A Polícia Federal e o Ministério Público identificaram que máfias italianas, como a Cosa Nostra e a ‘Ndrangheta, utilizam o Rio Grande do Norte para lavar dinheiro do tráfico de drogas e de outros crimes. O esquema envolve a compra de imóveis, restaurantes e empresas de fachada para ocultar recursos ilícitos, segundo apontou reportagem publicada neste domingo (23), pelo jornal O Globo.
As investigações tiveram avanço após a delação do mafioso italiano Vincenzo Pasquino, preso no Brasil em 2021 e extraditado no ano passado. Ele detalhou as conexões da máfia com facções brasileiras e o uso de corretores de imóveis e políticos locais para viabilizar os negócios.
Um dos casos mais emblemáticos é o de Giuseppe Calvaruso, apontado como “tesoureiro” da Cosa Nostra, que movimentou cerca de R$ 300 milhões em Natal e João Pessoa por meio de uma empresa de investimentos imobiliários.
“Segundo a procuradoria, seu grupo movimentou cerca de R$ 300 milhões por meio da compra de apartamentos, flats, loteamento de casas, pizzaria e cafeteria em cidades do Rio Grande do Norte e da Paraíba, incluindo Natal e João Pessoa. Entre as empresas do suposto esquema, está a “América Latina Hemisfério Investimentos Imobiliários”, que tem capital de R$ 100 milhões”, afirmou a reportagem.
DETALHES DA VIDA DOS MAFIOSOS EM NATAL
O dia a dia dos mafiosos italianos em Natal já havia sido destaque em fevereiro, em uma reportagem da revista Piauí. Baseado em investigação do MPF, a matéria apontou que a máfia adquiriu 76 imóveis no Brasil. Parte dos recursos foi usado para engordar o capital das empresas da máfia (uma delas, a América Latina Hemisfério Investimentos Imobiliários).
Apesar de movimentar quantias milionárias, Giuseppe Bruno, um dos investigados, levava uma vida espartana em Natal. Morava de aluguel em um bairro da periferia, possuía um automóvel popular usado e almoçava em restaurantes baratos. Assim, mantinha a discrição necessária e cumpria uma tradição de décadas da Cosa Nostra: evitar as tentações do dinheiro fácil, em respeito aos “irmãos” que cumprem pena no cárcere.
“Certo dia, em um shopping de Ponta Negra, local abastado da cidade, Bruno conheceu Sara da Silva Barros, de 37 anos de idade. Logo, ela se tornaria não só a mulher de Bruno, como sua testa de ferro preferida, já que não tinha antecedentes criminais. “Sara é cem por cento limpa”, escreveu ele para Calvaruso, por WhatsApp. Foi em nome dela que Bruno e Calvaruso montaram a pizzaria e cafeteria Italy’s, na orla de Natal. “Cem pizzas por dia com uma média de 50 reais é 5 mil por dia. Por trinta dias é 150 mil. Em dois meses já se pagou”, contabilizou Calvaruso, em conversa com Bruno (a pizzaria, entretanto, não prosperou, e fechou as portas algum tempo depois). Em abril de 2022, Barros registrou um boletim de ocorrência na polícia em que acusava o marido de agressões físicas e psicológicas e admitia ser laranja do italiano.”
As autoridades também investigam a participação de Anselmo Limeira de Oliveira, um ex-assessor parlamentar da Câmara Municipal de João Pessoa, capital da Paraíba, acusado de intermediar compras de imóveis e fornecer documentos falsos para mafiosos.
A presença da máfia no Nordeste brasileiro se tornou estratégica devido à facilidade na movimentação de dinheiro e menor fiscalização. O Ministério da Justiça estuda a criação de um “código antimáfia” para reforçar o combate ao crime organizado internacional no Brasil.
96 FM Natal com informações de O Globo
Pior que a máfia, é a democracia relativa, implantada no Brasil pelo “mecanismo”.
Brasil virou uma lavanderia a céu aberto. Mafiosos, traficantes e bets. Tem para todos os gostos.