Em sua primeira manifestação pública após reportagens da Folha que mostraram que a empresa de um assessor recebia verbas de emendas suas, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) negou ter cometido irregularidades e disse não ver conflito de interesses na atuação de seu funcionário.
Alves, que deve ser o próximo presidente da Câmara, começou em Porto Alegre, nesta terça-feira (15), um giro por 12 Estados em uma campanha para a eleição no Congresso, que ocorre em fevereiro.
No último domingo, a Folha mostrou que pelo menos três prefeituras do Rio Grande do Norte, à época governadas pelo PMDB, contrataram a empresa do assessor Aluizio Dutra de Almeida para fazer obras com recursos de emendas orçamentárias propostas pelo peemedebista. O funcionário acabou pedindo demissão nesta segunda-feira.
O deputado disse que o caso se trata de um “jogo pré-eleitoral” e que o assessor se exonerou por “lealdade”.
“Se eu for relacionar a quantidade de emendas, de convênios que eu destinei ao meu Estado e ao meu município nos últimos dez anos, beira as mil. De repente, sou acusado de [irregularidades em] três emendas ali ou lá. É um negócio difícil de entender, mas, como democrata, tenho que aceitar.”
Para os jornalistas, ao comentar a situação do assessor, disse que o funcionário estava afastado da gerência da empresa que recebeu recursos e apenas tinha cotas da companhia.
O deputado falou ainda que as escolhas de empresas para as obras questionadas foram fiscalizadas por Tribunais de Contas e a CGU (Controladoria-Geral da União).
O deputado cumpre o seu 11º mandato na Câmara e tem o apoio do PT e dos principais partidos para a eleição. Na viagem, esteve acompanhado do atual presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), e de seu candidato a vice, André Vargas (PT-PR).
HUMILHAÇÃO
Em Porto Alegre, o deputado foi a um almoço organizado pelo PMDB com cerca de 20 congressistas gaúchos. Em discurso, o candidato à presidência da Câmara disse que não pode haver “subserviência” do Congresso ao governo e prometeu remodelar a TV Câmara para melhorar a imagem do Legislativo.
Alves classificou como “humilhante” duas situações frequentemente vividas pelos deputados: a longa espera para marcar audiência com ministros e o contingenciamento de emendas individuais.
Ao falar sobre o assunto, disse ainda que o tema “muitas vezes dá notícia”.
À tarde, o peemedebista também se encontrou com o governador Tarso Genro (PT).
Fonte: Folha de S. Paulo
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