Beduínos sequestraram neste domingo (18) duas jovens turistas brasileiras na Península do Sinai, no Egito, segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty e fontes locais.
As jovens estavam em um ônibus de turismo que levava aproximadamente 40 brasileiros que vinham do histórico Mosteiro de Santa Catarina, no sul da península.
O ônibus foi interceptado por um grupo de beduínos que sequestrou, além das duas brasileiras, o segurança do ônibus, que é egípcio e estava armado, segundo fontes do Itamaraty.
Os sequestradores colocaram os reféns em um carro e fugiram para uma região montanhosa, segundo autoridades egípcias ouvidas pelas agências Reuters e France Presse.
Não se sabe o motivo de os sequestradores terem escolhido as jovens como reféns.
Os demais brasileiros que estavam no veículo estão em boas condições e estão sendo escoltados pelas Forças Armadas egípcias de volta para um hotel em uma cidade próxima, onde ficarão hospedados com segurança.
Fontes do Itamaraty informaram que o chefe do grupo de turistas era um pastor e pai das duas meninas, e que ele estava dentro do ônibus no momento do sequestro.
Além do segurança egípcio, o motorista do coletivo também era local e não foi ferido.
O Ministério de Relações Exteriores afirmou que as negociações das autoridades locais com os beduínos para a libertação estão avançadas, e um general do Egito foi ao local pedir a libertação das jovens.
Tropas da polícia e do Exército foram enviadas para a região, buscando localizar o paradeiro das jovens.
De acordo com uma fonte policial, um dos sequestradores seria o pai de um homem condenado por tráfico de drogas e posse de armas. Ele espera obter a libertação do filho em troca das reféns.
O novo embaixador do Brasil no Cairo, Marco Antonio Diniz Brandão, está em diálogo constante com as autoridades locais, que conhecem as lideranças das tribos beduínas para facilitar o diálogo.
Como não há notícias do paradeiro das vítimas, não houve deslocamento de representantes da embaixada ao local, disse o Itamaraty.
Terceiro caso
Vários casos parecido, envolvendo estrangeiros, ocorreram na região em 2012.
Em fevereiro, beduínos sequestraram três turistas sul-coreanos, pouco depois de um crime similar contra duas americanas e um guia egípcio, com a exigência de libertação de companheiros detidos.
Os turistas e o guia foram libertados rapidamente e sem ferimentos, assim como 25 trabalhadores chineses que haviam sido sequestrados em janeiro e que ficaram cerca de 20 horas como reféns.
Beduínos estão presos por conta de envolvimento em atentados praticados na região entre 2004 e 2006, que mataram cerca de 130 pessoas.
Além de pedir a libertação dos companheiros, os beduínos também relatam descontentamento em relação à maneira como são tratados pelo governo provisório egpcio, no poder desde a queda do ditador Hosni Mubarak no ano passado.
Os beduínos pegaram em armas para ajudar a rebelião que derrubou Mubarak, mas consideram que não foram recompensados por isso pela junta militar egípcia.
Isso aumentou a tensão e a violência na região, com com ataques a delegacias de polícia e explosões frequentes contra oleodutos que levam gás ao vizinho Israel.
A pouco habitada região abriga a maioria dos luxuosos resorts egípcios, ao mesmo tempo que é o local de moradia de grande parte da pobre população beduína.
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