Foto: Alex Régis
Fenômeno social que acontece há décadas em Natal, famílias de várias cidades e até de outros estados têm feito ocupações em barracos e tendas improvisadas na Avenida das Alagoas, em Neópolis, zona Sul de Natal, em busca de doações para o fim do ano. Segundo relatos, as ocupações já acontecem há pelo menos dois meses e têm se intensificado nas últimas semanas com as proximidades do Natal e Ano Novo.
Segundo os relatos, há famílias de diversas cidades do Rio Grande do Norte, como Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Arês, Ceará-Mirim, São José de Mipibu, Extremoz, entre outras. Há casos, inclusive, de famílias vindas de outros estados, como a Paraíba.
Em comum, os relatos são semelhantes e praticamente idênticos: famílias em situação de vulnerabilidade social, com dificuldades para encontrar emprego e em alguns casos, sem escolaridade. Parte dos moradores da ocupação recebem benefícios sociais, como Bolsa-Família.
A TRIBUNA DO NORTE esteve no local nesta quarta-feira (18) e pôde observar pelo menos 40 barracos e tendas ao longo de toda a Avenida das Alagoas, que historicamente costuma abrigar famílias em situação de vulnerabilidade social nesta época do ano. São mais de 100 pessoas, entre mães, pais, crianças e idosos, passando o dia em busca de doações e dormindo nos espaços.
É o caso de Clara Maíza, de 20 anos, que veio com o marido de Mamanguape, na Paraíba, distante 130km de Natal, em busca de doações. Ela cita que ambos estão desempregados e passam por dificuldades na cidade natal, tendo vindo à capital potiguar em busca de doações.
“Vim aqui para ver se ganho alguma coisa, a vida está difícil por lá. O Bolsa Família faz tempo que estou atrás, mas não recebo nada. Está sem emprego lá [na Paraíba]. O pessoal passa e faz doações, ganhamos alimentos, roupas. Mas é muito difícil, porque o que ganhamos dividimos. É muita gente aqui. Estou desempregada e estou aqui e espero que seja por pouco tempo. Vim para Natal porque é bom de ganhar as coisas e quando cheguei aqui o pessoal dizia que era um local bom”, cita.
Há casos de famílias de Natal que vem em busca de doações para o fim do ano. É a situação de Nina Nascimento, de 33 anos, moradora de Felipe Camarão, que está na ocupação com seu marido. Ela tem três filhos pequenos.
“Venho aqui desde os meus 4 anos. Ganhamos Bolsa-Família, temos filhos, mas hoje em dia para comprar algo para nossos filhos tem que ter dinheiro. Se a criança for com roupa rasgada para escola vai sofrer bullyng. Aqui a gente arrecada comida e roupas para nossos filhos. Estamos acampando aqui, mas queremos deixar tudo limpo do jeito que pegamos. Apuramos comida, algum trocado para juntar e comprar material escolar. Estou desempregada há muito tempo e sou analfabeta”, lamenta.
Em nota enviada à TRIBUNA DO NORTE, a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social de Natal (Semtas) disse que as famílias são monitoradas pelo Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), que realiza acolhida, orientações e encaminhamentos para os serviços executados pela Semtas e pelo Sistema de Garantia de Direitos.
“A Semtas não trabalha com a retirada das pessoas das ruas, mas, desenvolve um trabalho socioeducativo com estas famílias, destacando que as mesmas possuem lugar de moradia fixa e estão inseridas nos serviços executados pela secretaria. O Seas tem como objetivo assegurar o trabalho social de abordagem e busca ativa, para identificar a ocorrência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, e outras situações de risco e violações de direitos. O público-alvo do Seas são crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos e famílias que utilizam espaços públicos como forma de moradia e/ou sobrevivência, o qual encaminha essas pessoas para os serviços ofertados no município”, aponta nota da Semtas.
Aí é osso, João Pessoa não tem canteiro?
O larápio num tinha acabado com a pobreza? Faz o L.
Esta semana eu estava passando por ali e vários adolescentes estavam no meio da rua parando carros eu tive medo, achei que era assalto….os carros desviavam, qualquer dia vai acontecer de alguém passar por cima, por medo. Uma tristeza.
Normal! Eles se sentem com esse direito já que a governadora é Paraibana, consequentemente, conterrânea desses humildes seres humanos.