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A JetSmart, aérea low-cost chilena que pertencce ao fundo americano Indigo Partners e opera voos internacionais no Brasil, apresentou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 10 de março último, um plano para entrar no mercado doméstico brasileiro e disputar espaço com as três grandes empresas estabelecidas no país — Gol , LATAM e Azul —, disse a agência reguladora do setor à Reuters.
A companhia aérea atua no segmento de baixo custo no Chile e na Argentina. O suporte que tem da Indigo Partners a coloca como uma rara empresa do setor capaz de fazer investimentos durante a pandemia de coronavírus.
A JetSmart disse à Reuters que, apesar do colapso no tráfego de passageiros desencadeado pela pandemia, ainda está de olho em uma expansão no Brasil.
“Embora a pandemia tenha reduzido substancialmente a demanda, ainda estamos analisando novas operações na região, apesar de seguirmos a forma e a velocidade da recuperação do mercado no Brasil e em outros países”, afirmou o CEO da companhia, Estuardo Ortiz, em um comunicado.
Dor de cabeça para aéreas brasileiras
O movimento da chilena representa uma dor de cabeça adicional Gol , Latam e Azul, que foram fortemente afetadas pela crise causada pela pandemia de Covid-19.
A Latam pediu recuperação judicial no Chile e nos Estados Unidos. E anunciou o fim de suas operações na Argentina.
Os contadores da Gol estão pressionando para adicionar o chamado aviso de continuidade, um sinal de dúvida sobre se a companhia aérea estará viva daqui a um ano. A Azul, por sua vez, contratou advogados para fazer uma reestruturação da operação em meio às restrições financeiras e de demanda impostas pela Covid-19.
A entrada da JetSmart, no entanto, seria uma vitória para o governo do Brasil, que tenta atrair companhias aéreas de baixo custo para o maior mercado aéreo da América do Sul, mas com pouco sucesso até agora.
Em maio de 2019, o Brasil aprovou a abertura do setor aéreo à participação de até 100% de capital estrangeiro. Ou seja, grupos internacionais podem constituir uma empresa no país para operar no mercado doméstico.
A proposta mais firme, até então, foi feita pela espanhola Air Europa, que pertence à Globalia. A companhia aérea, entretanto, foi adquirida pelo IAG (dono da Iberia e da British Airways) e qualquer movimento nessa direção está em compasso de espera até que a aquisição seja confirmada pelas autoridades da concorrência.
Na semana passada, LATAM e Azul anunciaram um acordo de code-share, anunciando compartilhamento de voos e de seus programas de milhagens.
Na reunião realizada em março, a JetSmart disse que estava interessada em iniciar operações domésticas “em breve”, disse a ANAC, embora não tenha fornecido à Reuters um cronograma mais detalhado.
“Acreditamos que a JetSmart ainda esteja interessada”, disse a ANAC à Reuters.
Recursos para investir
A Indigo Partners, especializada em desenvolver empresas de baixo custo, além da JetSmart, controla também as companhias low-cost Frontier Airlines, nos Estados Unidos, a mexicana Volaris e a húngara Wizz Air. E tem feito apostas altas apesar da crise.
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A empresa americana fez uma tentativa frustrada de comprar a Virgin Australia e mantém um pedido finalizado no fim de 2017 com a Airbus para comprar mais de 400 aviões.
A JetSmart foi criada no Chile em meados de 2016, iniciando as operações um ano depois. De lá para cá, já transportou mais de 4 milhões de passageiros. Com uma frota de 11 Airbus 320, terá mais seis desses aviões até janeiro, devendo alcançar uma centena na frota em 2026, quando prevê chegar também a cem milhões de passageiros.
A companhia se define como de ultrabaixo custo, com tarifas que cobrem apenas o transporte ponto a ponto e uma pequena bolsa de mão. Qualquer outro opcional é pago à parte.
O Globo
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