
Como já era previsto, o contraventor Carlos Augusto Ramos, internacionalmente conhecido como “Carlinhos Cachoeira”, ficou calado durante todo o depoimento prestado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). O depoimento terminou agora há pouco sem nada, absolutamente nada de relevante a ser acrescido aos trabalhos da comissão.
Mas, o mais interessante mesmo foi o tom de deboche e cinismo que ele olhava para todos os parlamentares presentes ao responder que iria permanecer em calado. As respostas eram sempre as mesmas. “Eu me reservo ao direito constitucional de ficar calado”, “Ficarei calado”, “Invoco o direito de ficar calado” e suas variantes.
Impressionante foi a forma como o silêncio dele irritou os parlamentares presentes que variaram suas perguntas de rebuscadas a diretas, com apelo a defesa e sem apelo. As formas foram as mais variadas, mas apenas imperou todo o silêncio, que já havia sido prometido por ele mesmo até a audiência na Justiça.
Esse silêncio foi uma vitória do bicheiro, já que a defesa tentava remarcar seu depoimento na CPMI para após a instrução junto ao Judiciário, como os integrantes da Comissão aprovaram a vinda antes escutaram apenas as suas próprias perguntas.
O blog acompanhou todo o depoimento com o contraventor e pode somente se espantar com a forma com que ele respondia e a sua fisionomia. Cachoeira se encontra velho, com aspecto de cansado e abatido.
Perguntas a Cachoeira
Os parlamentares questionaram qual era a relação de Cachoeira com políticos de Goiás, do Distrito Federal e de outros Estados. Perguntaram sobre as relações do bicheiro com os governadores Marconi Perillo (PSDB) e Agnelo Queiroz (PT), especificamente.
Queriam saber também sobre as relações dele com a empresa Delta, sobre os imóveis e as principais personagens do grupo do contraventor.
Perguntaram se ele aceitaria uma delação premiada, sobre as empresas de fachada do grupo criminoso e de contas hospedadas no exterior. Os deputados e senadores buscavam apurar sobre os imóveis de posse do bicheiro fora do Brasil.
As relações com os políticos apontados nas operações Vegas e Monte Carlo da Polícia Federal, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), também integraram a lista de perguntas.
Alguns parlamentares questionaram ainda sobre o tratamento que o bicheiro está tendo na prisão e de onde ele tirou dinheiro para pagar o advogado, o ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos, que receberá R$ 15 milhões para defender o bicheiro.
Opinião dos leitores