O ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva aproveitou sua participação num seminário sobre responsabilidade social na província de Buenos Aires para defender a política e os políticos em momentos de “primavera árabe e manifestações sociais em países como Brasil, Espanha e Portugal”.
O ex-presidente disse que fora da via da política para solução de conflitos sobram poucas alternativas.
— Ou é autoritarismo, ou nazismo ou fascismo. Em vez de negar a política, dizer que Lula não presta, que Cristina Kirchner não presta, que Dilma não presta, pelo amor de Deus, entrem na política e descubram o político que pode estar dentro de vocês — declarou Lula, em recado a jovens argentinos, a grande maioria kirchneristas e admiradores do ex-presidente brasileiro.
— Não tenho vergonha da política, do meu partido, dos meus deputados e da minha presidente — frisou Lula.
Acompanhado por importantes membros do gabinete da presidente argentina, Cristina Kirchner, a quem Lula desejou uma rápida recuperação, o ex-presidente insistiu na necessidade de reforçar a aliança entre Brasil e Argentina e com todos os países da região, e aproveitou também para fazer um duro questionamento aos meios de comunicação brasileiros.
Nesta nova visita à Argentina, Lula foi, mais uma vez, tratado como uma celebridade internacional. O ex-presidente recebeu um prêmio honoris causa da Universidade Nacional de Buenos Aires, a mais importante do país, e foi apresentado como “o homem que combateu a fome no Brasil”.
A plateia que ouviu o discurso do ex-presidente foi convocada por setores do kirchnerismo e era, em sua grande maioria, fã de Lula. Uma das organizadoras do eventos é Alessandra Minicelli, funcionária K e mulher do ministro do Planejamento, Julio De Vido, um dos homens mais importantes do governo Kirchner.
— Algumas pessoas tentam negar os movimentos (sociais) e tentam negar a política. Se tem uma coisa importante na democracia e a movimentação da sociedade. A democracia não e um pacto de silêncio — afirmou Lula, em referência às recentes manifestações no Brasil e em outros países do mundo.
O ex-presidente homenageou seus ex-colegas Nestor Kirchner e Hugo Chávez e pediu uma rápida recuperação de Cristina, de licença até novembro para recuperar-se de uma cirurgia para retirar hematoma no crânio. Num país onde o governo enfrenta uma delicada disputa com meios de comunicação locais (principalmente o grupo Clarín), que chegou aos tribunais argentinos, Lula voltou a criticar a mídia, como fez em sua última visita, há um ano.
— Meus amigos da imprensa, donos de jornais e de TVs. Todos ganharam muito dinheiro em meu governo e nunca me deram trégua. Se apanhar deles fosse justificativa para não ser presidente, eu não teria sido presidente — disse Lula.
Lula disse ter aprendido a lição:
— O povo é mais esperto.
— Não lembro de uma manchete favorável a mim. O povo lê mais, estuda mais. Não é mais aquele tempo em que o que se dizia na TV era ordem — declarou o ex-presidente, que em 2005 disse ter comentado com sua mulher, Mariza, que se continuasse lendo os jornais e assistindo os noticiários de TV “morreria de azia”.
— Parei de ler e não desaprendi nada. Deixei a presidência com 87% de aprovação — enfatizou Lula.
O ex-presidente assegurou, porém, que “sou um homem que não teria chegado onde de cheguei sem a imprensa”.
— Apanho, mas reconheço o mérito — disse o ex-presidente, que acusou alguns meios de comunicação latino-americanos de atuarem “como se fossem um partido político”.
— Se acham que vou mover um dedo para prejudicar a imprensa, esse dedo já caiu — brincou Lula.
O ex-presidente, convidado de honra do evento realizado em Cidade Evita, na Grande Buenos Aires, falou durante quase duas horas. Lula enumerou os programas mais importantes de seu governo e disse ter conversado com empresários, sindicalistas e trabalhadores mais do que qualquer outro presidente brasileiro.
— Aprendi a ter capacidade de ouvir. Minha orelha é caída de tanto ouvir — brincou o ex-presidente, que encerrou seu discurso criticando os países que “não sabem mais viver sem guerra”, em clara referência aos Estados Unidos.
— Não fazemos parte disso. Queremos trabalhar e estudar. A impressão que tenho e quem está na mesa não quer paz — lamentou Lula, aplaudido de pé pela plateia kirchnerista.
O Globo
Desde quando um mau caráter vai ter vergonha de alguma coisa? Afinal tudo ele sabia e era o mentor de tudo!!!
A gente é que tem vergonha de você.
Esse discurso é igual ao discurso de mulher ou homem vadios que se orgulham de serem o que são, ou seja, simplesmente, sem vergonha.
Isso é coerência. São todos companheiros
CLARO QUE ELE NAO TEM VERGONHA DE TUDO ISSO E MUITO MAIS, SIMPLISMENTE POR SER UM SEM VERGONHA.