O MMA tem lutadores viris e um arsenal de golpes com direito a nocautes e finalizações que levam o público ao delírio. Agora imagine tudo isso em dobro. Um empresário de Curitiba criou uma modalidade em que o MMA é disputado em duplas: o Double Fighting.
O empresário do ramo de entretenimento Carlos Nacli quer pegar carona no sucesso do UFC e emplacar o Double Fighting. E ele é ambicioso. Já pensa em desbancar Dana White e fazer o maior evento do mundo.
“Quero fazer o melhor show de MMA do mundo. Se bater de frente com qualquer outro evento, paciência. Minha meta é essa, mas aonde vou chegar eu não sei. Estou indo em uma estrada paralela. Em uma estrada o UFC tem o monopólio, é o primeiro, o maior, com mais dinheiro. É uma estrada muito difícil, por isso estou seguindo em outra”.
Carlos formulou a modalidade para evitar que parceiros e colegas de equipe tenham que se enfrentar no octógono. Por isso, a ideia é que amigos lutem juntos contra outros dois oponentes.
As regras do Double Fighting ainda estão mantidas em sigilo e só serão divulgadas em um vídeo que será lançado ainda no mês de março. Por enquanto, só foram mostrados os melhores momentos de uma luta realizada.
Antes mesmo de ser conhecido pelo grande público, o Double Fighting tem sofrido muitas comparações com estilos praticados na Rússia e, principalmente, com o telecatch, um combate que combina encenação teatral e luta-livre em show para a televisão. Para o idealizador, qualquer semelhança é mera coincidência.
“Nosso DNA é 100% do MMA, não tem ligação nenhuma com o telecatch, ninguém vai entrar mascarado, não tem nada disso. Quando nós apresentarmos as regras, vai ficar muito claro”, diz.
Carlos diz que adotou as regras do MMA com algumas modificações. “O MMA hoje está muito amarrado, no Double Fighting vai ser difícil amarrar, vai ter que ir para o combate. Vai ter mais nocaute, mais finalização, vai ter que lutar mesmo, não vai adiantar tentar administrar para ganhar por ponto”.
A primeira luta foi realizada em parceria com duas academias que toparam se aventurar na experiência Agora, estão sendo garimpados atletas interessados em abandonar o MMA convencional e aderir à nova modalidade. Para isso, inscrições foram abertas em uma rede social e algumas academias interessadas estão sendo avaliadas para firmar uma parceria.
Carlos acredita que muitos atletas se interessarão por causa dos baixos salários pagos na modalidade hoje em dia. A estratégia inicial é conseguir recursos com a venda do Double Fighting para emissoras de televisão.
“Estou criando um novo espaço de mercado, o MMA está crescendo muito. Vários atletas que hoje não têm espaço, vão querer. Um lutador de MMA ganha R$ 1500 por luta, é muito pouco. Se eu oferecer R$ 3 mil, vai vir um balde. Se eu fizer um torneio em que a dupla campeã ganha R$ 100 mil, vai vir gente até do Maranhão”.
Modalidade enfrenta resistência
O Double Fighting ainda é visto com muita resistência na comunidade do MMA. Lutadores e técnicos ligados ao UFC classificam a nova modalidade como oportunismo para tentar pegar carona no sucesso no MMA.
Técnico de atletas de peso do UFC como Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, Everaldo Penco fez duras críticas.
“É um absurdo. Descaracteriza totalmente o esporte. Acho triste, não vejo futuro. É alguém querendo pegar o rabo do foguete porque o esporte está em alta e se lançar. Mas não vai para frente. Demorou tanto tempo para o esporte ganhar respeito, superar preconceitos, aí vem um empresário que nunca entrou num ringue e quer se aproveitar. Não tem nem como definir regras, definir quem vai bater e quem vai se defender”.
O lutador do UFC Felipe Sertanejo tem opinião semelhante. “Acho que o MMA está crescendo muito e as empresas começaram a valorizar e investir em atletas há muito pouco tempo. Muitas coisas vão aparecer para tentar pegar esse “bum” do MMA, mas acredito que essa ideia “inovadora” não vai acrescentar em nada”, disse.
Para ele, seria inviável pagar bons salários para o dobro de atletas em uma única luta. “No Brasil, os atletas ainda são muito mal pagos, muitos eventos não pagam nem R$ 1000 para uma lutador que está começando, esquecem que ele treina todos os dias, suplementa, paga seus treinadores. Os eventos pagam micharias por terem poucas lutas. Imagina uma luta que tem são quatro lutadores. Quanto eles vão pagar ?”, desconfia.
Também lutador do UFC, Luiz Besouro diz que considera inviável a prática dessa modalidade. “Sinceramente eu acho que isso é completamente inviável, foge completamente do objetivo da luta, descaracteriza o esporte. Não tenho nada contra quem criou, mas minha opinião é contrária a esse tipo de modalidade”
Esporte UOL
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