Reunida nesta terça-feira com chefes de governos estaduais e municipais que vão sediar a Copa do Mundo de 2014, a presidenta Dilma Rousseff virou alvo de cobranças pela flexibilização das regras para licitações de empreedimentos relacionados à competição. Prefeitos, que prepararam uma carta com reivindicações para a presidenta, querem também mudanças no sistema que controla convênios e financiamentos.
“Não é para passar por cima de nada. Só queremos um modelo que permita dar agilidade às obras que têm data marcada para serem concluídas”, disse a prefeita de Natal, Micarla de Sousa, do PV.
A flexibilização de critérios para licitações da Copa foi incluída pelo governo em medidas provisórias que aguardam apreciação no Congresso.O assunto chegou a entrar na pauta da Câmara, mas foi adiado em meio à tramitação do novo Código Florestal.
O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, responsabilizou o governo estadual pelo atraso nas obras de construção de um estádio em sua cidade. “Sem recursos e sem meios fica muito difícil conseguir fazer qualquer coisa”, queixou-se. Amazonino reclamou ainda da falta de um projeto de mobilidade urbana para a cidade, um problema crônico, que precisa ser resolvido. “Não se pode carrear uma montanha de recursos por conta de quatro dias de Copa”, disse ele.
O prefeito de Cuiabá, Francisco Galindo, salientou que os prefeitos querem que o governo federal resolva problemas que afligem as regiões carentes dessas capitais. “Existem pontos destas capitais que nem sequer possuem pavimentação e precisamos aproveitar esta oportunidade para realizar obras não só para a Copa, mas para beneficiar a cidade como um todo”, comentou.
Já o prefeito de Porto Alegre, José Fortunato, reclamou da indefinição quanto ao aumento da pista do aeroporto da cidade. “Não queremos a Copa do Mundo pela Copa, mas pela infraestrutura que ela poderá deixar para todas as cidades”, comentou.
Cobrança
Do lado do governo, Dilma pretende cobrar Palácio do Planalto, prefeitos e governadores serão cobrados pelo andamento das obras. A presidenta tem demonstrado insatisfação com o cumprimento dos prazos em várias cidades, particularmente São Paulo e Manaus. O governo federal já avisou que as cidades que não se adequarem ao cronograma exigido para viabilizar a realização da Copa poderão ser simplesmente excluídas. As duas cidades mais adiantadas nas obras para a Copa são Belo Horizonte e Salvador.
Faltaram ao encontro o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e os governadores do Rio Grande do Sul, Tarso Genro; do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; e do Ceará, Cid Gomes. Todos foram convidados no dia 25 de maio. Os três governadores ausentes estão em viagem ao exterior.
O prefeito Gilberto Kassab informou ontem, às 17h30, que não poderia participara da reunião com Dilma por “compromissos intransferíveis”, já que ele será anfitrião da Conferência do Meio Ambiente em São Paulo, cuja abertura ocorrerá hoje à noite. Kassab enviou em seu lugar a vice-prefeita Alda Marco Antonio.
A ausência de Kassab ocorre após turbulências na relação entre o Planalto e Prefeitura de São Paulo, em meio à crise que cerca o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Diante das denúncias, o PT e altos membros do governo acusaram a prefeitura de ter vazado para a imprensa de informações sobre o faturamento da Projeto, empresa de consultoria de propriedade de Palocci, que teve o seu patrimônio multiplicado por 20 vezes nos últimos quatro 4 anos.
*Com informações da Agência Estado
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