Diante do adiamento da votação das contas da presidente Dilma Rousseff pelo TCU, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), minimizou o papel do tribunal na análise do caso. Cunha afirmou que o TCU é apenas uma “passagem”, já que a palavra final sobre a aprovação ou rejeição das contas de Dilma cabe ao Congresso. Nesta quarta-feira, o tribunal deu mais 15 dias para a presidente responder a novos questionamentos sobre indícios de irregularidades.
— Para mim, o TCU é apenas uma passagem. Quem vai decidir é o Congresso. Se (o adiamento) beneficia, para mim é apenas uma etapa do processo. Não vejo como possa ajudar, nem prejudicar — disse.
Conforme O GLOBO antecipou, o governo articulou para adiar a votação das contas presidenciais no TCU. A intenção é ganhar tempo para tentar atravessar o momento de crise aguda e somente obter uma decisão do tribunal em um contexto menos desfavorável para o Palácio do Planalto. Ao menos um ministro do TCU teria se mostrado favorável à ideia.
A expectativa no governo é que, com o passar dos meses, a economia comece a dar sinais de melhora e a crise política passe a arrefecer. A rejeição das contas do governo pelo TCU, se confirmada pelo Congresso, pode dar início a um processo por crime de responsabilidade contra a presidente.
Apesar de Cunha ter limpado a pauta do Congresso para a análise das contas de Dilma, a partir da votação com urgência das contas de presidências passadas que estavam pendentes, começando pelo governo Fernando Collor, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em sua nova fase de realinhamento ao governo, pretende fazer com o que o processo seja mais demorado.
Em guerra aberta com o governo, Cunha disse ter sido convidado para o café da manhã no Palácio do Jaburu com o ex-presidente Lula nesta quarta-feira, mas disse que não compareceu porque “tinha outro compromisso”. A respeito da investida do governo sobre Renan Calheiros, para que o senador assuma o papel de “conciliador” no Congresso, Cunha alertou para o perigo de se isolar Temer do processo.
— Temer é o vice-presidente, presidente do PMDB e articulador político. Qualquer tentativa de isolar ou deixar o Michel em segundo plano, só quem perde é o governo — disse.
Sobre a iniciativa de Renan para aprovar a chamada Agenda Brasil, que ganhou o aval do Palácio do Planalto, Cunha reafirmou que “não existe solução individual para nada” e que o Congresso é “bicameral”, motivo pelo qual “nada funcionará se apenas uma das Casas decidir”.
Fonte: O Globo
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