Quanto custa um filho?
A pergunta pode parecer fria, mas é essencial quando o assunto é a chegada de um bebê na família. Por isso, é preciso pôr tudo no papel para evitar surpresas.
O filho de uma família de classe A pode custar cerca de R$ 2 milhões do nascimento até os 23 anos, quando, em geral, ensaia sua independência, segundo estudo do Invent (Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing). Na classe C, os gastos chegam a R$ 407 mil.
E nem entram nessa conta as despesas feitas durante a gestação, como quarto do bebê (e mudança para outro apartamento, em alguns casos), carrinho, banheira, fraldas, enxoval e até um carro, se o casal decidir que a compra é necessária.
Para essa fase, o educador financeiro Mauro Calil recomenda: separe o que é desejo do que é necessidade, fuja das grifes e peça fraldas no chá de bebê.
O planejador Marcos Silvestre acrescenta: pesquise preços em diferentes áreas da cidade e monte uma planilha para, só depois, comprar.
Além disso, é preciso contar com os gastos do acompanhamento médico e com as despesas do parto, que chega a custar cerca de R$ 15 mil, segundo Calil.
A massoterapeuta Daniella Bassanese, 40, e o marido esperaram dois anos -antecedência que os especialistas recomendam para planejar a chegada de um filho- por alguma estabilidade.
“Para a gestação, tínhamos nos planejado. Vimos convênio, por exemplo, para não precisar pagar o parto à parte se engravidasse. Mas o que tem aumentado é o custo depois que ela nasceu”, diz. Ela precisou de uma babá, que não planejou, e se surpreendeu com o aumento das contas de luz e de telefone.
Nessa soma, que pode chegar a cifras milionárias, devem entrar também gastos com vacinas, pediatra, farmácia e roupas novas, além de detalhes eventuais. “Tem estacionamento, por exemplo, porque já não paramos o carro em qualquer lugar.”
Um fundo de reserva pode ajudar nessas horas e evitar acumular dívidas. “Recomendo colocar algo como R$ 10 mil em um investimento conservador. É um recurso disponível para qualquer imprevisto”, afirma Renato Roizenblit, da SLW Corretora.
Reinaldo Domingos ressalta a necessidade de se colocar o orçamento no papel antes da gravidez e diz que toda família tem um excesso de 20% a 30% nos gastos. “Só cortando desperdícios e alguns supérfluos, a família pode conseguir assumir os gastos sem maiores problemas.”
SEGURANÇA
É preciso lembrar também que o bebê vai crescer e demandar mais dinheiro com estudo, saúde e vida social.
Portanto, é dever dos pais pensar no futuro da criança. “Em geral, você tem o primeiro filho quando está construindo patrimônio. Então, é importante analisar a necessidade de um seguro de vida, pois tem uma pessoa que depende 100% de você”, diz Roizenblit.
Os especialistas recomendam que se faça um investimento para o filho ainda bebê, como uma carteira de ações -aplicação que deve ser feita pensando no longo prazo-, uma poupança ou um plano de previdência privada.
A educadora financeira Cássia D’Aquino, no entanto, conta que tem visto casais que planejam demais.
“Eles já querem, antes do casamento, ter um apartamento quitado e bem decorado e dois carros quitados. Só depois será a hora de ter o filho”, afirma.
“Nessa aflição, deixam de considerar que crianças, geralmente, são o inverso de qualquer planejamento.”
Fonte: Folha de São Paulo
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