A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, criticou nesta sexta-feira (10) a divulgação de depoimentos sobre corrupção na Petrobras e afirmou que não devem ser usados “de forma leviana em períodos eleitorais”.
Na quinta (9), o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef depuseram à Justiça Federal no Paraná e deram detalhes sobre o desvio de recursos da Petrobras, que, segundo Costa, serviria para abastecer PT, PP e PMDB.
“Que haja de fato interesse legítimo, real e concreto de punir corruptos e corruptores, mas que não se use isso de forma leviana em períodos eleitorais e de forma incompleta, porque nós não temos acesso a todas as informações”, disse a presidente.
Os depoimentos de Costa e Youssef à Justiça nesta quinta [9] não eram sigilosos, porque foram feitos em uma ação que já estava em curso na Justiça Federal e sem sigilo. Além disso, ambos firmaram acordos de delação premiada com o Ministério Público para dar mais detalhes sobre o esquema, mas os depoimentos da delação são sigilosos e suas íntegras ainda não vieram a público. O governo Dilma pediu acesso à delação, mas ainda não obteve.
“A delação premiada, para ser aceita, tem que estar baseada em provas. O que eu suponho? Que lá esteja a maior parte das provas, que lá tenha um arco bem maior do que esse que foi divulgado. O que eu considero incorreto é divulgar parcialmente num momento eleitoral”, afirmou Dilma.
Costa e Youssef chegaram a dizer que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, intermediava os desvios na Petrobras. Os depoimentos também colocaram em cheque o presidente da Transpetro, Sergio Machado, indicação do PMDB e citado por Paulo Roberto Costa, que disse ter recebido R$ 500 mil de Machado.
Durante a manhã desta sexta (10), Dilma cogitou demitir Machado da presidência da Transpetro, subsidiária da estatal no setor de logística. Líderes do PMDB defenderam que se Machado for demitido por ter sido citado por Costa o mesmo deve acontecer com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Dilma afirmou que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), está conversando com Machado para esclarecer o assunto. “Ninguém pode acabar com o direito de defesa”, disse a presidente.
“Se o PT enquanto pessoas do PT erraram, se qualquer outro partido tiver pessoas que erraram, elas têm que ser punidas. Aí é o seguinte, é o doa a quem doer. Você não condena uma instituição. No Brasil você condena pessoas. Se alguém errou, tem que pagar”, declarou.
Ela afirmou ainda que foi a única candidata nesta campanha que fez propostas para acabar com a impunidade, como a transformação do crime de caixa dois em crime eleitoral, e disse ter “tolerância zero” com corrupção.
A presidente aproveitou para criticar o PSDB do seu adversário Aécio Neves, dizendo que durante a gestão FHC a Polícia Federal foi dirigida por tucanos e a Procuradoria-Geral da República tinha um engavetador de processos.
“Eu garanti que não houvesse esse tipo de interferência na PF e por isso a PF no meu período investigou não só os crimes de corrupção mas lavagem de dinheiro e todos os demais crimes financeiros”, afirmou.
Folha Press
Da CPI do Orçamento para cá houve enorme sucessão de episódios, investigações, CPIs, todas varridas para baixo do tapete pela enorme influência política dos corruptores.
Foi assim com a CPI do Banestado, com a CPI dos Precatórios, com a CPI de Cachoeira – que, aliás, levantou esquemas entre grupos de mídia e organizações criminosas – e com diversas operações da Polícia Federal, como a Satiagraha – que envolvia o Banco Opportunity -, com a Castelo de Areia – que flagrou a Construtora Camargo Correia em sua atividade paulista.
As CPIs naufragaram devido a pactos entre os partidos, já que praticamente todos tinham rabo preso; as Operações da PF foram paralisadas devido à interpretação de determinados Ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre aspectos formais das investigações.
No seu depoimento, Paulo Roberto Costa envolve outros diretores e informa que o aparelhamento da Petrobras ocorreu ininterruptamente nos governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso e Lula. E a conta recai sobre Dilma, a primeira a tentar romper essa prática.
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– A Operação Lava Jatos, que investiga esquemas que atuavam na Petrobras, provavelmente terá um alcance e desdobramentos similares ao da CPI do Orçamento, no início dos anos 90.
Dela, nasceu um conjunto de medidas – das quais a mais ostensiva foi a Lei 8666, das licitações – que manietaram completamente a administração pública, sem reduzir a corrupção.
De lá para cá, criou-se uma enorme parafernália burocrática, que apenas especializou os esquemas existentes.
O PT só pode achar que lida com uma população de idiotas. Não interferir na PF é sua obrigação e não favor. Mas se não interfere mesmo explique porque o Delegado que prendeu o marqueteiro de Lula numa rinha de galo foi jogado num cargo de geladeira? Explique porque até hoje ninguém conseguiu identificar aquela montanha de dinheiro que estava num quarto de hotel com petistas?
Façam um favor ao mundo, petralhas: contraiam ebola. Cambada de corruptos.