O Blog do BG já tinha antecipado o fato: a renúncia do presidente do América, Clóvis Emídio. Nesta tarde chuvosa de quarta, veio a confirmação da notícia que demos em primeira mão. Clóvis entregou ao Conselho Deliberativo sua carta-renúncia, agradeceu seus pares e abordou temas interessantes que valem a pena uma leitura detalhada.
O fato é que o América, com a saída de Clóvis, terá uma junta governativa que começará a definir os destinos do clube. Inclusive, o nome do novo treinador, que deverá ser mesmo Francisco Diá. Vale a pena lembrar que Clóvis já tinha avisado: “Enquanto fosse presidente, Diá não voltaria ao América.”
Com sua saída, o retorno de Diá é questão de dias. Eis a carta renúncia:
Do: Conselheiro Clovis Antonio Tavares Emidio
Ao: Exm° Senhor Presidente do Conselho Deliberativo do América Futebol Clube
Senhor Presidente,
Em outubro próximo passado vi-me Presidente do Conselho Diretor do nosso glorioso América Futebol Clube, sem que houvesse planejado ou idealizado tal mister. Sou honesto em declarar que esse ideal vem de há muito sendo alimentado por mim, mas de uma forma mais amadurecida, planejada, projetada e que propicie aos torcedores americanos a possibilidade de definir os rumos do seu Clube do coração, decidir pelo que seja melhor para a nossa agremiação. É assim que imagino o nosso América: administrado por um conselho que envolva, acima de tudo, os torcedores que representam a razão maior da existência do “Vermelhão da Rodrigues Alves”. Aí sim estaremos fazendo prevalecer os interesses do Clube e não privilegiando os interesses de alguns ou alimentado as vaidades de poucos. Mas, enfim, aconteceu muito antes do que imaginei e, como todos sabem, de uma forma tão abrupta e repentina que não me ofereceu espaço para construir, ou melhor, materializar o projeto que sonho desenvolver à frente do nosso Mecão. Com a saída do amigo Dr. José Maria Barreto de Figueiredo, vi-me impingido a gerir o Clube em um momento deveras delicado, no qual se prenunciava um rebaixamento de série no Campeonato Brasileiro. E aqui, permita-me um parêntese, continuo considerando que Zé Maria é um dos maiores americanos que existem neste Clube e que foi imensamente injustiçado e boicotado durante a sua última gestão. Pois bem, naquele momento falou mais alto o sentimento do torcedor de todas as jornadas, aquele que nem imagina a possibilidade de licenciamento para o nosso Clube, a despeito do que se vem apregoando e alardeando de forma insistente nos meios de comunicação mais recentemente, conversei com Zé Maria sobre a necessidade de dar curso à gestão, pelo menos até a conclusão do campeonato brasileiro e assumi a gestão do Clube. Na reunião desse Conselho, para que eu fosse empossado, fiz ver aos pares que era impossível reconstruir ou reerguer o Clube sem contar com todas as correntes que o compõem, sem contar com o apoio daqueles que por diversas vezes estiveram à frente nas decisões e definições adotadas e, principalmente, sem contar com a presença da torcida em todos os jogos do América, já a partir do Campeonato Estadual. Assumi a gestão do Clube e busquei por todas as formas possíveis evitar a debacle na série B, redefinindo plantel e comissão técnica, mobilizando a massa americana a comparecer aos jogos, embora a nossa situação fosse desesperadora. E para nosso orgulho conseguimos fazer o Machadão reviver os seus dias de lotação completa, emoldurado pelo vermelho maravilhoso e pela euforia que só a nossa torcida é capaz de propiciar. Veio o rebaixamento e com ele o “abandono”, a solidão própria do cargo nos momentos difíceis. Busquei mais outras vezes me ancorar no apoio dos “cardeais rubros” mas, por razões que o tempo há de revelar, não logrei êxito e, o que é pior, fiz atrair a oposição de alguns que, discordando da minha forma de administrar e de agir, preferiram optar por criar obstáculos à minha gestão, como que se o prejuízo refletisse sobre as minhas idéias, sobre o meu projeto, e não sobre os interesses do América Futebol Clube. E essas dificuldades, somadas àquelas de ordem financeira que têm se tornado rotineiras na vida do Clube contribuíram para que não tivéssemos êxito mais uma vez no campeonato estadual.
Diante de tantas dificuldades, consciente de que a minha permanência neste momento à frente da Direção do Clube, por contrariar interesses de pessoas que influenciam em decisões que representam as soluções de vários dos nossos problemas, traria mais prejuízos do que benefícios, decidi por renunciar ao cargo de forma irrevogável. E o faço constrangido, amargurado, mas com a convicção de que fui fiel ao compromisso assumido em outubro, quando jurei zelar pelos interesses maiores da agremiação e combater a prevalência de interesses particulares sobre os interesses maiores do Clube e da torcida.
Mas, a quem interessar possa, saibam que o sonho de ver o América Futebol Clube administrado por Conselhos Deliberativo e Diretor que privilegiam ou que defendem exclusivamente os interesses da nossa torcida está mais vivo do que nunca. Saio da Presidência e me reverto à condição de torcedor e de conselheiro vigilante e fiscalizador dos interesses do nosso Mecão. Doravante se instala na política do América Futebol Clube um grupo que, exclusivamente, pugnará pela defesa dos interesses do nosso Clube e, por conseqüência, da nossa torcida.
Por fim registro, com todo o destaque que possa ser conferido, o papel importantíssimo que desenvolveu a Diretoria que me acompanhou nessa missão. Meus agradecimentos a EDUARDO PAGNONCELLI (Diretor Financeiro), PEDRO PAULO BEZERRA e WILLIMAN OLIVEIRA (Diretoria de Marketing), KLEBET CARVALHO (Assessor Jurídico), CÉSAR LIMA (Secretário Executivo) JALVAN ANDRADE (Diretor de Futebol), CARLOS GURGEL, HÉLIO SANTA ROSA e ASSIS ALCOFORADO (Diretoria Social), CLÁUDIO BEZERRA (Diretor de Patrimônio e Obras) MARCELO MONTENEGRO (Assessor de Imprensa), ANTONIO CRISPIM (Diretor Administrativo) e FERNANDO NÉSI (Diretor de Esporte Amador).
Ao Conselho Deliberativo os meus agradecimentos e os votos de que se imponha sempre de forma a fazer prevalecer os interesses maiores do nosso querido América Futebol Clube.
Natal, 04 de maio de 2011.
Clovis Antonio Tavares Emidio
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