Uma brasileira foi barrada no Aeroporto Internacional de Guarulhos antes do embarque em um voo da Qatar Airways para Bali, Indonésia, na madrugada de domingo, 25. O motivo: seu pai, que não viajaria com ela, teria feito um comentário sobre terrorismo na fila do check-in.
Thais Buratto da Silva, de 24 anos, graduada em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP), participaria de um congresso, quando foi informada, na fila do check-in, de que não poderia embarcar. A jovem afirma que funcionários da Qatar Airways proibiram o embarque depois de o pai dela, o economista Renato Camargo da Silva, ter feito uma brincadeira: “Ainda bem que não acharam que você é terrorista”, teria dito Silva.
A passageira tentou explicar que fora um mal-entendido. Segundo ela, os funcionários da companhia aérea não aceitaram explicações e tampouco quiseram revistar sua bagagem.
“Foi para mim (o comentário). Não foi alto. Foi uma brincadeira entre nós, um comentário que talvez não precisava ter sido feito, mas foi feito para mim”, diz ela. Seu pai afirmou que a abordagem da empresa aérea foi muito grosseira e ressaltou que a filha não fez nenhuma insinuação sobre terrorismo. “Se alguém tem de ser punido pelo comentário sou eu, e não ela. Questionem a mim, não ela”, disse o pai.
A Qatar Airways informou, por meio de nota, nesta segunda-feira, 26, que o veto se deveu a uma política de “tolerância zero da empresa”. “A segurança de nossos passageiros e tripulação é prioridade número um na Qatar Airways. Ontem (domingo), por razões de segurança, uma passageira teve embarque não autorizado. Nossos funcionários seguiram nossa política de segurança na qual a tolerância é zero.”
Thais argumenta que chegou a pedir à companhia que chamasse a Polícia Federal, mas os funcionários teriam se recusado. A PF em Guarulhos afirmou ontem que não encontrou nenhuma notificação sobre o caso. Já Thais diz que vai registrar uma ocorrência no aeroporto, por orientação de seu advogado, e entrará com uma ação por danos morais e materiais contra a empresa. De acordo com a jovem, a passagem custou cerca de R$ 6 mil e foi paga pela USP.
O advogado especialista em Direito do Consumidor Fábio Lopes diz que só a PF poderia confirmar a suspeita da empresa. Como os agentes não teriam sido acionados, caberia uma indenização à passageira.
Regras. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou por meio de nota que as normas brasileiras preveem que as companhias aéreas podem impedir o embarque de “passageiro indisciplinado”. A regra está no Regulamento Brasileiro de Aviação Civil n°108(RBAC).
Ainda segundo a agência, medidas adicionais de segurança não previstas nesse regulamento também podem ser aplicadas, desde que constem no programa de segurança apresentado previamente pela empresa à Anac para aprovação. Segundo a agência reguladora, é comum as companhias realizarem entrevistas com os passageiros no momento do check-in, a fim de detectar ameaças à segurança, como o terrorismo.
O órgão afirmou no comunicado que não irá se manifestar sobre o caso de Thais Buratto antes de investigar o que ocorreu. “A Anac não se pronuncia sobre casos pontuais sem a devida apuração dos fatos. Para uma melhor avaliação, teríamos que receber reportes da empresa aérea e da Polícia Federal, ou mesmo a manifestação do passageiro.”
Estadão
Ou esse cara não queria que a filha viajasse; ou então ele é muito babaca mesmo!