Alvo de investigação da CPI do Caso Cachoeira, a construtora Delta entrou na Justiça do Rio nesta segunda-feira (4) com o pedido de recuperação judicial.
Ao fazer um pedido dessa natureza, uma empresa reconhece oficialmente sua debilidade financeira, e o faz para evitar a falência.
Com o pedido, a empreiteira acaba por admitir que está à beira da falência e requer em juízo forma de quitar dívida com credores.
No processo de recuperação judicial, a empresa submete aos credores uma proposta para quitação de suas dívidas, com desconto de valores e forma mais alongada de perfil.
A proposta tem de ser aprovada por uma assembleia de credores. Do contrário, a empresa pode entrar em processo falimentar.
DESISTÊNCIA
Na semana passada, o comando da holding J&F anunciou oficialmente a decisão de não consumar a compra da Delta, da qual é gestora. O grupo fez uma opção de compra, mas decidiu não a exercer.
A intenção do grupo era criar uma empreiteira chamada J&F, iniciais dos pais da família. Pesou para decisão a quebra do sigilo fiscal da construtora, feita pela CPI de Cachoeira.
Em comunicado à imprensa, a empreiteira afirmou que “o prolongamento da crise de confiança sobre a Delta tem deteriorado o cenário econômico-financeiro da construtora, gerando um fluxo financeiro negativo e alterando substancialmente as condições inicialmente verificadas”.
Segundo a construtora, conforme estabelecido no contrato preliminar assinado entre a J&F e o controlador da Delta, a ocorrência de eventos inesperados ou adversos permite à J&F o direito de rescindir o memorando de entendimentos sem aplicação de multas ou penalidades.
A empreiteira é investigada por parlamentares e pela Polícia Federal por envolvimento com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de corrupção e de comandar um esquema de jogo ilegal.
O negócio entre a J&F e a Delta foi anunciado no último dia 9. O contrato preliminar dava direito à J&F de substituir a estrutura administrativa da Delta, incluindo presidente, diretores e membros do Conselho de Administração. O acordo também previa um rígido processo “de auditoria” nos próximos meses. Somente após os resultados desta diligência seria ou não exercida uma opção de compra.
No último dia 29, a CPI no Congresso que investiga o suposto esquema aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da construtora em todo o país.
A Delta é a empresa que mais recebeu verbas do Orçamento do Executivo federal desde 2007.
Fonte: Folha
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