Depois de muitas interpretações e confusões sobre a real situação de irregularidades apontadas no relatório da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que teve como único objetivo investigar os contratos da Prefeitura de Natal, os vereadores da nossa querida Câmara Municipal de Natal, mais especificamente da bancada da prefeita Micarla de Sousa, deram um exemplo de como fazer tudo terminar em pizza.
O relatório de autoria do vereador Bispo Francisco de Assis fraco, sem punições, sem nomes de indiciados e faltando vários documentos foi aprovado. Quem ficou a ver navios foi a sociedade que aguardava mais compromisso com o mandato, porque eles foram escolhidos por nós, e não essa sensação de impunidade com um documento que precisava de complemento.
Vale lembrar que o vereador Júlio Protásio era o relator. Ele falou a esse blog que renunciou a relatoria por ter sido condenado em primeira instância na Operação Impacto, aquela dos vetos no Plano Diretor de Natal que envolveu políticos e empresários de olho na valorização da Zona Norte. Quando renunciou, o ex-relator me garantiu que tinha feito um relatório com 250 páginas bastante duro, rígido o suficiente a ponto de pedir o indiciamento de várias pessoas. Mas não o faria porque condenado na Impacto, iriam tentar demoralizar o seu relatório.
Após aprovado o relatório da forma como foi entregue, a vereadora Sargento Regina que trabalhou ao lado de Júlio na CEI, indignada com o conteúdo fraco do relatório decidiu apresenta um adendo fazendo exatamente o complemento necessário.
Como de praxe em algumas matérias consensuais, quem está do jeito que está concorda com a aprovação e quem se manifesta é contra. Só o Vereador Aquino Neto se manifestou contra o adendo de Regina. Adendo aprovado? Errado! Num típico tapetão, pós-aprovação, foi pedida uma recontagem que mais parecia uma nova votação, inclusive com direito a declaração de voto.
Chegada a votação-tapetão, o mesmo vereador Júlio Protásio, que me garantiu dureza contra os responsáveis votou contra o adendo da Sargento Regina que ia mostrar exatamente o que ele já tinha escrito. Pior, dizendo que estava votando contra porque estava analisando o voto de Regina na CEI. Pera lá. Uma coisa não justifica a outra. E agora? Voltou atrás? De que adiantou escrever tudo dizer que vai fazer, mas na hora dar pra trás?
Não bastando, veio a pérola do vereador-escudeiro da prefeita Micarla de Sousa, Enildo Alves. O líder da prefeita na Câmara em uma atitude nada democrática avisou: “Nós da bancada da situação votamos a favor da prefeita conhecendo ou não conhecendo a matéria”. Vou repetir o que Enildo falou, “Nós da bancada da situação votamos a favor da prefeita conhecendo ou não conhecendo a matéria”. Ou seja, o povo que se exploda. O importante é Micarla. Ela em primeiro lugar. O povo vem depois. Que exemplo de parlamentar.
Esse mesmo exemplo foi seguido pelo restante da bancada governista que é maioria na Casa. Os parlamentares simplesmente ignoraram a entrada do anexo de Regina junto a documentação que vai ser entregue ao Ministério Público.
Para não ver o arquivamento do trabalho por causa do rolo compressor da base de Micarla, a vereadora Júlia Arruda optou por tirar a matéria da pauta. Como repetiu inúmeras vezes o vereador Ney Lopes Jr., “Quem não deve não treme”. Aliás, “Não teme”. Mas não parece ser isso o que está acontecendo. Se o trabalho em complemento ao relatório da CEI proposto pela vereadora é realmente sério merece, com certeza, chegará às mãos do MP.
Terça-feira é dia de pizza em dobro em várias pizzarias de Natal. Acho que a Câmara está distribuindo pizzas salgadas e doces, principalmente no sabor marmelada com um toque de pimenta nos olhos dos eleitores.
Parabéns Júlia Arruda, George Câmara, Raniere Barbosa, Assis Oliveira, Sgt Regina, Luíz Carlos e Adão Eridan que foram a favor do adendo de Regina.
Ah! Nunca é demais lembrar que as eleições municipais para reeleição de todos os parlamentares que compõem a Câmara será no dia 7 de outubro.
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