O Grupo Tortura Nunca Mais do Rio entregou, na noite desta terça-feira (31), medalhas a 13 pessoas que se destacaram na luta pelos direitos humanos ou que sofreram violações praticadas pelo Estado.
Foi a 27ª edição da entrega da Medalha Chico Mendes, que leva o nome do seringueiro, sindicalista e ativista do meio ambiente assassinado em 1988.
A distribuição ocorre no dia em que completam 51 anos do golpe que instalou a ditadura militar (1964-1985) no país. A entrega de medalhas é feita tradicionalmente na data.
“É uma data importante para resgatar a memória dos mortos e desaparecidos e dos sobreviventes de todos os tipos de barbárie que a ditadura impôs a esse país e para exigir que se faça justiça e o fim da impunidade”, disse a ex-presidente e fundadora do Grupo Tortura Nunca Mais, Flora Abreu Henrique da Costa, uma das homenageadas.
Um coral tocou o hino da Internacional Comunista antes da entrega de medalhas. Os participantes acompanharam a música com os braços levantados e os punhos cerrados.
Além de Costa, receberam medalhas outras 12 pessoas, entre elas o diretor de teatro e dramaturgo José Celso Martinez, o bispo Dom Xavier Gilles d’Ableiges e os uruguaios Jorge Zabalza, ex-integrante dos Tupamaros, e Juan Carlos Mechoso, um dos fundadores da Federação Anarquista Uruguaia.
O ativista Igor Mendes da Silva, 26, estudante de geografia da UERJ atualmente preso no Estado do Rio, também foi condecorado. Ele integra o grupo de 23 ativistas que respondem na Justiça à acusação de formação de quadrilha armada, suspeitos de participarem de protestos violentos em 2013.
Os manifestantes, presos às vésperas da final da Copa do Mundo, foram beneficiados com habeas corpus. Mas Mendes foi levado novamente à prisão por, segundo entendimento da Justiça, ter desrespeitado uma medida cautelar que o impedia de participar de atos públicos.
Foram homenageadas ainda duas mães de jovens mortos pela Polícia Militar na favela de Manguinhos, na zona norte, área de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora): Ana Paula de Oliveira, mãe de Jonathan de Oliveira Lima, 18, morto com um tiro nas costas em 2014, e Fátima Pinho de Menezes, cujo filho foi espancado e asfixiado por cinco policiais em 2013, também aos 18 anos.
As duas se tornaram ativistas pelos direitos humanos e contra a violência policial nas favelas com UPPs.
Folha Press
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