De 2010 a 2024, a obesidade foi responsável por 45.310 mortes no Brasil, um aumento de 75,3% no período, segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de 2024. O ano com o maior número de óbitos foi 2021, com 4.561 registros. Desde então, houve uma redução de 19,35% nos casos.
Nesta 3ª feira (4.mar), é celebrado o Dia Mundial da Obesidade, data dedicada à conscientização sobre essa doença crônica não transmissível.
O presidente da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) e cirurgião bariátrico, Juliano Canavarros, explicou que muitas dessas mortes não foram causadas diretamente pela obesidade. Segundo ele, os óbitos estão associados a comorbidades frequentes em pessoas obesas, como hipertensão e dislipidemia — condição caracterizada por níveis elevados de colesterol.
“O paciente pode desenvolver muitas doenças associadas à obesidade que vão aumentar a chance dele morrer. Inclusive, já é científico que obesos podem ter 30% a mais de chance de desenvolver câncer, que vai abreviar a vida desta pessoa”, disse.
A AMA (Associação Médica Americana, na sigla em inglês), maior associação de médicos e estudantes de medicina dos Estados Unidos, classificou a obesidade como uma doença crônica em 2013. Já a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera obesas as pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 30 kg/m².
Além do aumento no número de mortes associadas à obesidade, o número de casos da doença entre brasileiros maiores de 18 anos cresceu 105,9% entre 2006 e 2023, segundo o Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico). No último ano com dados disponíveis (2023), 24,3% dos adultos no país foram considerados obesos.
Para a psicóloga e cofundadora da ONG Obesidade Brasil, Andrea Levy, o aumento da obesidade entre os brasileiros está ligado a fatores como sedentarismo, desigualdade social, problemas de segurança pública e a ausência de políticas voltadas para a prevenção e o tratamento da doença.
“A gente não pode chegar para uma pessoa com obesidade, em uma situação de vulnerabilidade, que mora na periferia, e falar: ‘Vai caminhar no parque e compra comida saudável’. Comida saudável é hipertaxada, e a pessoa não tem tempo para cozinhar porque tem que trabalhar em 3 empregos. Esses são fatores socioeconômicos muito presentes na vida da população brasileira”, afirmou.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que “oferece assistência integral a pessoas com sobrepeso e obesidade por meio da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas, na qual a obesidade é um dos eixos temáticos”.
Leia a íntegra da nota:
“O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência integral a pessoas com sobrepeso e obesidade por meio da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas, na qual a obesidade é um dos eixos temáticos.”
“As intervenções clínicas incluem orientações nutricionais, promoção de atividade física e, quando necessário, terapias farmacológicas. A cirurgia bariátrica é indicada para casos específicos, especialmente quando outras abordagens não resultaram em perda de peso significativa ou controle das comorbidades associadas.”
“O acesso à cirurgia bariátrica ocorre por meio dos serviços de saúde, com encaminhamento à atenção especializada, de acordo com critérios clínicos. O tratamento cirúrgico é indicado para indivíduos com IMC ≥ 50 kg/m² ou IMC ≥ 40 kg/m², com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado na Atenção Básica e/ou Ambulatorial Especializada por, no mínimo, dois anos. Também são elegíveis pacientes com IMC ≥ 35 kg/m² e comorbidades como alto risco cardiovascular, diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial sistêmica de difícil controle, apneia do sono e doenças articulares degenerativas, desde que tenham seguido protocolos clínicos e passado pelo tratamento clínico longitudinal por, pelo menos, dois anos.”
Poder 360
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