A indefinição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o novo ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) fez com que o chefe do Executivo adiasse o início da reforma ministerial. Segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, Lula deve conversar com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, na terça-feira, 25, para anunciar sua decisão de trocá-la pelo atual ministro da SRI, Alexandre Padilha. Porém, ainda está em aberto quem irá ocupar o atual cargo de Padilha.
A aposta do governo era de que Lula anunciasse a entrada da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, no governo no sábado, 22, na comemoração dos 45 anos do partido, realizada no Rio de Janeiro. O presidente, porém, adiou o anúncio.
Segundo fontes, um dos motivos que fez Lula não oficializar o começo da reforma foi a indefinição sobre quem comandará a SRI, já que Padilha irá para o Ministério da Saúde, e o futuro de Gleisi. No governo, auxiliares do chefe do Executivo falam que ele pretende colocar a presidente do PT no Palácio do Planalto, mas ainda não sabe em qual pasta.
Gleisi era considerada favorita para ser a nova ministra da Secretaria-Geral, hoje sob Márcio Macêdo. Mas, nos últimos dias, passou a circular a hipótese de Lula colocá-la na SRI, substituindo Padilha. Integrantes do governo, no entanto, ponderam que pôr Gleisi no comando da pasta responsável pela articulação política com o Congresso pode ter resistências no Parlamento.
A principal dificuldade de Padilha se dava na Câmara, durante a gestão de Arthur Lira (PP-AL). Na opinião de deputados do Centrão, o Ministério de Relações Institucionais deveria ser ocupado por um nome com mais trânsito entre as diferentes forças políticas, o que já não era visto com Padilha, muito menos se daria com Gleisi.
A ida de Gleisi para a SRI é vista com temor inclusive ao redor da presidente do PT. “Isso causaria problemas com os aliados”, afirmou, reservadamente, um petista da cúpula da legenda. Aliados da petista também tratam essa possibilidade como “especulação”.
Mesmo que ela seja cotada para a SRI, auxiliares da gestão federal relatam que Gleisi permanece como favorita para a Secretaria-Geral. Para substituir Padilha, aparece como um dos cotados o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Fontes afirmam que Lula ainda não convidou oficialmente Padilha para ser o novo ministro da Saúde, mas que o chefe da SRI já sinalizou ao mandatário que aceitaria o convite. O governo aposta que o presidente deve ter uma conversa amanhã com Nísia para anunciar sua decisão.
Lula avalia há meses uma reforma ministerial para reorganizar seu governo para a segunda metade do mandato. Tudo indica que serão trocas a conta-gotas. As primeiras provavelmente incluirão integrantes do PT e do núcleo mais próximo do presidente. Depois, é provável que haja uma nova negociação com partidos aliados para reforçar a capacidade do Executivo de aprovar seus projetos no Legislativo. Lula, porém, ainda não conversou com as legendas aliadas sobre o tema.
Petistas já haviam sugerido ao governo o adiamento da reforma ministerial também para evitar que as eventuais mudanças no Palácio do Planalto e na Esplanada ofuscassem a repercussão da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo apurou a reportagem, a questão foi abordada por deputados com Padilha nos últimos dias. Nessa avaliação, a estratégia seria extrair o máximo da fatura política que o governo poderia obter com o noticiário contra Bolsonaro, antes de anunciar mudanças nos ministérios.
Estadão Conteúdo
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