Pode a Câmara ser presidida por um deputado enviado pelo STF ao banco dos réus por suspeita de assaltar os cofres da Petrobras? A maioria do país acha que não. Segundo o Datafolha, 78% dos brasileiros defendem a cassação do mandato de Eduardo Cunha. Porém, no Legislativo brasileiro, uma instituição meio entreposto, meio bordel, a resposta à indagação é positiva.
Formou-se no STF uma maioria a favor do recebimento da denúncia em que a Procuradoria da república acusa Eduardo Cunha de receber US$ 5 milhões em petropropinas. Dos 11 ministros do Supremo, seis já votaram pela conversão da denúncia em ação penal e pelo envio do deputado ao banco dos réus. Na seara jurídica, o processo seguirá o seu curso. Na arena política, Cunha fundará uma nova doutrina: o deixa-pra-laísmo.
Consumado o infortúnio, o presidente da Câmara declarou-se “tranquilo”. É como se Eduardo Cunha tivesse se autoconcedido um deixa-pra-lá preventivo. Não lhe passa pela cabeça deixar o comando da Câmara. Acha normal presidir a Casa arrastando as correntes de sua perversão. Os partidos de oposição esboçam uma reação. No gogó, pedem o afastamento de Cunha. Falta arregaçar as mangas.
Além de ser indultado pela banda muda da Câmara, Cunha conta com o apoio não declarado do Planalto para deixar tudo como está, para ver como fica. Dilma e seus operadores políticos avaliam que um Cunha enfraquecido ajudará a empurrar o impeachment para o túmulo. Às favas com a vontade dos 78% de brasileiros que rendem homenagens à decência.
No Brasil de hoje, a linha sucessória da República encontra-se sub judice. De trás para a frente: Renan Calheiros, presidente do Senado, é um réu esperando para acontecer; Cunha, o mandachuva da Câmara, já aconteceu; o vice Michel Temer e a titular Dilma guerreiam pelos mandatos em processos que, vitaminados por provas obtidas na Lava Jato, intimam os ministros do TSE a fazer alguma coisa. Nem que seja uma cara de nojo.
Num país assim, comandado pela anormalidade, em que os crimes do passado são tratados a golpes de amnésia coletiva, a doutrina do deixa-pra-laísmo tem enorme futuro. Além de Eduardo Cunha, há nos corredores do Congresso quatro dezenas de congressistas enrolados na Lava Jato.
Computando-se outras encrencas, há mais de 160 parlamentares com a reputação em suspenso no STF. Eles circulam pelos corredores do Parlamento como se nada tivesse sido descoberto sobre eles. No reino do deixa-pra-lá, o cinismo é uma forma de patriotismo. E a Câmara pode ser presidida por um réu.
Fonte: Josias de Souza / UOL
O presidente da Câmara, o do Senado, a da República, cada um pior do que o outro. Esse é o retrato do Brasil atual. Fora Cunha, fora Renan, fora Dilma! Para o bem de todos!
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