Foto: Lorena Veríssimo
Por Dinarte Assunção – Blog do Dina
A Câmara Municipal de Natal realizou nesta sexta-feira (7) uma audiência pública, proposta pelo vereador Daniel Valença (PT), para discutir o futuro do tratamento dos resíduos sólidos na capital do estado.
A audiência trouxe à tona preocupações sérias e já conhecidas sobre a gestão dos resíduos na cidade.
A revelação mais preocupante da audiência foi o fato de que as principais partes envolvidas para solucionar o problema, Marquise e prefeitura, não compareceram para explicar o que será feito com a gestão dos resíduos sólidos em Natal.
A Gravidade da Situação
Nos últimos anos, a gestão dos resíduos em Natal tem sido marcada por uma série de crises. Conforme relatado em diversos documentos, incluindo relatórios da Prefeitura e investigações jornalísticas, a situação está à beira do caos. A Urbana, empresa responsável pela coleta de lixo, acumula dívidas de R$ 300 milhões, o que compromete significativamente sua capacidade operacional. Além disso, a concessão do aterro sanitário de Ceará-Mirim está prestes a expirar, e não há clareza sobre os planos futuros para o tratamento do lixo na cidade.
Risco de Colapso do Aterro Sanitário
A Marquise, empresa que comprou o aterro de Natal, adquiriu um empreendimento à beira do colapso. O aterro, localizado a menos de 5 km do aeroporto, levanta sérias questões de segurança operacional e ambiental. Será que o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) renovará a licença de operação? E quanto à segurança das operações aeroportuárias próximas?
Dívidas e Gestão Ineficiente
A Urbana está afundada em dívidas que totalizam R$ 300 milhões, um valor alarmante que reflete uma gestão ineficiente e falta de transparência. Essas dívidas colocam em risco a continuidade dos serviços de coleta de lixo e o bem-estar da população.
Compra Suspeita e Fim da Concessão
A compra do aterro pela Marquise é envolta em suspeitas, e com o fim iminente da concessão, há uma incerteza crescente sobre quem assumirá a responsabilidade pelo tratamento dos resíduos. A falta de clareza e planejamento pode levar a uma crise sanitária na cidade.
Audiência Pública: Questões Sem Resposta
Durante a audiência, o vereador Daniel Valença destacou a falta de transparência e diálogo com a população e o legislativo sobre a política de tratamento de resíduos sólidos na cidade. A ausência de representantes da gestão municipal e das empresas que operam na coleta e tratamento do lixo foi notável e levantou mais questionamentos.
“O contrato de concessão vai acabar no próximo mês e até agora não houve transparência ou diálogo com a população e o legislativo sobre qual será a política de tratamento dos resíduos sólidos na cidade”, declarou Daniel Valença.
O engenheiro e consultor Aluízio Aguiar destacou questões cruciais que permanecem sem resposta: “Haverá licença de renovação pelo Idema? Haverá segurança de operação aeroportuária? Vai continuar tratando resíduos da mesma forma? Há triagem? Por que não adotar a reciclagem? Resíduo sólido não é mais só lixo, é também dinheiro quando bem manejado.”
Impacto da Crise na População
A professora do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, Régia Lúcia, avaliou que faltam investimentos e programas para reciclagem e educação ambiental, que poderiam mudar a forma como a população se comporta em relação ao lixo. “Precisa diminuir o que vai para os aterros. Mas as leis que tratam do controle e descarte do lixo ficam só no papel. Existe, mais recente, o Plano de Saneamento Básico que trata da gestão de resíduos sólidos, com metas e prazos. Temos que investir na redução, reutilização e reciclagem e, somente aí, encaminhar ao aterro”, pontuou a professora.
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