Corria o ano de 1996. Um grupo formado por este blogueiro, Wagner Aquino (Mago Wagner), Jener Marinho e Neilson Costa resolver levar para Mossoró o Jornal alternativo Natal Express (de propriedade dos três primeiros). Em terras de Lampião, o jornal, evidentemente, se chamaria Mossoró Express.
Fizemos contato com o hoje colunista George Azevedo, que topou ajudar a gente na empreitada e resolvemos partir para Mossoró, no carro Prêmio Azulão de Guerra de Neilson, movido a álcool. Era uma quinta-feira e fomos cedo, porque no dia seguinte e no sábado haveria grandes festas na cidade, incluindo um carnaval fora de época, o Carnativa.
O Mago Wagner com compromissos importantíssimos e o filme queimadíssimo com o velho bom de guerra “seu Aquino” militar aposentado não teve condições de acompanhar os desbravadores do jornalismo, “festa” que iríamos fazer em Mossoró.
Naquela época, Neilson já era de “casa” em Mossoró. Por isso tivemos acesso fácil a certas figuras de Mossoró, como Gustavo Rosado, na época produtor cultural e Nogushi Rosado, empresário de retificas.
Após muitas visitas, e excelente acolhida começamos os trabalhos alcoólicos e só viemos parar no domingo perto da volta. Tomamos um banho na casa que estávamos hospedados de Edgar e Alexandre Bulamarqui e partimos para Natal aproximadamente por volta das 10h da manhã.
Logo na saída, o ar-condicionado do Azulão bateu catolé e saímos naquela sensação térmica agradabilíssima, ainda mais para quem estava de ressaca.
Depois de passar por um posto da Polícia Federal, Jenner já pegou no sono. Dez quilômetros antes de chegar a Assu, o Azulão começou a apresentar defeitos de tudo que é conhecido na mecânica profissional.
O carro falhava mais do que 22 com cano torto e enferrujado, mas conseguimos chegar empurrando o veículo no último posto aonde nos avisaram que aos domingo, só tinha um mecânico lá.
Passavam das 13h quando Chico mecânico disse que não tinha como pegar o serviço, porque estava acabando o último carro e iria pegar o ônibus para Natal. Após apelos pessoais e financeiros fortes, além da promessa que ele viria de carona com a gente para Natal, Chico resolveu ver o Azulão.
Foi mais de uma hora desmontando carburador, assoprando, limpando com gasolina, até que o carro deu sinal de vida, capô foi fechado e partimos para Natal
Por volta das 15h, quando começamos a subir a primeira ladeira, o carro começou a falhar de novo.. A gente olhou para Chico, Chico olhou para a gente e disse: – meninos, vou ficar por aqui na pista e esperar um ônibus que é mais negócio, não posso fazer mais nada. Aconselho você a chamarem o guincho.
Foi aquela decepção com o mecânico, Neilson soltou a marcha e deixou o carro descer na banguela até o posto novamente, de lá fomos empurrando o carro até a Adega da Ponte e tomamos um atitude muito sensata.
Vamos para as piscina deliciosa e pedir file a parmegiana à vontade como tira-gosto (o filé da Adega era conhecido como um dos melhores), acompanhado de muita cerveja e caipirinha.
Assim o fizemos e tivemos a brilhante idéia de ligar para o Mago Wagner, que tinha ficado em Natal à “força” e sem aproveitar nada daquilo se prestou o papel de ir socorrer esses filhos de deus em Assu. A gente não acreditou muito, mas a verdade é que o Mago foi e já eram 19h quando chegou à Adega.
O mago ficou indignado em nos ver naquele estado e disse: – Sacanagem, peguei o carro de papai escondido (o carro era um Uno 4 portas completo recém comprado), para vir pegar vocês e encontro isso? Vou voltar, não posso dormir aqui nem fazer farra. A consciência pesou e decidimos nos organizar e voltar com o mago.
Já passavam das 20h quando pegamos a estrada deixando o Azulão para trás. O guincho iria pegá-lo na segunda. Antes de Fernando Pedroza, o Mago cochila na direção e eu, de pronto disse: para, para, para. “Vou dirigir que você tem condições não”.
Jenner e Neilson nem notaram, estavam dormindo e continuaram. Peguei a direção e partimos para Natal com cuidado e devagar.
Chegando a Santa Maria, ultrapassei o caminhão de Leite da empresa Bethânia do Ceará. Antes do trevo da reta de tabajara eu adormeci e acordamos todos com o carro em cima do canteiro central, o automóvel estava só Maracujá, prestava mais para nada. Após conferir que todos estavam bem, Jener disse que não sentia nada, o mesmo com Neilson, olhamos e… cadê o Mago Wagner?
Veio logo a preocupação e foi quando vi ele sentado em cima de uma roda que tinha se soltado com a cabeça baixa e a mão na cabeça.
“Peguei o carro escondido, fui socorrer vocês e olhem o que aconteceu? O que vai ser da minha vida? Já estou com o filme mais sujo do que Pau de Galinheiro em casa”. Os telefones não tinham sinal naquela época no trevo da reta, então não tínhamos como chamar ninguém. Já eram mais de 23h, foi quando o caminhão da Betânia para pra socorrer a gente, desce um cabra todo desajeitado e diz: meu patrão, que doideira, posso ajudar em que?
Eu de pronto respondi, pode me levar até a polícia rodoviária? Ele disse, claro…
Entrei no caminhão e esse cara saiu em disparada num caminhão carregado de leite, fiquei assustado e perguntei, vem de onde? Ele disse, venho do interior do Ceará e estou indo deixar esse leite em Recife, ai eu disse, direto? Ele claro, aqui ainda dirijo mais um dia sem parar, deu uma tapa no porta luvas e mostrou o arsenal de comprimidos que ele andava.
Chegamos à rodoviária, ele para, eu agradeci e fui falar com os policiais, dizendo o que tinha acontecido e para eles sinalizarem e se podiam chamar um guincho, tudo resolvido na rodoviária, quando vejo o caboclo: “amigo, quer que eu lhe deixe aonde?”
Eu disse: “Rapaz, você pode me deixar na entrada de Natal”. Ele disse não, deixo o amigo onde for o seu destino. Saímos no caminhão e esse cara entra em Natal para me deixar em casa e assim eu pegar meu carro e ir socorrer os colegas.
O cabra ia ligeiro e eu conversando com ele para baixar minha tensão, foi quando disse vou ficar naquela esquina(era o Cupim Pão de Batata, hoje Bob´s), naquela época os sinais de madrugada ficavam piscando amarelo, um Omega zerinho zerinho com placa de recife inventa de freiar no sinal de madrugada sem movimento nenhum.
Não deu outra, o caminhão enche a traseira do Omega. O Diálago foi rápido, o cara desce e diz meu amigo, como você bate desse jeito em mim?
Ele diz: “Senhor, como você para de madrugada numa preferencial sem movimento na outra pista? Sou motorista, não tenho dinheiro para pagar o seu carro, o telefone da Bethania é esse e se o senhor quiser ligue para lá que eu perco meu emprego e pronto”.
Ele deu ré, entrou na Nascimento de Castro e me deixou na porta de casa. Fiquei muito grato a esse cidadão, fui pegar os companheiros com meu irmão e depois de mais de 16 horas eu estava deixando o ultimo em casa, o mago Wagner.
Esse foi a historia do anjo da Bethania!!
Em tempo: Deus foi bom com esses meninos traquinos, hoje Jener Marinho é da superintendência de Marketing do Banco do Brasil em Brasília, Neilson Costa é engenheiro da Chesf, Wagner Aquino é empresário em Mossoró no seguimento de turismo e entrertenimento, e esse blogueiro que vos escreve faz de mil e uma tarefas
Brunão,
Bom demais rememorar essas histórias!!! Parabéns pela iniciativa e continue firme e forte….
Grande abraço,
Neylson.
Muto boa história. Ri muito. Mas uma pergunta: E a bronca do pai de Wagner, como ffoi?
Wilson, era viarada de 23 para o dia 24 de Dezembro Natal, este foi o terceiro carro que destrui em um mês (mês difícil para Sr. Aquino…rsrs), diferente das outras batidas nesta ele perdeu a paciência, não falou comigo na véspera de Natal e pediu para meu irmão mais velho (Walter Aquino) me convencer a procurar um psiquiatra…rsrs