Josias de Souza
Sempre que instado a comentar o escândalo de sua pasta, o ministro Pedro Novais (Turismo) sapeca: a encrenca é de 2009, antes de eu virar ministro. Como poderia saber?
As explicações de Novais ainda nem sedimentaram e já surge ao redor do ministro um escândalo seminovo.
É muito parecido com o antigo. Envolve emenda de parlamentar, convênio e verba pública desviada. A diferença é que, dessa vez, Novais terá mais dificuldades para dizer que n!ão sabia.
O autor da emenda que nutre o malfeito é ninguém menos que o deputado Pedro Novais (PMDB-MA).
O caso vem à luz graças ao trabalho de uma tróica de repórtres: Dimmi Amora, Andreza Matais, Felipe Seligman.
Informam, na Folha: antes de virar ministro, Novaes mandou aos cofres do Turismo emendas orçamentárias.
Uma dessas emendas resultou em convênio de R$ 1 milhão assinado com prefeitura dos fundões do Maranhão, Estado de Novais.
Empenhada pelo ministério em dezembro de 2010, a verba está na bica de migrar de Brasília para o Maranhão.
Vai parar nas arcas municipais de Barra do Corda, cuja vocação turística é quase tão imperceptível quanto a vocação de Novais para o ministério.
A emenda prevê que o dinheiro será usado na construção de uma ponte. A prefeitura até já realizou a “licitação”.
“Venceu” a empresa Planmetas Construções e Serviços. Fica na capital maranhense, São Luíz, a 450 km de Barra do Corda.
Munida do endereço que aparece nos registros oficiais da empresa, a reportagem decidiu visitar sua sede. Supresa (!), espanto (!!), estupefação (!!!)…
A firma credenciada para beliscar o R$ 1 milhão provido pela emenda de Novais é “fantasma”. Não existe senão como fraude.
A pseudo-sede da construtora fica na periferia de São Luiz, num conjunto habitacional de baixa renda. O apelido dos prédios dá ideia das condições das moradias: ”Carandiru”.
No suposto endereço da Planmetas, atendeu uma senhora. Identificou-se como Delí. Questionada sobre os pretensos sócios da empresa, ela disse que um deles é seu neto. Mas já não mora no local.
Ouvido, o agora ministro Pedro Novais disse ter direcionado verbas para Barra do Corda por acreditar que o turismo pode se desenvolver na cidade:
“A ponte dará acesso à população e aos turistas, além de permitir que todos conheçam o principal ponto turístico da cidade: o balneário Beira Rio.”
O diabo é que, considerando-se o tipo de empresa selecionada, a ponte da emenda do ministro dará acesso apenas à praia dos cofres públicos.
E dessa vez Pedro Novais nem vai poder dizer que não sabia.
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