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Em 17 anos de Polícia Federal (PF), o delegado Tácio Muzzi já atuou em investigações contra os chefões do jogo do bicho, a banda podre da polícia, políticos e empresários corruptos, mas um dos momentos mais difíceis da carreira aconteceu em 21 de março do ano passado, quando o ex-presidente Michel Temer (MDB) desembarcou na sede da corporação no Rio para cumprir a prisão ordenada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Sem disfarçar o constrangimento, Muzzi, que estava na chefia interina da unidade, procurou dar uma acolhida digna a um ex-chefe da nação sem abrir mão do dever de encarcerar um preso.
Mineiro, de gestos contidos e fala tranquila, ele acolheu Temer na sala do corregedor local. O ex-presidente ficou isolado em um espaço de 20 metros quadrados, com banheiro privativo e ar-condicionado. Cada providência naquele dia foi bem pensada, bem ao estilo do delegado, para não parecer regalia ou abuso de autoridade contra um preso VIP. Por gestos assim, Muzzi é visto com respeito na área de segurança pública fluminense, onde passou a maior parte da carreira.
Um dos procuradores da República da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Rio garante que o delegado escolhido para assumir a superintendência da PF no Estado é um “excelente policial, muito técnico”. Doutor e mestre em Direito Empresarial pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Muzzi foi procurador do Banco Central do Brasil antes de iniciar a carreira na PF, em 2003. Entre as funções mais destacadas, chefiou a Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da superintendência fluminense e coordenou o Grupo de Trabalho da Lava-Jato no Rio. Também comandou operações especiais de repressão a corrupção, crimes financeiros, lavagem de dinheiro e criminalidade organizada.
Uma das operações mais importantes da carreira de Muzzi foi a Gladiador, desencadeada em dezembro de 2006 para desarticular uma quadrilha formada por policiais civis e militares que garantia proteção a contraventores. As investigações envolveram o ex-governador Anthony Garotinho e o ex-chefe da Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, que acabaram condenados pela Justiça Federal por formação de quadrilha armada, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O delegado também encabeçou a Operação Saqueador, precursora da Lava-Jato na investigação de ações da Delta Construções, e liderou a parceria da PF com o MPF que, em 2016, resultou na prisão do ex-governador Sérgio Cabral.
Atualmente delegado regional executivo da PF no Rio, segundo posto na hierarquia da unidade, Muzzi já foi diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) (de 2018 a 2019) e diretor-adjunto do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (de 2017 a 2018). O novo superintendente da PF no Rio ainda é professor da Escola de Magistratura do Estado do Rio e da Academia Nacional de Polícia.
Muzzi vai substituir Carlos Henrique de Oliveira, que irá para Brasília ocupar a diretoria-executiva da PF. Um dos pivôs da crise que culminou com a saída do ex-ministro da Justiça Sergio Moro do governo, a superintendência da PF fluminense é um interesse declarado do presidente Jair Bolsonaro ao menos desde agosto do ano passado.
A escolha por Muzzi, no entanto, acalmou os ânimos dentro do órgão diante da perspectiva de que fosse nomeado um delegado com ligações com o presidente. Seu nome não era uma escolha do Planalto e ele foi o braço-direito do delegado Ricardo Saadi, o primeiro superintendente do Rio que Bolsonaro manifestou a intenção de trocar, ainda em 2019.
Extra – O Globo
PF para Bolsonaro, significa: Proteção dos Filhos.
Prender Temer é moleza. Idoso, residencia fixa e sem vínculos com a milicia carioca.
A PF já faz parte da pizza!