Dividida, a Fifa anuncia nesta terça-feira se mantém ou não a Arena da Baixada na Copa do Mundo. A decisão passa por uma queda de braço entre as alas técnica e política da entidade. Alguns técnicos querem a exclusão. Os políticos relutam por conta do arranhão ainda maior que a Fifa terá, embora estejam insatisfeitos com o grande atraso nas obras.
Nesta terça, haverá a vistoria final da arena, a partir das 11 horas. Pela Fifa, estarão presentes os consultores Charles Botta – que tem enviado relatórios diários sobre o andamento da obra ao secretário-geral, Jérôme Valcke – e Carlos de la Corte. Representantes do COL, da prefeitura de Curitiba, governos paranaense e federal também irão à Baixada.
A vistoria será determinante e a decisão será anunciada por Valcke às 15 horas, no seminário das seleções em Florianópolis. E o fato de representantes de Curitiba terem sido convidados para o anúncio é considerado pelos paranaenses um bom sinal.
Nesta terça também será discutida a viabilidade financeira da obra. O BNDES já deu sinal verde a um empréstimo de R$ 250 milhões ao governo paranaense, dos quais R$ 65 milhões serão destinados à arena. Mas esse dinheiro só vai ser liberado se o estádio for mantido pela Fifa na Copa.
Na segunda-feira, o ritmo de trabalho na Baixada era acelerado. Das exigências feitas pela Fifa em 21 de janeiro para salvar a arena da degola, a cobertura e os acessos aos vestiários estavam sendo finalizados. Mais de 15 mil cadeiras já estão instaladas (o pedido foi 10 mil) e o gramado, já colocado, está sendo irrigado. O número de operários subiu de 980 para 1.200 e a expectativa na segunda era de que nesta terça chegue a 1.380.
Mesmo assim há apreensão em Curitiba, principalmente depois que começaram a pipocar informações tirando a Baixada da Copa. “São boatos. Eu liguei para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, para o Baka (Ricardo Trade, chefe de operações do COL) e eles disseram que não tem nada. E o Valcke também falou isso”, disse o secretário municipal da Copa de Curitiba, Reginaldo Cordeiro. “Estou otimista, estamos cumprindo o acordado com a Fifa.”
O secretário-geral, de fato, disse que somente nesta terça-feira haverá a decisão sobre a arena. “Temos um time técnico que vai até Curitiba amanhã (terça) e então vamos dar a resposta final. Haverá pessoas que vão lá amanhã para apresentar um relatório final”, disse, em Brasília.
PRESSÃO
O dilema é que, apesar do avanço físico da obra (90% de conclusão, segundo a Secopa), na Fifa há técnicos que consideram que a questão financeira não foi resolvida – a eles não agrada o condicionamento da liberação dos R$ 65 milhões a decisão em favor da arena, principalmente depois que o Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) recomendou que o repasse seja suspenso por falta de transparência -, entendem que haverá problemas na área de tecnologia da informação e no entorno.
Isso estaria motivando as informações dando conta de que o estádio será excluído, de acordo com dois interlocutores ligados à Fifa ouvidos pelo Estado. Mas Valcke estaria relutante em retirar Curitiba da Copa, principalmente depois que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, declarou que tal atitude iria escancarar uma falha da entidade.
A atuação das autoridades brasileiras também merece crédito. Aldo Rebelo tem se empenhado pela manutenção do estádio e recebeu orientação da presidente Dilma Rousseff de dar atenção especial à questão. E nesta segunda tanto o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, como o governador do Paraná, Beto Richa, dedicaram parte de seu tempo a tentar assegurar a manutenção da Arena da Baixada na Copa.
Estadão
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