A Justiça argentina condenou nesta terça-feira o último presidente da ditadura militar (1976-1983), Reynaldo Bignone, e o ex-comandante Santiago Omar Riveros à prisão perpétua por delitos cometidos contra 23 vítimas, entre elas sete mulheres grávidas que tiveram seus filhos em maternidades clandestinas.
O julgamento de 25 acusados de crimes realizados pela Operação Condor começou no último dia 5. É a primeira vez que repressores são julgados em conjunto por cooperarem na perseguição e assassinato de opositores nas décadas de 1970 e 1980. Segundo cálculo dos magistrados do tribunal, o julgamento terá a duração de pelo menos dois anos; serão ouvidas cerca de 500 testemunhas.
As figuras mais importantes do último governo militar, entre elas o ex-ditador Jorge Rafael Videla, estão presas e condenadas. Os processos também continuam avançando em tribunais do interior da Argentina. Recentemente, a Justiça de La Rioja confirmou a cumplicidade da Igreja Católica com os militares durante os anos de chumbo.
Na Operação Condor, as ditaduras pediam a captura e em alguns casos a eliminação ou extradição dos sequestrados, sempre fora dos parâmetros estabelecidos por lei. Entre os desaparecidos estão dois diplomatas cubanos sequestrados e torturados em 1976 em um dos centros clandestinos de detenção do país, conhecido como “Automotores Orletti”.
O local foi alugado por agentes da Secretaria de Inteligência do Estado (Side) e funcionou como uma das bases principais das forças de inteligência estrangeiras que operavam na Argentina no marco da Operação Condor.
Reynaldo Bignone, último presidente da ditadura militar argentina Juan Mabromata/AFP
O Globo
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