O presidente Joseph Blatter não quer, por enquanto, que a Fifa apareça de alguma maneira no escândalo que levou ontem à queda de Sandro Rossell da presidência do Barcelona.
Oficialmente, a entidade não pretende ainda se manifestar diretamente sobre o caso. No máximo, vai manter o discurso de ontem do secretário-geral Jérôme Valcke de que as transações milionárias precisam de mais transparência, por estarem sujeitas às irregularidades, mas sem entrar em detalhes no que a imprensa europeia já chama de “caso Neymar”.
Segundo a Folha apurou, Blatter orientou assessores a não comentar especificamente o episódio envolvendo o jogador brasileiro, pivô da renúncia de Rossell, enquanto as investigações da Justiça espanhola estiverem em andamento.
Em ano de Copa, a Fifa não quer ser atrelada ao escândalo envolvendo um dos times mais poderosos da Europa, ainda mais quando um dos personagens é Neymar, o “cartão de visitas” da seleção anfitriã e uma das principais estrelas do evento de junho.
Além disso, Sandro Rossel é aliado do francês Michel Platini, presidente da Uefa, adversário político do presidente da Fifa e cotado para ser candidato à presidência da entidade na eleição de 2015. A Uefa organiza a Liga dos Campeões, o torneio mais poderoso do futebol mundial, e incentivou a contratação de Neymar pelo Barcelona.
Politicamente, interessa a Blatter que a Uefa seja exposta e não a Fifa.
A postura discreta da Fifa no “caso Neymar” não significa, porém, que a entidade esteja ignorando a situação. Tudo vai depender também dos próximos passos da Justiça espanhola, do rumo das investigações, e se a entidade máxima do futebol tem ou não margem para adotar alguma medida relacionada ao episódio.
Não será surpresa se em breve a Fifa, pressionada a dar alguma resposta, anunciar medidas gerais para dar mais transparência às transações milionárias.
O ESCÂNDALO
Rosell anunciou sua saída ontem três anos e meio após ter sido eleito com o maior número de votos da história do clube. Ele é o principal alvo de uma ação na Justiça espanhola que investiga um suposto crime de apropriação indevida de verbas.
Segundo o jornal espanhol “El Mundo”, o Barcelona pagou 95 milhões de euros (R$ 300 milhões) por Neymar e não os 57 milhões (R$ 180 milhões) declarados inicialmente.
A Justiça acatou denúncia apresentada por um sócio do time sobre o caso. O vice Josep María Bartomeu assume interinamente o cargo até 2016, quando terminaria o mandato de Rosell.
Folha
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