Médicos plantonistas dos maiores hospitais de saúde pública no RN o Walfredo Gurgel e o Santa Catarina, ambos localizados em Natal, utilizaram as redes sociais para reafirmar o fechamento da UTI Cardiológica do HWG e as precárias condições das unidades hospitalares.
De acordo com matéria publicado no Jornal de Hoje, a diretoria do hospital providenciou as medidas necessárias para evitar o fechamento da UTI cardiológica, ainda na sexta-feira (31). Tanto na reportagem quanto na sua conta pessoal do twitter, o médico Sebastião Paulino, contesta a informações fornecidas pela diretoria, além de relatar outros problemas como a espera de mais de 40 pessoas por atendimento na ortopedia, entre elas crianças.
Neste sábado o BG publicou o desabafo de um médico do Walfredo relatando as dificuldades no exercício da profissão.
Ortopedista do Walfredo Gurgel desabafa a respeito das condições da saúde
Veja abaixo a matéria na íntegra publicada no Jornal de Hoje deste sábado (01):
Após ameaça dos cardiologistas que trabalham no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel de fechar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Cardiológica, na manhã desta sexta-feira (31), por falta de medicamentos, a diretoria do Walfredo Gurgel providenciou os medicamentos para os dois pacientes internados no setor. O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern) chegou a receber um documento dos cardiologistas informando que já a UTI Cardiológica já havia sido fechada, mas a diretora geral do Hospital, Fátima Pinheiro, através da assessoria de imprensa, negou que o fato tenha ocorrido.
A assessoria de imprensa do Hospital Walfredo Gurgel disse que, assim que a Diretoria Geral tomou conhecimento da possibilidade de fechamento da UTI Cardiológica, providenciou os medicamentos necessários para o atendimento dos dois pacientes que estavam internados na tarde desta sexta-feira e garantiu o funcionamento da UTI. A assessoria disse ainda que na próxima quarta-feira (5), a Unicat entregará uma nova remessa de medicamentos.
No entanto, o médico intensivista do Hospital Walfredo Gurgel, Sebastião Paulino, que já esteve à frente da diretoria do Walfredo Gurgel por quatro anos, confirmou que a UTI Cardiológica continua fechada, sem receber novos pacientes, em decorrência da falta de medicamentos. Ele conta que dos seis leitos da UTI, quatro estão desativados. Segundo ele, desde a quinta-feira (30), o Cremern e a Diretoria do Hospital têm conhecimento do problema, através de oficio encaminhado.
“O leito não é apenas o espaço físico de acolhimento. É formado por uma gama de fatores, como equipamentos, profissionais e medicamentos. Quando um destes falta, em especial, os medicamentos que são fundamentais, são os médicos que assumem a responsabilidade ética e criminal da continuidade do atendimento. A situação é muito complicada, pois é o cúmulo do desleixo e do descaso. O Estado já sofre com a falta de leitos, e quando mais quatro são fechados são quatro pessoas que podem morrer nos corredores dos pronto-socorro ou até mesmo na UTI, já que esta não dispõe de medicamentos”, desabafou o médico Sebastião Paulino.
O vice-presidente do Cremern, Francisco Braga, disse que os médicos decidiram suspender as internações até que o Governo do Estado providenciasse o abastecimento. Braga lembrou que no dia 4 de julho foi decretado o estado de calamidade da saúde. “O prazo previa a reposição imediata dos medicamentos em dez dias a contar da publicação do decreto de calamidade. Naquela ocasião, o nível de abastecimento do Walfredo chegava a apenas 32% do necessário. Hoje, a Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) fornece 49% dos medicamentos. Então, ainda faltam 51% de abastecimento. O abastecimento ainda é muito lento e a falta de medicamentos é geral”, denunciou Francisco Braga.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed/RN), Geraldo Ferreira criticou o fato de o Estado já apresentar um quadro de falta de leitos de UTI e ainda permitir que mais leitos sejam fechados. “Conhecemos essa realidade e sabemos que se os médicos decidiram fechar é porque não tem a menor condição de atender os pacientes. Nos próximos dias, a UTI Neonatal do Hospital Santa Catarina deve fechar pelos mesmos problemas. A população precisa avaliar se este Governo tem condições de continuar no comando e gerir o estado”, afirmou o presidente do Sindicato.
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