina contra a covid-19?

Na associação saímos de 100 CNPJs para 600. Hoje o universo de clínicas, com CNPJ no Brasil, é de 3.800. E esse universo não para de crescer. Eu acredito que em 2022 vamos estar próximos a 4.500 empresas, com mais de 15 mil pontos de vacinação.

Como está a vacinação contra a influenza? Há baixa procura?

Nunca se falou tanto em vacina e nunca se aplicou tão pouco. A cobertura está muito bombardeada pela vacina de covid-19 e eu acho que o esquema vacinal vai ficar em um patamar histórico negativo, considerando as outras vacinas. Não alcançamos nem 50% do público-alvo de nenhuma vacina para este ano. Isso é muito preocupante porque estamos muito focados na covid-19. O isolamento diminuiu a incidência de muitas doenças, mas o nosso temor é que a hora que liberar a circulação das pessoas, as doenças que estavam controladas vão voltar.

Exame

 

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Gastronomia

Do Paraná ao Piauí, o Papo de Fogão leva você numa viagem de sabores

O seu fim de semana vai ficar ainda melhor com as receitas que o Papo de Fogão vai trazer para você bombar nos almoços entre amigos. O Chef Rodrigo Trentini, do Bona Trattoria, de Foz do Iguaçu/PR vai preparar uma Paleta de cordeiro ao forno com fettuccine ao pesto de pistache que derrete na boca e é cheia de sabor. E a Dica Rápida vai ser preparada pela a Chef Rose Mardöll, do D’Corthes Carnes Nobres de Teresina/PI, um delicioso e tradicional Arroz Maria Isabel de carneiro de sol.

SÁBADO
BAND
MARANHÃO, 7h
CEARÁ, 8h
PIAUÍ, 8h
PARAÍBA
TV CORREIO/RECORD, 13h30

DOMINGO
RIO GRANDE DO NORTE – TV TROPICAL/RECORD, 10h

Ou no nosso canal do YouTube
http://youtube.com/c/PapodeFogao

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Brasil

Barroso nega impedimentos e libera Dino e Zanin para julgar Bolsonaro

 

Foto: IGO ESTRELA/Metrópoles

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, liberou os colegas Flávio Dino e Cristiano Zanin para participarem da análise da denúncia dos 34 denunciados pela PGR por tentativa de golpe de Estado. Barroso negou pedidos das defesas, incluindo a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um dos denunciados, para que os dois ministros indicados pelo presidente Lula (PT) fossem afastados do processo.

Os reclamentes alegaram que os dois já processaram ou atuaram em causas contra o ex-presidente da República denunciado.

No caso de Dino, cuja reclamação das defesas cita que foi ministro da Justiça do governo Lula na época dos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023, Barroso transcreveu na decisão argumentos do próprio ministro:

“Jamais atuei em investigações sobre os eventos do dia 8 de janeiro. Na condição de Ministro da Justiça possuía apenas a atribuição de supervisão administrativa da Polícia Federal, sem interferir na atividade finalística”, alegou ele. “Não subsiste qualquer causa que impeça a análise técnica de fatos relacionados ao arguente, como provado em outros processos nos quais ele próprio figurou como parte ou interessado”, concluiu Dino.

Denúncia da PGR
A Procuradoria Geral da República denunciou o ex-presidente Bolsonaro e outras 33 pessoas, incluindo os generais Braga Netto e Heleno, ex-ministros, por suposta tentativa de golpe de Estado após a vitória eleitoral de Lula 2022.

Metrópoles

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Geral

MPRN recomenda medidas para garantir operação do Carnaval 2025 diante de ameaça de boicote policial

Foto: reprodução

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) emitiu uma recomendação à Delegacia-Geral de Polícia Civil (Degepol) e à Corregedora-Geral de Polícia Civil para que adotem providências a fim de manter todos os serviços policiais planejados para a operação Carnaval 2025 em todo o Estado.

A recomendação, que será publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) deste sábado 1, surge em resposta à ameaça de boicote por parte de sindicatos e associações de policiais civis, que pressionam pela regulamentação do pagamento de auxílio-alimentação.

O MPRN também recomendou a apuração da responsabilidade funcional ou penal de policiais civis, incluindo os licenciados para mandato classista, que cometam transgressões disciplinares ou infrações penais.

Entre as transgressões listadas estão insubordinação, descumprimento de ordens superiores, negligência, falta ao serviço, abandono de serviço, suspensão ou abandono coletivo de trabalho e atentado contra serviço de utilidade pública.

A ameaça de boicote ocorre como forma de pressionar o governo estadual a regulamentar o auxílio-alimentação. O MPRN destacou que a paralisação dos serviços policiais, especialmente durante um evento de grande porte como o Carnaval, coloca em risco a segurança da população e dos turistas.

“O inquérito civil instaurado não questiona a justiça da reivindicação dos policiais ou do direito ao auxílio-alimentação, todavia, a forma de pressionar o Governo do Estado a cumprir o direito conferido por lei não pode, em hipótese alguma, envolver a paralisação ou inexecução de serviços policiais”, afirmou o órgão.

A recomendação foi baseada em denúncias, reportagens e postagens em redes sociais em que dirigentes de entidades classistas orientam filiados a participarem das operações policiais apenas mediante o pagamento de diárias operacionais, condicionando a atuação à implantação do auxílio-alimentação.

O MPRN ressaltou que a greve, total ou parcial, em qualquer modalidade, é vedada aos policiais civis no país, por exercerem atividades essenciais à justiça criminal e à segurança pública.

A operação Carnaval 2025 no Rio Grande do Norte depende agora da adoção das medidas recomendadas pelo MPRN para evitar impactos na segurança durante as festividades.

RN Agora

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Mundo

Zelensky cancela eventos públicos em Washington após discussão com Trump

Foto:reprodução

A visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que estava planejada para esta sexta-feira (28) no Hudson Institute, em Washington, foi cancelada após a discussão em que ele esteve envolvido horas antes com Donald Trump.

A informação sobre o cancelamento da agenda foi confirmada pelo vice-presidente executivo do grupo, Joel Scanlon.

Além disso, a visita de Zelensky prevista para mais tarde na Ukrainian House, em Washington, também foi cancelada, de acordo com uma autoridade ucraniana.

Os chefes de Estado discutiram depois que Zelensky fez críticas à postura dos governos dos Estados Unidos diante das ações russas para anexação de territórios ucranianos, entre 2014 e 2022.

CNN

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Carnaval 2025

Carnaval 2025 terá linha especial de transporte em Parnamirim

Foto: reprodução

A empresa Trampolim da Vitória vai realizar a operação de uma linha especial de ônibus para atender os foliões durante o Carnaval. Entre os dias 1º e 4 de março (de sábado à terça-feira), a linha municipal Passagem de Areia/Pirangi Praia estará em operação, garantindo o atendimento a demanda e proporcionando otimizar os deslocamentos entre diferentes pontos de Parnamirim.

A iniciativa busca oferecer uma opção segura e acessível de transporte para a população, facilitando o deslocamento dos passageiros entre diferentes pontos do município de Parnamirim. A operação é resultado entre uma parceria da empresa Trampolim da Vitória e a Prefeitura de Parnamirim.

Itinerário

Com um itinerário abrangente, a linha especial passará por diversas vias estratégicas, garantindo acesso a importantes pontos de concentração de foliões e áreas residenciais. O trajeto de ida inclui pontos como o Terminal linha B, bairro Bela Vista, Ginásio Passagem de Areia, Rotatória Vida Nova, Jóquey Clube, Festa do Boi, Posto Chianca, Centro de Parnamirim, Estrada de Pium, Praia de Cotovelo e Cajueiro de Pirangi.


Horários da operação

Para garantir a comodidade e atender a alta demanda esperada durante o período festivo, os horários de operação da linha foram estrategicamente definidos, com saídas regulares entre 6h e 17h. A frequência permite que os clientes possam se programar melhor e usufruir do transporte público como alternativa viável para evitar congestionamentos e gastos elevados com transporte de aplicativo.

A operação especial reforça o compromisso da Trampolim da Vitória com a mobilidade urbana e a segurança viária. Durante o período de festa, o transporte coletivo assume papel fundamental na redução do número de veículos particulares nas vias, contribuindo para a fluidez do trânsito e prevenindo acidentes relacionados ao consumo de álcool e direção.

Ponta Negra News

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Brasil

Mandato de Dilma no banco do Brics tem metas atrasadas, relatos de assédio moral e alta rotatividade

Foto:Mauro Pimentel

Prestes a iniciar um segundo mandato à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics, a ex-presidente Dilma Rousseff deixou um rastro de metas atrasadas, relatos de assédio moral, demissões e críticas por má gestão na instituição desde que assumiu, em abril de 2023.

Documentos obtidos pela Folha mostram que o NDB está atrasado no cumprimento da grande maioria de suas metas e tem rotatividade de funcionários (15,5%) três vezes maior do que a média em bancos multilaterais de desenvolvimento (5%), segundo relatório de avaliação independente do banco. Desde que Dilma assumiu, ao menos 46% dos funcionários brasileiros (14) deixaram o banco. Avaliações internas apontam que “limitações em delegar autoridade” contribuem para “atrasos na tomada de decisões e baixa eficiência na implementação”. As informações são da Folha de São Paulo.

A situação no banco foi descrita como disfuncional e de paralisia por funcionários ouvidos pela Folha.

As críticas foram corroboradas no voto de Prasanna Salian, diretor da Índia, em reunião do conselho de diretores sobre a Revisão de Médio Prazo da estratégia geral do banco no ano passado. “O banco está atrasado no cumprimento da maioria de suas metas estratégicas para o período de cinco anos (2022-2026)”, diz Salian, diretor do departamento de assuntos econômicos do Ministério das Finanças da Índia, no documento obtido pela Folha.

Segundo Salian, apenas 20% da meta de concessão de crédito do banco foi atingida, e o NDB está muito aquém dos objetivos de operações não soberanas (10,7%, diante da meta de 30%). Apenas um projeto (4%) foi cofinanciado (meta era 20%).

“A administração deve fazer esforços imediatos para melhorar a execução do banco e reduzir o atraso [no cumprimento das metas] nos próximos anos”, disse Salian em voto escrito. “De forma geral, há uma necessidade urgente de priorizar atividades, usar recursos limitados de forma criteriosa, ter planejamento efetivo esforços rigorosos para execução e coordenação eficiente.”

Procurada, a assessoria do NDB disse que não comentaria sobre o voto. “Os votos dos membros do NDB não são informação pública e não devem ser divulgados”, disse a assessoria.

A Folha conversou com seis funcionários e ex-funcionários do banco e do governo brasileiro que trabalham diretamente com Dilma. Por medo de represálias, eles pediram para não ser identificados. Todos afirmaram que o banco está paralisado e que o nível de assédio moral é muito alto.

Segundo vários relatos, Dilma frequentemente grita com os funcionários, em broncas que podem ser ouvidas em outros andares da instituição. Ela chamaria os funcionários de “burro” e “burra”, “ignorante”, além de dizer diz “você não presta para nada”, “você não serve para porra nenhuma” e “você nunca mais vai arrumar outro emprego”, “você escreve com os pés”.

Ela teria dito a um funcionário chinês que ele precisava “lavar atrás das orelhas”.

Outro relato frequente é que ela se nega a dar folgas, principalmente aos funcionários que trabalham diretamente com a presidente, e que os trabalhadores são forçados a jornadas que vão das 6h às 21h todos os dias da semana. Dois funcionários relataram ter procurado assistência psicológica.

O relatório anual do banco de 2023 não foi publicado até hoje, nem o de 2024. Os outros relatórios, relativos a 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022 estão disponíveis no site do banco.

Já o relatório do Escritório de Avaliação Independente do NDB, assinado pelo diretor-geral Ashwani K. Muthoo, em 20 de maio de 2024, apresenta um retrato sombrio.

“O volume de empréstimos do banco ficou aquém do que foi previsto na estratégia geral para 2017-2021 e desacelerou ainda mais em 2022 e 2023”, diz o documento. “Há espaço para melhorar a cultura organizacional, os processos de gestão e de pessoas para aumentar a eficiência do banco para poder cumprir seu mandato.”

Além dos problemas de gestão, os relatórios internos apontam que a situação política, com a presença da Rússia no banco, aumentou o custo de captação e reduziu a competitividade.

Diz também que a “alta rotatividade” afeta a capacidade de o banco de funcionar.

Os relatórios também apontam paralisia na expansão do banco. Sob Marcos Troyjo, juntaram-se à instituição Egito, Emirados Árabes Unidos e Bangladesh. Na gestão Dilma, nenhum novo membro.

“Em suma, o NDB ainda não conseguiu se estabelecer completamente como um banco de desenvolvimento com foco em impacto como determinado em sua carta de fundação”.

Outro relatório do escritório independente, também obtido pela Folha, afirma que “a ausência de um processo de tomada de decisão ágil e consistente também compromete a capacidade de resposta e a eficiência geral do banco. Sem mudanças substanciais em seus processos e procedimentos, o banco continuará enfrentando sérios obstáculos para cumprir seu mandato”.

Procurado, o chefe de gabinete de Dilma, Marco Túlio Mendonça, que é assessor direto da presidente, não respondeu a mensagem de WhatsApp com perguntas e não atendeu a uma ligação.

Procurada, a assessoria de imprensa do NDB afirmou que as metas são para cinco anos, não para um ano. “Não é apropriado concluir que o NDB não atingiu as metas, pois o ciclo estratégico ainda está em andamento”, disse a assessoria. Os relatórios do escritório de avaliação independente do banco e o voto de diretor do conselho apontam que o cumprimento das metas está muito atrasado.

A assessoria afirma também que a primeira metade do ciclo estratégico de 2022-2026, de 1º de janeiro de 2022 a 30 de junho de 2024, foi dividida igualmente entre a administração de Troyjo e Dilma. “Quando a presidente Dilma chegou, em março de 2023, o banco enfrentava uma grave crise de liquidez. Ele havia passado 15 meses sem realizar uma emissão em dólares.”

O banco informou que, quando Dilma assumiu, os desembolsos de financiamentos foram “temporariamente suspensos por causa de preocupações com liquidez”. Mas afirma que, na gestão da brasileira, o banco como um todo teve “crescimento significativo” e que o balanço no final de 2024 mostra “forte recuperação e expansão”.

A assessoria afirmou que o único ano em que a rotatividade foi alta, de 15%, foi 2023. Segundo o banco, em 2024, essa porcentagem se normalizou em 5%. Como os relatórios anuais do banco dos anos 2023 e 2024 não foram publicados, não é possível checar. A reportagem da Folha pediu documentos oficiais com números de saídas de funcionários, mas não recebeu.

No caso dos funcionários brasileiros, a assessoria afirmou que, em 2022/2023, a taxa de rotatividade foi de 43%. Mas, segundo o banco, em 2024, esse número caiu para 16%.

“O NDB não viu qualquer queda na produtividade ou eficiência em relação às taxas de rotatividade.”

Em relação aos relatos de assédio moral, a assessoria do banco respondeu: “O NDB não vai comentar as alegações em relação a assédio moral, pois não há casos de assédio moral no departamento de conformidade e investigações do banco relacionados à presidente”.

A assessoria afirmou também que o horário de funcionamento do banco é das 9h às 17h15, nenhum funcionário do banco é obrigado a começar a trabalhar às 6h e todos os funcionários do banco têm folgas normais e regulamentadas. A reportagem mantém que funcionários do banco e do governo brasileiro que trabalhavam diretamente com a presidente relataram a carga horária excessiva e falta de folgas, e muitos pediram demissão.

Em relação ao fato de nenhum país ter entrado como novo membro no banco durante a gestão Dilma, a assessoria disse que “o NDB amplia sua adesão sob a aprovação de seu Conselho de Governadores e Conselho de Diretores”.

Folha de S.Paulo

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Economia

Dólar dispara a R$ 5,90 com anúncio de Gleisi no ministério. Bolsa cai

Foto:Hugo Barreto/Metrópoles

O dólar disparou na tarde desta sexta-feira (28/2), com o anúncio de que a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, é a nova ministra das Relações Institucionais.

Já no cenário externo, o mercado financeiro acompanha a reunião entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Washington, e repercute dados de inflação nos EUA.

Gleisi ministra

No cenário doméstico, os investidores estão atentos às discussões a respeito da reforma ministerial levada a cabo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nesta semana, Lula demitiu a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e designou o petista Alexandre Padilha (atual ministro da Secretaria de Relações Institucionais) para ocupar o posto.

O mercado esperava a definição sobre quem sucederia Padilha na articulação política do governo com o Congresso, considerada um dos pontos críticos da atual gestão.

Entre os nomes que ganharam força nos últimos dias – e que desagradam ao mercado –, já estava o de Gleisi Hoffmann, que foi confirmada por Lula no início da tarde de hoje.

METRÓPOLES 

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Acidente

(VÍDEO) Veja momento em que helicóptero dos bombeiros realiza resgate em praia de Areia Preta


Corpo de bombeiros é acionado para o regaste de  vítima em afogamento na praia de Areia Preta no Rio Grande do Norte.

O episódio aconteceu na tarde dessa sexta-feira (28).

Nas imagens é possível ver o trabalho dos bombeiros em ação, inclusive com ajuda de um helicóptero.

Até o momento da publicação dessa matéria, não foram divulgadas informações sobre a vítima.

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Mundo

Após discussão de Trump e Zelensky, países não assinam acordo de minerais

Foto:Andrew Harnik/Getty Images)

Após um bate-boca ocorrido nesta sexta-feira (28) entre os presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e dos Estados Unidos, Donald Trump, os dois países não assinaram um acordo que previa a exploração norte-americana de minerais em solo ucraniano. A informação sobre a não-assinatura do acordo foi dada por fontes da Casa Branca à agência Reuters.

Segundo essa fonte, Trump não descartou um acordo, mas que isso não deve ocorrer até que a Ucrânia “esteja pronta para ter uma conversa construtiva”. Dependia dos ucranianos se a coletiva de imprensa conjunta cancelada dos líderes poderia ser remarcada enquanto Zelenskiy permanecesse nos EUA, disse o funcionário.

O alto funcionário do governo dos Estados Unidos ouvido pela Reuters acrescentou que cabe aos ucranianos decidir se a entrevista coletiva cancelada nesta sexta poderá ser remarcada enquanto Zelensky estiver em território norte-americano.

Discussão acalorada

Durante a reunião ocorrida hoje, Zelensky criticou governos dos EUA por não terem agido para impedir as ações do presidente russo, Vladimir Putin, de anexação de territórios entre 2014 e 2022.

Irritado, Trump disse que o ucraniano estava apostando em milhões de vidas e na terceira guerra mundial –e repetiu que Zelensky não tem cartas para negociação. O vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, afirmou que Zelensky deveria ser grato ao governo americano e perguntou: “quantas vezes você disse ‘obrigado’ nessa reunião?”.

Minutos depois da discussão, os presidentes seguiram para uma reunião interna –e logo a imprensa foi avisada de que a coletiva de imprensa tinha sido cancelada. Trump publicou um comunicado nas redes sociais dizendo que Zelensky deve voltar quando quiser paz.

CNN

 

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RN

Serviços de drenagem para minimizar alagamentos na engorda de Ponta Negra começam nesta sexta-feira (28)

Foto: SEINFRA

Entram em funcionamento os 16 dissipadores de energia no aterro hidráulico da praia de Ponta Negra a partir desta sexta-feira (28). O sistema faz parte da etapa final das obras de engorda da praia e tem o objetivo de reduzir a força da água das chuvas que escoam desde o bairro de Ponta Negra até o litoral, minimizando riscos de alagamentos e erosão.

Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), os dissipadores desempenham um papel essencial ao controlar a vazão da água pluvial, preservando a estrutura da faixa de areia ampliada. A obra de engorda foi concluída no início deste ano, e a implantação do sistema de drenagem representa a última fase do projeto.

“Com a conclusão dos dissipadores, a drenagem entra em funcionamento, reduzindo a força das águas pluviais que descem desde o início do bairro de Ponta Negra e escoam para a praia. Os dissipadores estão distribuídos em pontos ao longo da orla, atendendo às necessidades e minimizando os efeitos das chuvas”, explicou a secretária da Seinfra, Shirley Cavalcanti.

Além da ativação dos dispositivos, a Secretaria também trabalha na finalização dos acabamentos e tampas dos dissipadores, garantindo a segurança e eficiência do sistema. Com essa entrega, a expectativa é que a estrutura da praia seja preservada a longo prazo, evitando desgastes causados pelo impacto das águas pluviais.

Ponta Negra News

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