A Copa do Mundo de 2014 pode ter a primeira fase mais eletrizante da história da competição, com até três “grupos da morte” e a possibilidade de uma superchave reunindo três campeões mundiais – é possível, entre várias combinações que empolgariam qualquer fã, que Brasil, Itália e França caiam no mesmo grupo, por exemplo.
A Fifa (Federação Internacional de Futebol) divulgará as regras do sorteio da Copa, com os respectivos integrantes de cada pote, apenas em 3 de dezembro, três dias antes do evento na Costa do Sauípe que definirá as chaves. Nesta semana, no entanto, a entidade adiantou que a composição dos potes obedecerá a critérios “geográficos e esportivos”. Com base nessa informação, o UOL Esporte fez um exercício de imaginação sobre quais podem ser os potes do sorteio e os “grupos da morte” da Copa no Brasil.
Três fatores mexeram significativamente com as possibilidades hierárquicas de configuração para o sorteio da Copa: a promoção de seleções médias como Bélgica e Suíça ao topo de grupos graças à posição delas no ranking de outubro da Fifa – o que colocou campeões como Itália e Inglaterra fora do pote dos cabeças de chave -, a situação da França, que deve ficar à parte do pote que reunirá as maiores potências europeias e por isso virou peça-chave na formação de um supergrupo da morte, e o fortalecimento da Conmebol (América do Sul), com seis participantes e quatro cabeças de chave – basta o Uruguai confirmar em casa a enorme vantagem contra a Jordânia. No caso de um improvável zebra em Montevidéu, a Holanda passaria a ser cabeça de chave.
Essas mudanças impediram a Fifa de manter o formato do sorteio para a Copa de 2010, quando a entidade máxima agrupou seleções baseada apenas em critérios regionais. Na África do Sul, havia um pote só com europeus (oito seleções), outro com africanos e sul-americanos (quatro seleções cada região) e o último com asiáticos e integrantes da América do Norte e Central (quatro seleções cada região).
Um efeito desse novo cenário é a necessidade de redistribuição dos europeus. Tirando as seleções do continente que serão cabeças de chave (Espanha, Alemanha, Bélgica e Suíça), sobram nove equipes, que obrigatoriamente terão de se dividir em mais de um pote – a tendência é que a França, pior do continente no ranking Fifa a vir ao Brasil, seja “exilada”. Ficou mantido que cada grupo receberá apenas uma seleção de cada pote.
Junto dessas mudanças, a presença de todos os campeões mundiais, o favoritismo de cabeças de chave como Brasil, Alemanha e Espanha, a chance de times como Inglaterra e França se enfrentarem na primeira fase, a presença de craques decisivos como Cristiano Ronaldo e Drogba em Portugal e Costa do Marfim, respectivamente, o bom retrospecto nas últimas Copas de Holanda e Gana e a ascensão de Estados Unidos e Chile, por exemplo, colaboram para a formação de um quadro de competitividade inédito numa primeira fase de Copa do Mundo.
Já se conhece os cabeças de chave da Copa, com o país sede (Brasil), mais as sete seleções melhores colocadas no ranking da Fifa em sua atualização de outubro. São elas Espanha, Alemanha, Argentina, Colômbia, Bélgica e Suíça – o Uruguai deve se juntar ao pelotão na noite desta quarta.
Por isso, é certo que o sorteio da Copa terá três campeões mundiais (Itália, Inglaterra e França) e a vice de 2010 (Holanda) fora do pote dos cabeças de chave, fato que por si só já sugere embates entre pesos pesados logo na primeira fase.
Espalhar seleções do mesmo continente por potes diferentes dificulta o trabalho da Fifa, levando em consideração a limitação por grupo. Equipes da mesma federação continental não podem se enfrentar na primeira fase, com exceção para os europeus, que podem coexistir, dois por chave, no máximo.
Para manter a proporção numérica de oito seleções por pote, o 2 ficou com os seis europeus mais fortes de acordo com o ranking da Fifa, além de Chile e Equador, integrantes da Conmebol que sobraram fora do pote 1, que reúne os cabeças de chave. O pote 3 conta com os europeus com pior status na lista da entidade máxima – Croácia, Rússia e França -, além dos cinco classificados da África. No último, os quatro representantes da Ásia (incluindo a Austrália, filiada a esta confederação), mais os quatro da Concacaf.
Por esta conjectura, por exemplo, o Brasil poderia ficar em um grupo com Itália, França e Estados Unidos. A campeã mundial Espanha, por sua vez, poderia estar ao lado de Inglaterra, Gana e México, enquanto a Alemanha, outra favoritíssima ao título, disputaria a primeira fase num grupo com Holanda e Nigéria.
POSSIBILIDADE 2: PIOR EUROPEU, FRANÇA É “EXILADA” DE POTE
Tirando os cabeças de chave, sobram nove seleções da Europa. Assim, não é possível enfiar todas num mesmo pote. O jornal espanhol “Marca” divulgou na noite da última terça-feira uma projeção de configuração que concentra as equipes do Velho Continente em um pelotão e “exila” a França dos seus vizinhos.
Na condição atual de pior europeu no ranking da Fifa, a França (21ª na relação) apareceria no pote 3, junto com dois representantes da Conmebol (Chile e Equador) e os cinco classificados da África.
No último destacamento, repete-se a teoria da primeira possibilidade, com a reunião de asiáticos com as seleções da Concacaf.
Neste contexto, além da França poder cair numa chave com dois campeões mundiais como Argentina e Inglaterra, o Chile também surge como complicador. Em bom momento, o time sul-americano poderia atrapalhar a vida de favoritos como Alemanha ou Espanha num grupo que também teria Holanda e EUA ou México, por exemplo. O Brasil também poderia repetir o difícil grupo da última Copa, quando enfrentou Portugal, de Cristiano Ronaldo, e Costa do Marfim, de Drogba.
POSSIBILIDADE 3: SOMENTE O RANKING DA FIFA
Nos últimos anos a Fifa vem forçando a barra para aplicar seu ranking de seleções de forma prática, em configurações de torneios oficiais, conferindo à lista maior relevância política e estratégica. Mas mesmo se a entidade levasse a ferro e fogo a lista de outubro, a Copa do Mundo do Brasil manteria sua possibilidade de “super grupos”.
Desta forma, o pelotão 2, o mais forte deles, contaria com Holanda, Itália, Inglaterra, Portugal e Chile, por exemplo. Ainda nesta projeção, o pote que reúne as seleções de “terceira força” poderia ter Rússia, França, Costa do Marfim e México.
Nesta conjectura, no entanto, os Estados Unidos aparecem no pote de “segunda força” e se tornariam adversários mais desejáveis. Seria mais fácil, em tese, enfrentar americanos do que italianos. Na primeira possibilidade, os EUA dividiriam pote 4 com Irã e Honduras. Assim, portanto, poderiam ser uma “quarta força” mais incômoda.
Por esta projeção, o Brasil poderia enfrentar na primeira fase as seleções de Holanda, Rússia e Nigéria. Em outra hipótese, um grupo com Alemanha, Itália, México e Camarões.
UOL Esporte
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