Nunca antes nesta taba um sumiço foi tão discutido quanto o do deputado Gilson Moura, que tem acumulado um histórico nada exemplar a quem se diz porta-voz do povo.
Todo mundo lembra – e se não lembra vamos rememorar – que ao fim do ano passado ele renunciou ao cargo em favor do suplente Sargento Siqueira. Gilson alegou “motivos pessoais”, mas era do conhecimento de todos que a intenção era alterar o foro de investigação da Operação Impacto, da qual Siqueira é réu.
A Assembleia Legislativa até chegou a dar posse ao suplente de deputado, mas o Tribunal de Justiça o destituiu. Siqueira foi impedido e as investigações da Impacto não sofreram alterações.
De lá para cá, Gilson vinha se comportando normalmente, ou melhor, não se tinha notícia de peripécia que ele viesse articulando. Até segunda-feira passada.
Padrinho político do ex-diretor do Ipem, Rychardson de Macedo, encarcerado sob acusação de peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, Gilson Moura sumiu.
O mais curioso é que os envolvidos diretamente nas acusações estão mais acessíveis do que o próprio deputado, que não está sendo acusado de nada, embora seja inegável que queiramos saber o que ele tem a falar sobre o assunto.
Gilson pode ter 53 motivos para se escafeder. De acordo com uma interceptação telefônica, esse seria o número de apadrinhados que ele encastelou no Ipem, cujos fantasmas estão mais paupáveis que o próprio deputado.
No Twitter, estão extraindo até a última gota de humor com o sumiço do deputado. A hashtag #aparecegilsonmora chegou a entrar no Trend Maps Brasil. Mas Gilson que é bom nada.
Advogado e conhecedor das causas que supostamente empreendeu, Rychardson tem a oportunidade de fazer o padrinho provar do veneno. Se por um lado Gilson renunciou para beneficiar Siqueira, Rychardson pode, se couber, envolvê-lo nas denúncias. Aí o foro privilegiado é geral, e o advogado do povo confirmará que não é exemplo a ser seguido.
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