Os números confirmam o que as ruas já indicavam: depois de polarizar por um quarto de século a política nacional com o PT, o PSDB perdeu para Jair Bolsonaro (PSL) o protagonismo no eleitorado antipetista. Nesse contingente, que abrange cerca de 44 milhões de brasileiros, ou 30% do total de eleitores, Bolsonaro tem apoio da maioria absoluta, e sua taxa de intenção de votos equivale a seis vezes a do tucano Geraldo Alckmin.
Segundo o Ibope, entre os antipetistas, o deputado e militar da reserva tem 53% das preferências – é o dobro de sua média nacional. Já Alckmin, com apenas 9%, fica em um distante segundo lugar. Sem recuperar parte significativa desse eleitorado, dificilmente o tucano conseguirá chegar ao segundo turno.
Alckmin é seguido por Ciro Gomes (PDT, 5%) e Marina Silva (Rede, 4%). Somados, todos os adversários do líder atingem 31% entre os antipetistas, e ficam mais de 20 pontos porcentuais atrás dele. Nesse segmento, Fernando Haddad (PT), substituto de Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Lava Jato – na campanha presidencial, tem zero de intenção de voto. É raro encontrar tanta coerência em uma pesquisa.
Os dados são de levantamento do Ibope feito entre os dias 8 e 10, depois de Bolsonaro ter sido esfaqueado em um evento de campanha em Juiz de Fora (MG), fato que provocou comoção e aumento expressivo da exposição do candidato do PSL nos meios de comunicação. Para medir o eleitorado antipetista e averiguar sua composição social, o Ibope perguntou aos eleitores: “Em qual desses partidos políticos o(a) senhor(a) não votaria de jeito nenhum?” Com 30%, o PT ficou em primeiro lugar no quesito rejeição, com larga margem sobre o segundo colocado, o PSDB (8%).
Coesão. Após o atentado, Bolsonaro ganhou forte impulso entre os antipetistas. Nesse segmento, ele subiu 12 pontos porcentuais em relação à pesquisa feita antes da agressão, o triplo do que cresceu no eleitorado total. Ao mesmo tempo, a soma das taxas dos adversários caiu nove pontos. Ou seja, os antipetistas cerraram fileiras em torno do candidato do PSL.
Esse impulso pode ter relação com a repercussão imediata do ataque ao candidato. Pouco depois do incidente em Juiz de Fora, começaram a circular em redes sociais publicações de aliados de Bolsonaro e montagens anônimas procurando relacionar o agressor ao PT.
O próprio vice de Bolsonaro, General Mourão atribuiu o crime a “um militante do Partido dos Trabalhadores”, em um primeiro momento. Depois, recuou. O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014. Mas o candidato do PSL já era, disparado, o favorito dos antipetistas mesmo antes da facada. Ele tinha 41% nesse segmento.
Nas últimas seis eleições, PT e PSDB foram os principais atores das campanhas presidenciais, em polos opostos. O tucano Fernando Henrique Cardoso ganhou em 1994 e 1998, no primeiro turno, e os petistas Lula e Dilma Rousseff venceram as disputas seguintes, sempre contra um adversário do PSDB no segundo turno. Marina Silva tentou romper a polarização PT-PSDB ao concorrer como candidata da “terceira via”, em 2010 e 2014, sem sucesso.
Características. Na distribuição geográfica do eleitorado, há uma concentração maior de votantes que rejeitam o PT nas regiões Sudeste e Sul. Juntas, elas abrigam 69% desse segmento – e 59% do eleitorado total. No Nordeste estão apenas 15% dos eleitores anti-PT, embora a região abrigue cerca de 26% da população apta a votar. No Norte/Centro-Oeste, a balança está mais equilibrada: 15% dos antipetistas e 16% do eleitorado total.
Em termos de escolaridade, os antipetistas têm mais anos de estudo e se concentram na elite. Um em cada três eleitores com essa característica tem curso superior, enquanto a média do eleitorado total é de apenas um em cada cinco. No outro extremo, entre os que estudaram até a quarta série, a proporção de antipetistas equivale à metade da média nacional.
Na divisão por renda, quanto maior a faixa salarial, maior a proporção de eleitores anti-PT. Na amostra total da pesquisa, os brasileiros que ganham mais de cinco salários mínimos são 14%. Entre os que rejeitam votar no PT, essa proporção chega a 24%.
A pesquisa Ibope foi realizada entre os dias 8 e 10 de setembro, em 145 municípios, e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR‐05221/2018. Foram entrevistados 2.002 eleitores, sendo que 30% destes se enquadraram na categoria de antipetistas, ao afirmar que não votariam no PT de jeito nenhum. A margem de erro do levantamento foi de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Todos os porcentuais relativos aos antipetistas, porém, têm uma margem de erro maior que a da pesquisa inteira, já que a amostra de eleitores é menor.
ESTADÃO CONTEÚDO
Na real, não existe anti partido, o que existe são pessoas racionais, que analisam as manobras e atos partidários e de seus político, e os extirpão da opção de ser seu representante político.
Esse argumento de nós contra eles, são argumentos normalmente utilizado por quem quer aniquilar algo que tem lado, política não tem lado fixo, pois não é como um time, que vc defende de todas as maneiras, o político e o partido que você decide que seja seu representante, tem que ter características que você acha as corretas para lhe representar, qual seja, cumpra com o prometido, seja o mínimo de cara de pau, não minta, tenha um sensibilidade social sem tirar proveito da situação, e por aí vai.
Acontece que nesses últimos tempos uns políticos alienaram boa parte da população brasileira pra torcer por eles, como um time de futebol, as vezes, usam argumentos futebolistico para usar no dia a dia político, e essa opção da pessoa não inclui a honestidade, o que a meu, é essêncial pra uma sociedade avançar. Porque sem os princípios da honestidade não vamos a lugar nenhum, apenas ao caos.
parabéns Tião de extrema sensatez seu comentário
pensei em comentar também, porém você já disse tudo