Bares e restaurantes não ostentam mais a ilusão de refúgio para a violência urbana, na noite de Natal. Os pontos de entretenimento cada vez mais são alvos de assaltos e arrombamentos a veículos. Na madrugada de ontem, uma tentativa frustrada de assalto a uma pizzaria na avenida Roberto Freire, em Capim Macio, terminou com a morte de um dos assaltantes, enquanto o outro conseguiu fugir. Por sorte, a Polícia Militar foi acionada e conseguiu evitar o roubo e liberar os funcionários feitos reféns.
Mas nem sempre o final é este. Há dez dias, o empresário Mano Targino, dono de uma loja de defumados e embutidos, no Barro Vermelho, zona Leste da cidade, viveu momentos de terror. Por volta das 19h, do dia 17, dois homens armados com revólveres calibre 38, invadiram a loja, atiraram contra o empresário que reagiu o assalto e fugiram levando o carro, celular e relógio de um cliente.
Mais que a marca da bala que perfurou uma das câmaras de refrigeração, o terror da cena se soma ao sentimento de impunidade para os bandidos, que revolta os comerciantes que irão se mudar em breve do local. A dupla Edvaldo Lourenço da Silva, 21 anos, e Leandro Gaspar Jacinto dos Santos, 19 anos, foi presa no último sábado, 25, ao arrombarem um veículo na rua Dr. Manoel Bezerra, conhecida como a rua do Salsa, em Ponta negra. A Polícia Militar prendeu os dois em fragrante.
Mano Targino procurou a Delegacia de Plantão Zona Sul, após ver matéria no site da TRIBUNA DO NORTE, para fazer o reconhecimento. “Fui informado que eles foram presos por outro delito e, como furto é mais leve, podem ser soltos em breve. E o roubo e tentativa de homicídio na minha loja fica por isso mesmo?”, questiona. De acordo com o empresário, devido a greve da Polícia Civil não foi possível instaurar inquérito para o caso ser levado à Justiça. “Além do descaso da polícia, ainda tive que aguentar o deboche dos bandidos na Delegacia”, lembra.
O sentimento de descrença na segurança pública é compartilhado por outros comerciantes. No últimos dez dias, naquele bairro, seis estabelecimentos foram assaltados. Mesmo sem ocorrências, uma churrascaria reforçou a segurança particular e sistema de câmeras. “É uma tentativa de inibir. Precisamos é de policiamento. Ronda aqui é raro”, disse o gerente Otaciano Queiroz.
Um proprietário de bar na Avenida Prudente de Moraes, em Candelária, que preferiu não se identificar, reclama ainda a lentidão da Polícia. “Arrombamento de veículos aqui é frequente e crescente. E a polícia não faz nada. Nós (empresários) que estamos amargando prejuízos, perdendo clientes”.
O movimento de bares naquela região é visto como inibidor da violência por alguns moradores. “Quando não existiam fui assaltado na boca da noite”, disse o dono de cigarreira identificado como Júnior, apenas. “Descer no ponto de ônibus ou passar na pracinha tarde da noite é mais seguro se o bar tiver cheio”, disse Antonio Araujo.
Três meses após o assalto e perseguição policial em um dos bares da Praça das Flores, em Petrópolis, moradores e comerciantes estão mais tranquilos, segundo a moradora e comerciante Daliene Rejane do Nascimento. “A ronda policial é constante ultimamente”, disse.
A TRIBUNA DO NORTE tentou, no final da tarde de ontem, contato com o Ciosp sobre as ocorrências, mas foi informada pelo major Macedo que tais informações estão concentradas na Subcoordenadoria de Estatística da Sesed. Devido o término do expediente, às 18h, não foi possível acesso às informações.
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