Reprodução
Citado nas investigações do assassinato de Marielle Franco por suspeita de ajudar a acobertar os mandantes do crime, o delegado Giniton Lages apresentou à Polícia Federal (PF) uma senha incorreta para desbloqueio de seu celular. O aparelho foi apreendido em março, durante o depoimento prestado por Lages na operação que prendeu o deputado Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio.
No depoimento, Giniton Lages, primeiro delegado designado para investigar o caso, disse inicialmente que não entregaria a senha do celular para “não produzir provas contra si mesmo”. Em seguida, orientado por sua defesa, concordou em fornecer o código.
No entanto, de acordo com ofício enviado pelo delegado Guilhermo de Paula Machado Catramby ao relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes, a senha informada por Lages não permitia acesso ao aparelho.
“Em relação ao aparelho de Giniton Lages, embora ele tenha apresentado uma possível senha de desbloqueio na ocasião de suas declarações, esta não se mostrou correta”, relatou o delegado. O documento cita ainda o aparelho apreendido com o ex-policial militar e ex-assessor de Domingos Brazão no TCE-RJ, Robson Calixto Fonseca, conhecido como “Peixe”.
No inquérito em trâmite no STF, Peixe é acusado de ter fornecido a arma do crime ao também ex-PM Ronnie Lessa, preso pela execução de Marielle. “Informo que não existem outros laudos/informações pendentes, sendo certo que ainda não se logrou acesso aos aparelhos celulares apreendidos sob a posse de Giniton Lages (apreendido na Operação Murder Inc.) e Robson Calixto Fonseca (apreendido na Pet n. 12392/RJ) em razão do não fornecimento de senha de acesso pelos alvos.”
No ofício, o delegado federal aponta a possibilidade de quebra das senhas pela própria PF. “Na medida em que os softwares comumente utilizados por esta Polícia Federal se atualizam, há a perspectiva de desbloqueio dos aparelhos por força bruta, de modo que estes se encontram sobrestados no momento”, informou Catramby.
Giniton Lages é acusado de desviar o curso das investigações sobre a morte de Marielle, tirando o foco dos verdadeiros mandantes. Ele foi afastado das funções por determinação do ministro Alexandre de Moraes e cumpre medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.
Metrópoles
Comente aqui