A imprensa estrangeira noticiou o resultado presidencial do primeiro turno das eleições brasileiras, ressaltando que, apesar de Dilma Rousseff (PT) ter aparecido com a maioria dos votos, a candidata à reeleição não foi capaz de liquidar a disputa no primeiro turno. As publicações ressaltaram que a campanha foi apertada e cheia de reviravoltas, com a ascensão e queda de Marina Silva (PSB).
O americano “New York Times” afirmou que Dilma apareceu como líder da “eleição presidencial mais disputada desde a redemocratização do país, nos anos 80”, mas falhou em acabar com a disputa logo no primeiro turno. De acordo com o periódico, enquanto a candidata petista é favorita a ganhar as eleições, Aécio Neves reflete o desencanto dos eleitores com o Partido dos Trabalhadores, “que espera se manter no poder mesmo com as críticas contra a economia e um escândalo na indústria nacional de petróleo”.
“Surpreendente eleição brasileira continua em zigue-zague”, era o título do americano “Whashington Post” sobre o pleito. “Um ano depois da eclosão de enormes protestos conta o governo em todo o Brasil, a presidente Dilma Rousseff conseguiu mais votos no domingo que qualquer outro concorrente, mas não foi o suficiente para evitar um segundo turno em três semanas”, afirmava a matéria. “A corrida manteve sua imprevisível natureza com Aécio Neves, um ex-governador e senador de centro-direita com profunda linhagem política, chegando em segundo lugar”.
O jornal britânico “The Guardian” afirma que os programas de distribuição de renda do governo Dilma foram suficientes para deixá-la em primeiro lugar na disputa do primeiro turno, mas não para liquidar uma segunda etapa, com Aécio. Com o título “Eleições brasileiras: Dilma vence o primeiro turno”, a matéria do periódico fala em “eleição montanha-russa”, por causa das variações de quadros ao longo da disputa entre Dilma, Aécio e Marina, e lembra que a expectativa, poucos dias antes do pleito, era que a candidata do PSB avançasse para um segundo turno com Dilma.
A também britânica rede BBC traz, com destaque em seu site, a notícia de que Dilma vai enfrentar Aécio no segundo turno. De acordo com a reportagem, “analistas agora esperam uma disputa apertada com ambos tentando conseguir votos”. O texto chama de “surpreendente” o fato de Marina estar fora da disputa, com apenas 21% dos votos.
“A batalha entre esquerda-direita com os dois maiores partidos do país é uma frustração para aqueles que esperavam uma mudança com a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que chegou a liderar, mas falhou em um distante terceiro lugar, com 21,3% dos votos — quase o mesmo que ela conseguiu na última tentativa de ocupar o cargo, há quatro anos”, diz o texto.
Já o francês “Le Monde”, trazia o resultado das eleições no Brasil em sua manchete na editoria intencional. A reportagem afirma que o “suspense durou até o final” e lembrou as idas e vindas da campanha, com a morte de Eduardo Campos e a ascensão surpreendente de Marina. Para o “Le Monde”, os “eleitores brasileiros exprimiram sua escolha por um duelo clássico entre PT e PSDB”. No texto, Dilma e Aécio são considerados dois herdeiros de personalidades políticas, Lula, no caso de Dilma, e Tancredo Neves, no caso de Aécio, e lembra que os dois são originários do estado de Minas, segundo maior colégio eleitoral do país.
A matéria do jornal espanhol “El País” diz que “a grande derrotada” nas urnas neste domingo foi Marina Silva. “Essa autêntica montanha russa de pesquisas, que sobem e descem são, simplesmente, o reflexo de uma campanha imprevisível e hipnótica, marcada por um acidente aéreo que revolucionou tudo. Neste primeiro turno, os brasileiros decidiram, sobretudo, quem é o primeiro perdedor”, destaca a matéria.
O Globo
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