Primeiro município brasileiro a adotar uma estratégia diferenciada para o diagnóstico precoce e a prevenção ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zikavírus e febre chukungunya, Natal se prepara para apresentar os resultados alcançados com a nova metodologia ao Ministério da Saúde, em agosto. Entre eles estão a redução do período de epidemia da dengue deste ano, que durou cerca de dois meses e a otimização das ações e dos recursos humanos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) utilizados no combate ao vetor.
Segundo o chefe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da SMS, Alessandre Medeiros, o objetivo principal é diminuir drasticamente a possibilidade de uma nova epidemia da doença e evitar a ocorrência e notificação de novos casos das enfermidades transmitidas pelo mosquito. Ele destacou que a nova metodologia, que vem obtendo sucesso em suas metas, será apresentada ao Estado nos próximos dias e aos representantes do Ministério da Saúde, no próximo mês.
Alessandre Medeiros explicou que antes, o controle vetorial do mosquito transmissor da dengue era feito de forma homogênea em todo o município, com visitas de rotina aos imóveis, em determinados intervalos de tempo. No entanto, esse modelo, aplicado em todo o país, não leva em consideração as particularidades de cada bairro ou região, o que compromete a eficácia dos procedimentos realizados para prevenção e combate à dengue.
Hoje, com a aplicação dessa nova metodologia de trabalho, é possível não apenas a detecção das necessidades específicas de cada bairro ou área do município, em vários cenários de riscos. Além de permitir o melhor planejamento do conjunto de ações diferenciadas a serem feitas, também contribui para a otimização das atividades a serem realizadas e o monitoramento das situações humana e vetorial de toda Natal.
“Planejamos uma estratégia específica para cada cenário de risco apresentado, o que exige muito mais capacidade técnica para análise e planejamento das ações, para cada semana. E os resultados são positivos e animadores, pois conseguimos reduzir em mais da metade o tempo da última epidemia de dengue em Natal, que durou cerca de dois meses apenas, ao contrário dos anos anteriores”, afirmou.
Natal escolhida internacionalmente
Alessandre Medeiros disse que, em abril passado, foi realizada uma reunião internacional como grupo de pesquisas em dengue da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Natal, que foi escolhida para sediá-la por causa da nova metodologia aplicada no município. “Fomos escolhidos como município modelo pela implementação das novas estratégias adotadas recentemente e, na ocasião, quando tivemos participantes de vários países da América, como Argentina e México, que discutiram conosco as novas formas de controle e prevenção da dengue”, falou.
O chefe do CCZ-SMS explicou ainda que o órgão enviou as planilhas construídas a partir dos dados coletados no município à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para a demarcação do mapa de risco de Natal e que servirão para os próximos anos. E afirmou ainda que uma técnica da CCZ está em Brasília para participar da reunião de estudos dos indicadores para a detecção precoce de epidemia de dengue. Na ocasião, ela apresentará a opinião do município sobre a mudança das estratégias usadas na prevenção e combate ao Aedes, que trouxe muitas vantagens para o trabalho realizado por Natal.
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