A Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) vai entrar na Justiça contra a alta do IPI sobre os carros importados. A chinesa JAC Motors, que planejava uma fábrica para 2014 com investimentos de US$ 600 milhões, considera o projeto inviável diante da alta do IPI.
“Do jeito que está escrito o decreto hoje, o projeto de construção da fábrica é inviável”, disse ontem Sergio Habib, presidente da JAC Motors, a marca chinesa que nos últimos meses tem tirado o sono das montadoras brasileiras no segmento de carros populares. Logo em seguida, no entanto, o executivo acrescentou que acredita que o governo vai mudar de ideia em relação à alta do IPI.
A reação do executivo da JAC foi pressentida pelo ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge. Segundo ele, as medidas podem afastar as montadoras que planejavam investir e construir novas fábricas no País.
O alvo do governo de aumentar o IPI para os carros importados por empresas que não usarem 65% de peças fabricadas no Mercosul são as marcas chinesas e coreanas, que não têm fábrica no País e responderam por quase 25% das importações de veículos de janeiro a agosto, segundo dados da Abeiva.
Na análise da especialista do setor automotivo do Insper, Letícia Costa, o segmento mais afetado será do importado popular porque o consumidor que compra esse veículo é mais sensível a aumento de preço. Com a nova tributação, o IPI sobre os carros 1.0 salta de 7% para 37%.
Já as montadoras instaladas no País, que compram carros do Mercosul e México e são responsáveis por 75% das importações de janeiro a agosto, escaparam da medida.
De acordo com a Anfavea, que reúne as montadoras, as importações da Argentina estão equilibradas com as exportações. Isto é, de janeiro a julho foram importados da Argentina 216 mil veículos e exportados 219 mil. Isso garante a geração de empregos na indústria brasileira, um dos motivos alegados pelo governo para ampliar a taxação sobre os carros importados. Em relação ao México, porém, os números não são tão favoráveis: até julho foram importados 52 mil veículos do México e exportados para aquele país 30 mil.
A decisão do governo deve provocar também uma batalha jurídica internacional. Diplomatas da China, Coreia do Sul, Europa, Japão e Estados Unidos avaliam as medidas tomadas e podem fazer uma denúncia coletiva contra o Brasil, se ficar provado que suas indústrias serão afetadas.
Corrida. O aumento dos tributos sobre os importados provocou ontem uma verdadeira corrida dos consumidores às revendas de carros importados, tanto populares como os veículos de luxo. Na rede Caltabiano, que vende marcas como Land Rover e Volvo, 110 carros tinham sido vendidos até o fim da tarde de ontem, ante 20 negócios fechados numa sexta normal.
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