A gasolina pode sofrer um novo reajuste de 6% quando o governo decidir alinhar os valores cobrados no país aos do mercado internacional, afirmou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. De acordo com o ministro, a Petrobras pediu um aumento total de 13% este ano. Até agora, o produto já teve alta de 7%. Indagado se a próxima elevação atenderá ao pedido, disse à Reuters:
— Sim, a diferença é de 6%.
O ministro ressaltou que o governo não decidiu a data do reajuste. Para especialistas, o preço da gasolina na refinaria está 25% abaixo dos preços praticados no mercado internacional.
Para Silvia Matos, economista da FGV, com a trégua na inflação em setembro, este é o momento ideal para um reajuste do preço do combustível. Ontem, o IBGE informou que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas do governo) ficou em 0,35% em setembro e, com isso, recuou para abaixo de 6% no acumulado em 12 meses pela primeira vez no ano.
— A inflação existe, só está represada. É preciso aumentar logo (o preço da gasolina). O dólar vai voltar a pressionar (a inflação). O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) postergou a retirada dos estímulos à economia, mas sabemos que a retirada vai acontecer algum dia — disse.
O governo tem que ficar alerta, diz Mantega
Para Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio, o comportamento da inflação nos próximos meses dependerá da decisão do governo sobre a gasolina. Ele lembra que os alimentos, que deram um alívio em setembro, voltarão a subir.
Elson Teles, economista do Itaú, trabalha com um cenário de reajuste da gasolina de 6% nas refinarias e de 4% nas bombas, com impacto de 0,16 ponto percentual no IPCA. Nos cálculos de Teles, a inflação fechará o ano em 5,9%, com um aumento da gasolina em novembro. Em setembro, a inflação em 12 meses ficou abaixo de 6%, influenciada pelas altas menores de preços administrados e pelo recuo dos alimentos. No ano, os administrados subiram só 0,01%, graças a uma queda de 16,78% nas tarifas de energia elétrica.
— São os administrados que estão segurando a inflação — afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ter ficado satisfeito com o resultado do IPCA, mas destacou que o governo federal não vai “descuidar” do controle de preços no país.
— O governo tem que ficar alerta para impedir que a inflação volte a subir e a atrapalhar o consumidor brasileiro — disse.
Mantega destacou que o índice é menor que o de setembro do ano passado e que o do mesmo mês de 2011 e que, portanto, isso “significa que a inflação está sob controle”. O ministro destacou, porém, que no fim do ano os preços sobem “um pouco”:
— Você tem entressafra. Tem regime de chuvas, mas vamos ficar dentro da normalidade.
Indagado, o ministro, que é presidente do Conselho de Administração da Petrobras, esquivou-se de responder se o resultado do IPCA abriria espaço para uma alta do preço de combustíveis:
— Isso não é assunto nosso. É da Petrobras.
O Globo
Grande novidade…