O Blog reproduz artigo escrito no dia 05 de junho do ano passado sobre o primeiro furo blog, foi justamente o assassinato do Advogado Anderson Miguel, só em ler novamente esse post vem a mente toda aquela emoção e adrenalina que passei em cobrir um crime pela primeira vez na minha vida.
O Curioso
Moro perto do escritório de advocacia que pertencia a Anderson Miguel, comprei o imóvel aonde moro no início de 2006, foi justamente nessa época que a A&G (empresa que era dele e da ex esposa Jane Alves) crescia na Miguel Castro. O movimento lá era constante. Logo depois vi que a casa vizinha também era deles, a qual se chamava “Advogados Associados” numa placa preta de granito com os letreiros em aço de vários advogados, dentre eles Anderson Miguel. Por curiosidade, um dia perguntei a uma pessoa conhecida quem era aquele pessoal, essa pessoa me explicou que eram donos de uma prestadora de serviços de locação de mão de obra para o Governo, que ele também era advogado trabalhista e que era um povo que estava nadando em dinheiro, inclusive na campanha de 2006 eles tinham ajudados muitos políticos. Escutei isso e toda vida que ia para casa prestava atenção na movimentação daquele pedaço da Miguel Castro. Logo depois eles já ocupavam outro imóvel na avenida, já era o terceiro. Esse na esquina, se não me engano, era para que os funcionários fizessem alimentação e descansassem. Um certo dia, não lembro bem o mês, eu e minha esposa saímos de uma festa, já numa hora adiantada da noite, e quando íamos para casa, que passamos em frente à A&G, tinham duas viaturas da Policia Federal paradas. Eu pensando comigo “vixe, uma hora dessas a federal aí deve ser pepino grande”. Nos dias seguintes, não deu outra: estava estampada em todos os jornais e portais a famosa operação Hígia que todos já conhecem de cor e salteado. Nesse mesmo período, eu já via uma movimentação grande por lá e com a campanha política, a movimentação aumentou por demais. Jane Alves, candidata a vereadora, e Anderson Miguel, candidato a prefeito de Maxaranguape. A quantidade de carros que circulavam por lá adesivados era impressionante, a eleição de ambos, seja em natal ou maxaranguape, era dada como certa, tamanho a estrutura dos candidatos mas como se sabe os dois foram derrotados. Depois, sempre com muita atenção, fui acompanhando todo o desenrolar da operação Hígia pelo noticiário e por papos com pessoas que acompanhavam mais de perto e até mesmo com alguns envolvidos. Mas já sabia muito bem como era a personalidade de Anderson Miguel. Foram muitas vezes que coincidiu de eu passar e ele esta descendo de carrões, ou até mesmo conversando com algumas pessoas na porta, sempre de óculos escuros. Também passando por lá, fui vendo a derrocada do império: primeiro devolveram a casa da esquina, depois começou a juntar funcionários na frente da empresa para receber dinheiro, quando os contratos com o governo foram rescindindos.
O Furo do Blogueiro
Apesar de não ser jornalista, sempre gostei da profissão. Nos idos de 95 e 96, mantive um jornal alternativo chamado Natal Express, esse jornal em toda edição vinha recheado de entrevistas polêmicas e era um sucesso. A ressonância das entrevistas daquela época escutamos até hoje.
Depois, com a minha entrada no twitter, sempre gostei de me posicionar sobre diversos assuntos e fazer comentários. Vários amigos sugeriam que eu colocasse um blog, mas eu dizia que por já haverem tantos eu não sabia se teria condições. Uma vez, num papo com Thaisa Galvao, ela me disse que blog era uma escravidão. Meu parceiro e incentivador nessa idéia, Pedro Ratts, também dizia a mesma coisa “vá em frente, agora se prepare para doar seu tempo”. Bom, criei coragem e coloquei o blog no ar. Os números do blog até hoje mostram que foi um acerto tê-lo colocado. Hoje já temos mais de 115 mil acessos em apenas 65 dias. Coincidentemente, o recorde de acessos até hoje foi o do dia 1 de junho, justamente o dia que Anderson Miguel foi assassinado. Foram 6388 acessos durante o dia 1. E foi nesse dia que o BlogdoBG deu o seu grande furo, já tínhamos dado outros como o assalto da Praça das Flores, as barracas da Praia do Meio que vendiam drogas, o incidente no shopping entre um ex-vereador e um publicitário, e a situação vexatória da briga de três amigas em plena Ângelo Varela. Mas nenhum desses teve a importância para o Blog como o desse crime. O Blog simplesmente pautou toda a imprensa, e quem está dizendo não é esse que escreve, mas sim os repórteres de TV e jornais que foram chegando lá para cobrir e foram me dizendo “bruno, foi todo mundo vendo no seu twitter e no blog e todas as redações ligando para a gente correr para cá. Val Lima, da Tropical, amigo de tantas jornadas, me disse “rapaz, que danado você fez? Eu estava no Walfredo fazendo um reportagem quando mandaram correr para cá porque você tinha confirmado com detalhes o assassinato de Anderson Miguel”.
Agora conto para vocês, detalhe por detalhe, como tudo aconteceu. O Galpão no qual trabalho, o escritório onde atendo clientes e minha casa estão num triângulo em cujo centro encontra-se o escritório do advogado. Pois bem, eu atendi uma cliente, e saí do escritório às quatro e meia da tarde com destino à minha casa. Quando entro em casa, que coloco uma bermuda, meu telefone toca. Uma pessoa me disse “corra aqui na Miguel Castro que aconteceu alguma coisa muito séria num escritório de advocacia, porque acabou de chegar um carro de polícia e uma pessoa saiu de dentro do escritório com a mão na cabeça, chorando”, eu perguntei aonde era e ela informou o local. Instantaneamente, por toda aquela história que narrei anteriormente, eu imaginei que fosse no escritório de Anderson e que era muito provável que tivessem matado ele. Peguei a máquina fotográfica e, mesmo com esse corpitxo, saí correndo em direção ao local. Cheguei lá na mesma hora que a segunda viatura da polícia também estava chegando. Comecei a me tremer quando vi um moça chorando e se tremendo muito, quem depois vim saber que era a recepcionista do escritório. Saí logo perguntando o que tinha acontecido mas, quando as pessoas viam a máquina fotográfica grande que eu portava, não respondiam. Preparei o primeiro post no twitter e, por enquanto, não dei “send”. Precisava da confirmação que realmente era o Anderson. Foi saindo um moça de dentro, que depois soube que era uma cliente, e o advogado, que usava uma sala no escritório, com o seguinte dialogo meu Deus, como acontece isso aqui e nos não escutamos nada? Que coisa maluca, que horrível. Eu criei coragem e entrei na recepção, foi quando me deparei com a ex-esposa do advogado, Jane Alves, chorando muito, saindo do corredor e passando para fora, e outra pessoa, que não me recordo quem era, dizendo que já tinha chamado o SAMU e que achava que não tinha mais jeito. Quando virei, estava a moça da recepção narrando ao policial como tinha sido o acontecido e o policial já dando ordem para duas viaturas, que estavam indo para lá, procurarem um siena branco pela região. Bom, eu não sabia para onde ir. Perguntei duas vezes a dois policias se era Anderson Miguel que tinha sido baleado, eles olhavam para máquina e não respondiam, dizendo que não sabiam. Eu criei coragem e entrei num corredor que dava acesso ao escritório onde o advogado foi assassinado, para ver se conseguia tirar fotos. Quando dei os primeiros passos, um policial pegou no meu braço e perguntou quem eu era e o que estava fazendo ali. Respondi de bate pronto que era jornalista e tinha vindo cobrir, ele imediatamente com educação, pediu desculpas, e disse que eu não podia permanecer lá, pediu para eu sair. Fiz a seguinte pergunta “então, por favor, me confirme o nome da pessoa assassinada” ele foi direto, “Anderson”. Aí perguntei “o Miguel?”, ele respondeu com a cabeça que sim. A excitação era tanta que eu não consigo nem me lembrar da fisionomia das pessoas. Volto e passo pela recepção e lá está a moça contando de novo a outro policial a história de como tinha acontecido e outro rapaz dizendo que o sistema de câmeras não gravava. Quando coloquei o pé fora do escritório, dei SEND no primeiro post e depois fui postando outros. Quando me lembrei que tinha que tirar foto, aí fui registrando. Estava na calçada, caminhando para o carro, e Jane Alves eatava chorando e sendo amparada por outra pessoa. Eu corri, mas ela entrou e não consegui tirar foto dela, só tirei do carro em movimento com ela dentro. Depois, me posicionei em frente e comecei a tirar fotos ainda sem tumulto ou pessoas na frente, só policiais e algumas pessoas do escritório vizinho chegando.
Depois de 15 minutos do primeiro post, aí já com o SAMU que tinha chegado, muitos policiais, e a imprensa que começava a chegar, parecia até uma romaria. Pensei “fiz o meu papel, vou agora correr para postar no blog”. Nesse percurso, sem exagero, meu telefone tocou umas 20 vezes. Não atendi porque queria chegar para fazer os primeiros posts e acompanhar através da imprensa que tinha chegado para fazer a cobertura. Essa foi a história do primeiro grande furo do BlogdoBG. Só para constar, não dormi à noite me lembrando de tudo que tinha presenciado naquele dia.
Muito boa, Bruno. Parabéns por todos estes furos.
PARABÉNS!
Quando a competência se encontra com a oportunidade, acontece isso: sucesso! Parabéns Brunão.